NÃO JULGUEIS

Quando vou ao centro da cidade, costumo passar por um local onde dorme muitos mendigos e moradores de rua. E nas muitas vezes que passei por este lugar, pensei de uma forma errada e egoísta, achando que todos eles eram desocupados, que poderiam arranjar um emprego e viver do seu trabalho. E se pararmos para observar, muitos que passam por estas pessoas, têm a mesma atitude de preconceito.  Eu sei que as ruas são infestadas de ladrões e espertalhões, que ganham a vida passando pessoas inocentes para trás, mas de alguma forma, tirar conclusões, sem ao menos conhecer suas realidades não é a coisa certa a fazer.

Há muitos anos atrás, eu costumava assistir um programa de TV, onde o apresentador se vestia de mendigo, a fim de conhecer a história dos moradores de rua. Era impressionante certas narrativas e de alguma maneira, aprendi a ver as pessoas com outros olhos. Uma das crônicas que eu assisti, que nunca mais esqueci, era de um senhor ex-advogado, que vivia na rua depois de ter descoberto que a sua mulher o traía. Após tal decepção, ele jogou tudo para o alto e foi embora. É difícil não julgarmos as pessoas, e é um desafio enorme olhar para o próximo sem os nossos conceitos e crenças, mas a Bíblia diz em Mateus 7:1-4:

“Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu?”.

Quando a Bíblia fala, não julgueis, não é para termos uma posição neutra e sim, para não julgarmos de maneira injusta, falsa e acima de tudo, sem amor. Provavelmente neste trecho, Cristo esta falando do julgamento dos Fariseus, que condenavam a todos sem ao menos reconhecer a presença de alguns dos defeitos que eles apontavam, em suas vidas. Isso fica claro no versículo 3 em diante, onde ele fala para não olharmos o argueiro no olho do irmão, estando nós com uma trave em nosso olho.

Acredito que antes de olharmos para o defeito de alguém, devemos olhar para nós, tirar o preconceito de nossa mente e ouvir a história do próximo com amor e respeito. Afinal, todos têm suas dificuldades, cada um sabe o seu ponto fraco e afirmar que não temos nossos calcanhares-de-aquiles, é ser hipócrita. Gosto muito de um provérbio chinês que diz: “É sempre mais fácil para alguém resolver o problema do outro”.

Mas isso não nos impede de confrontar as pessoas que usam a Bíblia para ganhar dinheiro e nem de denunciar as falsas práticas cristãs. Isso não é julgar, é mostrar o que é correto, tal qual Cristo fez com os Fariseus. O “não julgueis”, só nos avisa para não sermos hipócritas, não julgarmos falsamente, não sermos injustos e termos amor na hora de mostrar a verdade.

E vamos falar a verdade, é muito fácil olhar para o próximo, chamar de desocupado e depois irmos para nossa casa ou para nosso emprego. Ou ver o problema do outro e achar que é uma coisa muito pequena para ficar sofrendo. Agora, olhar para o próximo, conhecer a sua realidade e entender que cada um tem a sua dificuldade são outros quinhentos. Então fica o recado, em vez de julgar, ajude.

“Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:2).

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