Imagine a seguinte situação: você chegando ao céus e descobrindo que Deus havia salvado a todos, até o mais odiado assassino. Diante desse cenário você ficaria feliz ou triste? Aí você correria perguntar a Jesus ou a um anjo e ele te responderia que não era preciso fazer nada para ser salvo, que todos iriam ser salvos. Você acharia que Deus estaria sendo justo ou injusto?
Você que é temente a Deus, não tomou bebida em excesso, não ficou com todas as mulheres do mundo e nem “aproveitou a vida” e o indivíduo que fez tudo isso, está com você, desfrutando das mesmas coisas que você.
Não estou pregando o universalismo, longe disto, mas vamos falar a verdade, muitos ficam com raiva de pensar nesta possibilidade, por achar isso injusto, mas a pergunta que eu faço é: Porque você tem tentado viver uma vida de santidade? Para ter algo em troca ou para Deus te recompensar? Ou é uma resposta de gratidão ao que Cristo fez por você na cruz?
Vamos falar a verdade, muitas vezes esquecemo-nos da graça e achamos que a salvação é uma moeda de troca, é um prêmio para quem merece. João 2: 5-6 diz como nós sabemos se estamos ou não vivendo uma vida de santidade:
“Mas, se alguém obedece à sua palavra, nele verdadeiramente o amor de Deus está aperfeiçoado. Desta forma sabemos que estamos nele: aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele andou”.
Quem está em Cristo anda como ele e uma das formas de andar como ele andou aqui neste mundo foi seguir em obediência ao Pai (João 5:19), e na constante busca por santidade. Há tempos tenho visto muitos viverem uma vida de graça sem graça. Ou como Dietrich Bonhoeffer diz no seu livro Discipulado, a graça Barata:
“A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a ceia do senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal” (BONHOEFFER, 1980, p. 10).
Às vezes penso que nós somos oito ou oitenta, pois se antigamente muitos viviam uma vida de troca de favores com Deus, ou iam à igreja porque tinham medo do inferno. Hoje, depois de conhecermos a graça e sabermos que Deus nos salva através de sua misericórdia, sendo que nada que façamos pode pagar isso, vivemos uma vida sem medo de ser condenados, mas em contrapartida, sem aquela busca constante e sedenta. Seguindo sem pensar em nossa vida com Deus, na obra, ou sem nos preocuparmos uns com os outros.
Se a graça em nossa vida não produz temor e constante busca por Deus, algo está errado. Falamos bastante do novo nascimento (João 3:3), de morrer com Cristo e nascer com ele, mas mantemos as velhas práticas em nossa vida.
Não estou sendo legalista, muito menos me limito a apontar os erros uns dos outros. Estou falando de negligenciar a busca constante por Deus, de virar as costas para uma vida longe da prática do pecado ou de pelo menos tentar. Se o nosso sentimento de gratidão a Deus, por ter-nos salvo da morte e da vida medíocre, não produzir frutos, a vida crista é inútil. Romanos 6:1 diz:
“Que diremos então? Continuaremos pecando para que a graça aumente?”.
Se estamos em Cristo e morremos para o pecado, temos que seguir lutando e buscando ter uma vida de santidade. Somos salvos pela graça, mas também morremos para o pecado. Em Cristo somos santos lutando contra todas as dificuldades e tentações, esta deve ser a ênfase da caminhada cristã, se o foco da nossa vida não for este, estamos no caminho errado.
BIBLIOGRAFIA
BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Rio Grande do Sul: Editora Sinodal, 1980.
