Há algum tempo, aconteceu um grande temporal em minha cidade. Um vento muito forte varreu a cidade e eu agradeço a Deus que a única coisa que a tormenta me trouxe na madrugada foi o medo, e algumas poucas arvores quebradas.
É curioso como estes vendavais aparecem de repente em nossa vida e nos pegam desprevenidos. E o meu maior medo é que diante de um vendaval destes, não podemos fazer nada. Ele nos deixa impotentes e sem saída, e se não temos algum lugar para correr, perecemos. Tal qual o tsunami que varreu o litoral do Japão em 2011, onde ondas arrasaram a cidade, deixando pessoas sem ação e sem saída.
Quantas coisas já pegaram você desprevenido? Quantas tempestades castigaram a sua vida?
Situações que nem de perto você imaginou passar, mas acabou passando, deixando você sem chão. Tempestades não são boas, situações que te tiram a paz são como pedras no caminho, um muro intransponível, ou quem sabe pareça um castigo divino por causa de alguma desobediência sua, pelo menos é o que alguns pensam.
Quando falamos em caos e dificuldades, logo lembro da história de José do Egito, descrita lá em Gênesis 37. É um texto interessante que suscita diversas conclusões.
A Bíblia diz que ele era o filho que o seu pai mais gostava (Gênesis 37:3) e um dia este filho tem um sonho, ele sonha que todos os familiares iriam se prostrar diante dele (Gênesis 37:7, 37:8). Sonho interessante, não é? Mas os seus irmãos não gostaram, tiveram raiva daquele irmão e planejaram acabar com a vida daquele rapaz sonhador (Gênesis 37:20), mas após um dos irmãos suplicar para que não o matassem, decidem vendê-lo a uns mercadores que passavam pelo local (Gênesis 37: 27).
Mas como Deus era com José, ele acaba indo parar na casa do Potifar, que era um capitão da guarda do palácio (Gênesis 39:1). E lá ele se dá bem, tanto que acaba em uma posição de destaque, tendo a responsabilidade de administrar aquela casa (Gênesis 39:2-6). Entretanto, novamente algo devia estar conspirando contra aquele homem. José foi preso, acusado de abusar da mulher do dono da casa (Gênesis 39:13-15). Depois de muitas vezes recusar a se deitar com ela (Gênesis 39:7-12), aquela mulher arma uma vingança contra ele.
No fim de toda esta confusão e já na cadeia, ele acabou mesmo em meio aquele caos, sendo abençoado por Deus novamente, conquistando a confiança do carcereiro, virando por este motivo, seu ajudante (Gênesis 39:21-23). Que no final, acaba interpretando o sonho de dois presos, sendo que um destes sonhos era um aviso que um deles iria ser liberto em breve (Gênesis 40:12-13).
Depois de interpretar o sonho e pedir aquele homem que intercedesse por ele quando ele fosse liberto, sabe o que aquele preso fez quando ganhou a liberdade? Esqueceu de José por dois anos, sim, dois anos (Gênesis 41:1). Que gratidão, não é?
Quantas tempestades, tal qual José, você passou? Já sofreu injustiças? Já foi abandonado? Sua vida de uma hora para outra virou de cabeça para o ar?
Normal, muitos passam pelo o que José passou, em algum grau maior ou menor, mas a pergunta que você deve fazer é, como passar por estas situações de uma forma que agrade a Deus? Mas por fim o sonho de José se cumpre e ele vira governador, e acaba ajudando os seus irmãos. Vale a pena conferir a história toda escrita a partir de Genesis 37, mas este texto me traz duas reflexões diante de todas estas dificuldades.
A primeira é: não importa o seu caos ou a sua dificuldade, Deus nunca te abandona. E mesmo em lugares difíceis, períodos de crises e inseguranças, Deus esta conosco cuidando de nós.
Você de alguma maneira pode achar que José foi azarado, mas ele foi salvo da morte e Deus ao longo de sua vida, além de cuidar por inteiro dele, transformou todo o mal tramado contra ele em bem (Gênesis 50:20).
E por fim a segunda reflexão que tiro é: Siga confiando, confiar é seguir sem medo, apesar dos problemas. Confiar no dicionário é:
“Entregar aos cuidados, à fidelidade de alguém. Entregar (alguma coisa) a alguém sem receio de perdê-la ou de sofrer dano”.
Confiar é largar o controle, é saber que depois da tempestade vem a bonança.
Quando a minha avó e meu avô saíam de carro, ela seguia durante o trajeto todo dando opiniões quanto ao modo do meu avô dirigir. Isso o irritava, dando a entender que ele não sabia o que estava fazendo, com Deus não é diferente.
Na nossa vida fazemos a mesma coisa. Achamos que Deus não está respondendo só porque ele não está agindo da forma que esperamos. Achamos que ele não sabe o que faz, por isso nos desesperamos, oramos mandando Ele fazer a sua parte e direcionamos Deus em como Ele deve proceder.
Entenda, as vezes a nossa vida não está tão ruim assim, ela só esta em um caminho diferente e você tem que aceitar isso. Confiar não é palpitar, mas saber que apesar do caos no caminho, Ele cuida de nós.
Sabe, nós temos um grande problema, dizemos que confiamos e não confiamos. Queremos que Deus nos guie, mas da nossa maneira. Queremos a ajuda dele, de nossa maneira, afinal, nós sabemos mais do que Deus, não é? Muitas vezes não estamos dispostos a seguir, apesar das lutas, isso não é confiar.
As vezes acho que nos consideramos pessoas com alguns privilégios. Porém o privilegio mais importante, que nós sempre esquecemos, é poder servir a Deus. E quando entendemos o nosso papel de servos, paramos de enxergar o mundo da nossa maneira hedonista.
Falamos tanto em servir, mas priorizamos mais sermos servidos. José era um servo, ele sabia disso e deve ter sido por isso que ele não perdia tempo reclamando, ele seguia confiante, sabendo que Deus cuidava dele, e o texto nos mostra que Deus cuidou. Isso sem contar que José não guardou mágoas, nem semeou vingança em seu coração. Ele seguiu trabalhando e confiando em Deus.
Portanto, confie; siga fazendo a sua parte e quando você não tiver saída e não souber o que fazer, entregue tudo nas mãos de quem sabe muito bem o que faz, Deus!
