Havia duas famílias vizinhas que moravam uma de frente para outra. Todo o dia o marido de uma das casas ao voltar do trabalho, encontrava a esposa indignada reparando nas roupas penduradas na área da casa vizinha . Não entendia por que não as lavava adequadamente primeiro, para só depois colocá-la no varal. E dizia isso com impaciência e com a certeza de que a vizinha era descuidada e suja.
Durante muito tempo se repetiu a cena, o marido chegava do trabalho e ouvia a esposa reclamando da falta de higiene da vizinha com suas roupas.
Depois de algum tempo, cansado das reclamações da mulher, o marido acordou cedo, lavou o vidro de sua casa e foi para o trabalho, ao voltar percebeu sua esposa no mesmo lugar e assim perguntou: – O que fazes aí querida? Respondeu ela: – Parece que de tanto eu falar a vizinha lavou as roupas direito. O marido a interrompeu dizendo, não foi ela que lavou as roupas direito, fui eu que acordei mais cedo e lavei a vidraça da nossa janela.
Esta história nos ensina algumas grandes verdades, não sei quem foi que escreveu, mas sei que ele tinha uma lição muito grande para nos ensinar, que pode ser resumida em:
“Sempre nos apressamos em julgar o próximo”.
É mais fácil julgar do que ajudar, é muito mais cômodo reclamar e resmungar ao invés de oferecer ajuda. E falando em julgamento, gosto da parábola do bom samaritano para explicar os malefícios de julgar em vez de ajudar.
O texto de Lucas 10:29 diz que para responder a pergunta de um mestre da lei, que queria saber quem eram as pessoas que ele devia ajudar (Lc. 10:27), Jesus conta uma parábola, a famosa parábola do bom samaritano, onde muitos, ou todos já devem ter lido. Muito se fala sobre esta parábola, se realmente aconteceu ou não, alguns estudiosos consideram esta parábola como um fato verídico, pois a história tem traços reais, como vamos ver, mas isso é pura conjectura, a Bíblia não deixa isso evidente.
Um homem viajava de Jerusalém até Jericó e foi assaltado, espancado e deixado semimorto. Pelo mesmo caminho descia um Sacerdote e um Levita, os dois viram o homem caído e não ajudaram. A história nos mostra que os sacerdotes e levitas, quando não estavam de serviço em Jerusalém, viviam em outro local, este é um possível motivo de suas idas e vindas.
Sabemos também que esta estrada, com cerca de 27 quilômetros, era muito perigosa, cheia de assaltantes e beduínos. Seria arriscado eles pararem, sem contar o perigo que eles corriam de se tornarem impuros por tocar em um morto. Mas o fato é que o texto não apresenta motivo de não terem ajudado aquele homem. Mas um samaritano que passava pelo lugar ajudou o homem, colocou remédio nas feridas e o levou a uma hospedaria.
O exemplo do samaritano na parábola de Jesus era um exemplo muito forte. Afinal, o samaritano naquela época era visto como um pagão, um bárbaro, pois além de ter divergências sobre qual lugar deveriam adorar a Deus, se era no monte Gerizim, conforme eles afirmavam ou em Jerusalém, como os Judeus afirmavam, também eram menosprezados pela sua mistura racial.
O que me chama atenção no texto é como aquele samaritano, que era alvo de preconceitos e segregações, ao invés de julgar ou tirar conclusões precipitadas, preferiu ajudar. Ele não olhou torto para aquele moribundo, muito menos virou as costas. Não olhou através de sua janela suja, o samaritano simplesmente ajudou.
Só quem foi injustiçado um dia entende como é difícil assumir uma culpa que não é sua. Só quem foi alvo de preconceitos sabe o quanto isso fere e aquele ajudador sabia muito bem disso. Com toda a sua história, com todas suas dificuldades, ele sabia que ajudar aquele moribundo era fundamental.
Estamos em uma época onde olhamos apenas o problema dos outros, nossa mania de querer “consertar o mundo”, nos faz não percebermos como precisamos limpar a nossa janela.
Que possamos enxergar esta parábola como um convite, um chamado a ajudar a todos e ser diferença na vida de quem quer que seja afinal:
Julgar é fácil, ajudar que é o desafio!
Bibliografia
BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI. São Paulo: Editora Vida Nova, 2008.
Bíblia Sagrada – Bíblia de Jerusalém, Editora Paulus, São Paulo, 2008.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje; Ed. Soc. Bíblica do Brasil ; São Paulo; 2000.
CHAMPLIM, RN. Enciclopédia bíblica de teologia e filosofia. São Paulo: Hagnos, 2011.
CARSON. D. A. Comentário bíblico vida nova. São Paulo: Editora Vida Nova, 2012.
CHAMPLIN, R.N. Novo Testamento interpretado versículo à versículo. São Paulo: Editora Hagnos, 2014.
