DOUTRINAS CRISTÃS
A simples menção da palavra doutrina deixa muitos incomodados. Alguns, infelizmente, acreditam que doutrinas são apenas regras que aprisionam os cristãos. Outros falam que o surgimento da igreja foi marcado por discussões e uma grande falta de unanimidade por parte dos líderes cristãos. Com isso as conclusões seguem faltando o mínimo de base e verdade no assunto.
Vale começar pontuando que muito das doutrinas cristãs surgiram no cotidiano da igreja. A maioria das doutrinas que muito tempo depois foram discutidas nos concílios da igreja, tiveram o seu início na prática diária dos cultos e não nas discussões teológicas acaloradas dos concílios. Justo González complementa afirmando que:
“Do mesmo modo, tendemos a pensar que as doutrinas surgem em geral do debate teológico, quando a verdade é que elas, na maioria, são expressões daquilo que há muito tempo a Igreja vem experimentando e afirmando em seu culto” (GONZÁLEZ, 2015, p. 11)
Jesus já era adorado na igreja como Deus quando o tema foi debatido nos primeiros concílios. Os evangelhos eram lidos nos cultos e vistos como palavra de Deus sem norma alguma determinando tal importância. O batismo e a comunhão já eram práticas comuns na igreja antes das doutrinas serem estabelecidas (GONZÁLEZ, 2015, p. 11).
Os concílios acabaram estabelecendo as práticas que já eram habituais na igreja. As doutrinas surgiram primeiro na igreja, como expressão de uma fé já existente. E foram confirmadas como doutrinas justamente por conta da sua unanimidade.
As doutrinas não são pesos, muitos menos regras aleatórias que cristãos inquisidores e fanáticos estabelecem a fim de escravizar quem tem fé. E sim, cercas de proteção, linhas que propõem limites e protegem os cristãos de caírem em erros e contradições.
Ao longo da igreja muitos se levantaram e articularam crenças e heresias que passavam bem longe da Bíblia. Em nome de proteger a fé, e organizar uma crença fundamentada na palavra, muitos concílios foram feitos, e heresias combatidas em nome da verdadeira mensagem.
Uma das heresias foi a de Ário, que acreditava que Cristo havia sido criado, ele era uma criatura de Deus, tal qual as outras criaturas, e com isso, ele não era eterno e muito menos da mesma substância do pai. Jesus o verbo, era uma criatura de Deus, uma das primeiras criaturas criadas por ele, assim defendia Ário. Sendo que a igreja se posicionou quanto a estes pensamentos (GONZÁLEZ, 2015, p. 96). Isso só para citar uma heresia que mobilizou a igreja, pois existiram muitas controvérsias que através dos concílios, levaram a igreja a propor respostas para estas questões.
As doutrinas são fruto do ensino verdadeiro da palavra, e servem para proteger a igreja das más interpretações e conceitos errôneos, que de tempos em tempos surgem para assombrar a igreja.
É claro que muitas igrejas organizam doutrinas que não possuem qualquer base Bíblica. Em nome do legalismo, muitos cristãos propõem ensinos, sem refletir, dialogar e verificar na palavra. Não é disso que eu estou falando. As doutrinas a que me refiro é sobre o Cristo, a trindade, a importância da tradição e muitas outras doutrinas que são a base da fé cristã.
Estas doutrinas nos protegem, nos direcionam, e permite que todo o cristão possa seguir fundamentado na palavra. Esta é a boa doutrina, que ao invés de aprisionar, nos dá um norte, a fim de que consigamos prosseguir rumo ao alvo certo, que é a mensagem da cruz.
A boa doutrina nos mantém no caminho e nos ajuda a seguir o verdadeiro ensino bíblico. As más, são respostas equivocadas de pontos de vista sem fundamentos.
BIBLIOGRAFIA
GONZÁLEZ, Justo. L, Uma breve história das doutrinas cristãs, Editora Hagnos, São Paulo, 2015.
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