REFLEXÕES SOBRE UM PRÓDIGO IV: O IRMÃO MAIS VELHO
“Mas ele se indignou, e não queria entrar…” (Referência: Lucas 15:11-32)
Antes de estudar esta passagem do filho pródigo, eu nunca havia me atentando para uma coisa: “e o irmão onde estava enquanto tudo acontecia?”
O irmão mais velho, na cultura judaica, era o sucessor do pai, o que seria o patriarca da família quando este morresse como vimos no primeiro texto. É por esse motivo que o irmão mais velho ganhava uma parte maior da herança, além é claro, de ser uma forma de manter na família as suas posses.
Aquele irmão mais velho sabia o que o seu pai estava passando, mas se calou, a atitude dele deveria ter sido diferente, ainda mais que ele seria o sucessor de tudo, a atitude lógica deste sucessor deveria ter sido o de proteger a honra de seu Pai, coisa que ele não fez.
Provavelmente aquela família vivia em um local onde existia uma pequena comunidade, era uma cidade tipo cidade de interior, onde todo mundo devia se conhecer e saber da vida de todo mundo. E o texto fala também que aquele pai tinha muitos empregados (V19), e o filho mais novo, como vimos, estava envergonhando aquele pai, perante todas estas pessoas e o primogênito não estava nem aí, não interveio e nem tomou atitude alguma, deixou o seu pai se virar perante aquela rebelião, nem ligou para o seu irmão mais novo.
Se o pecado do filho mais novo foi virar as costas para a cultura, a família e para o seu pai, o pecado do mais velho era o da omissão, o de não ligar para seu pai e de não protegê-lo. Na verdade, se pensarmos bem, os dois irmãos não amavam o seu pai, nenhum dos dois respeitava o seu pai a ponto de querer o bem dele, no fim os dois eram egoístas e só pensavam em si (MACARTHUR, 2009,Pg. 77)
A parte curiosa do texto é o versículo 29, quando o filho mais velho diz que ele trabalhava como um escravo. Era assim que aquele filho via o seu Pai, um tirano, um senhor de escravos.
A parábola do filho pródigo é uma grande metáfora que fala da graça. O pródigo são os pecadores que se arrependem, o Pai é Deus, o Deus de amor que recebe seus filhos arrependidos e os perdoa e o filho mais velho são os Fariseus hipócritas:
“Essa é, portanto, a lição culminante e central da parábola: Jesus está indicando o contraste violento entre a alegria de Deus na redenção dos pecadores e a hostilidade inflexível dos fariseus em relação a esses mesmos pecadores” (MACARTHUR, 2009, Pg. 16)
A graça de Deus é um escândalo, não era só os fariseus que não entendiam, muitos hoje também não entendem. Deus é como aquele pai, que não demora em receber um pecador arrependido, a parábola enfatiza justamente isso, como Deus recebe os seus.
Para o irmão mais velho, assim como para os fariseus, receber um irmão arrependido sem antes punir, era uma loucura. O curioso era que aquele irmão nem percebeu que ele observou seu pai sofrer com o pródigo desobediente e nem fez algo a fim de ajudar.
A realidade é esta, o homem não enxergava a trave em seu olho, mas queria tirar a trave do próximo. Era isso que o irmão, os fariseus e muitas vezes nós, fazemos.
No fim a parábola não fala só de um pródigo e nem só de um irmão mais velho indignado com seu pai, mas de todos nós. A mensagem é uma explicação do amor de Deus e de sua incompreensível graça.
Devemos perdoar, porque todos nós erramos, devemos amar, pois só Deus realmente ama, fazemos o bem porque ele fez primeiro, sendo que ser cristão é principalmente ter a consciência de quem realmente somos.
BIBLIOGRAFIA
MACARTHUR, John, A parábola do filho pródigo, Uma análise completa da história mais importante que Jesus contou, Editora Thomas Nelson, Rio de Janeiro, 2016
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