Dê uma oferta de fé e será abençoado, foi o que eu ouvi na primeira vez que vi um tele pregador. Rapidamente procurei uma base Bíblica para aquela afirmação e confesso estar procurando até hoje, pois afinal, não tem.
Não entendo como alguns cristãos conseguem ver Deus como um gênio da lâmpada, pronto para realizar todos os seus desejos. Ou um garçom, onde você faz os seus pedidos e aguarda ser servido na mesa.
É até bonito ouvir que somos filhos do rei e temos que comer o melhor desta terra, como alguns pastores falam, mas vida cristã não é assim e o texto bíblico (Isaías 1:19) está sendo usado de modo descontextualizado. O Salmo 23:1, que é muito conhecido e muito usado por estes pastores diz:
O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará.
Ou como a versão da Bíblia A mensagem coloca:
Ó eterno, meu pastor!
Não preciso de nada.
Este versículo, atribuído bastante a teologia da prosperidade, é muitas vezes incompreendido, o que o texto afirma é que o senhor é o meu pastor e isso basta, não preciso de mais nada além d’Ele. Deus é o nosso complemento, Ele é o que nos sacia. Ao contrário do que a teologia da prosperidade prega. Mas o texto continua a nos ensinar.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
Quem tem contato com ovelhas sabe o quanto estes animaizinhos são difíceis, e é quase impossível eles sossegarem ao menos que algumas coisas estejam alinhadas.
Primeiro, porque a ovelha é um bicho esfomeado, come até a raiz do capim, é por isso que os pastores são nômades. Pois estes animaizinhos não descansam se não estiverem bem alimentados.
Segundo, as ovelhas são muito tímidas e ariscas, não descansam e nem sossegam se não se sentirem tranquilas e sem perigos. Qualquer infortúnio, animais rondando, parasitas, insetos, barulho já tiram a tranquilidade destes seres. Mas a presença do pastor no meio do rebanho traz sossego, nada acalma mais as ovelhas que do seu protetor.
O versículo dois do salmo 23 não é um chamado a prosperidade e vida boa, é um apelo a presença de Cristo em nossas vidas. Enfrentaremos perigos, passamos por perseguições e dificuldades, Cristo nos avisou disto (João 16:33), mas Deus, em meio ao caos, nos conduz a pastos verdes e tranquilos.
Muitos têm um conceito errado de vida cristã, ter Deus não é ter as coisas, ser próspero não é ter dinheiro, mas a presença tranquilizadora de Deus nos confortando. É confiar e acreditar em suas provisões. Costumo dizer: se o próprio Deus desceu e passou inúmeras dificuldades, por que acreditamos ser melhor do que Ele, não aceitando os períodos difíceis de nossa vida?
Acredito que pensar como os pastores da prosperidade insistem em pensar, é muito mais do que acreditar que ser Cristão é ser abençoado financeiramente, e é muito mais do que pensar que a Bíblia ensina que devemos ser prósperos. E sim, é ter um estilo de vida focado no dinheiro, é se motivar nas coisas finitas. Há muitos anos li algo em Mateus 12:34 que nunca mais esqueci, uma frase conhecida e verdadeira:
“A boca fala do que o coração esta cheio”.
Mais uma vez deixo claro, não estou pregando a pobreza e sim mostrando como a Bíblia não enfatiza a riqueza. Não estou falando que você não deve correr atrás dos seus sonhos e sim, esclarecendo como a ênfase da Bíblia não é financeira. Experimente colocar Deus na frente de tudo e praticar o que Mateus 6:33 diz:
“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”.
Busque primeiro o reino de Deus, e o resto, bem…. O resto é resto, Ele provê.
BIBLIOGRAFIA
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje; Ed. Soc. Bíblica do Brasil, São Paulo 2005.
PETERSON, Eugene H, Bíblia a Mensagem, Editora Vida, São Paulo, 2012.
KELLER, Phillip, Nada me Faltará, Editora Betânia, Minas Gerais, 1984.
