Gosto muito de ler e quem me conhece sabe que eu leio muito e vários temas. De livros teológicos a livros de história, e a pouco tempo terminei um livro do Bernard Cornwell chamado: Crônicas Saxônicas. Que conta a história de um guerreiro saxão chamado Uhtred, que quando novo, havia sido raptado e criado em meio aos vikings. Onde depois de grande, percorre a Europa em busca de tesouros e riquezas e durante a sua busca, ele fica hora do lado do povo saxão, hora ao lado do povo viking que invadia a Europa. Este guerreiro era dividido e fazia qualquer coisa pelo vil metal, até trair a sua pátria. Em Mateus 6:24 a Bíblia diz:
“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou será leal a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom”.
Quando a Bíblia diz Mamom, ela se refere a riqueza. Falando em riqueza, um tempo atrás, li uma postagem de uma pastora que dizia:
“Prefiro pregar o evangelho da prosperidade, do que o da pobreza”.
É uma frase complicada e por este motivo, concluo que muitos não entendem o quão prejudicial é a teologia da prosperidade e o quanto ela está fora da Bíblia. Isso sem contar que Cristo priorizou a pregação da palavra aos pobres e excluídos (Tiago 2:5) e ainda deixou claro como é difícil encontrar um rico no reino dos céus, na famosa passagem do jovem rico (Lucas 18:24).
Por conta disso, farei uma breve análise de alguns de seus pontos a luz da palavra, ressaltando que não creio que devemos viver na pobreza e na miséria, e muito menos devemos deixar de ir atrás de nossos sonhos. O que eu quero com este texto é mostrar como a fórmula de prosperidade pregada por esta teologia é totalmente antibíblico, e como o dinheiro corrompe e modifica nossos valores e prioridades.
1 – A Bíblia não nos ensina a determinar a Deus
Tenho grande dificuldade com a frase: Determine a sua benção. Porque determinar, segundo o dicionário é: Decretar, promulgar alguma coisa. Eles usam João 14:13 e distorcem o texto, pois o texto não ensina a determinar, e sim pedir, suplicar, rogar.
“E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho”.
Dar ordens a Deus não é nem de perto uma atitude cristã, a verdadeira atitude é rogar, e esperar que a vontade dele seja feita. Tiago 4:3 diz que devemos pedir, mas não coisas que sirvam para nossos próprios prazeres. A Bíblia não dá lugar a uma vida egoísta e avarenta, ao contrário, seguir a Cristo é uma vida de amor e serviço ao próximo. Sem contar que servir a Deus é fazer a sua vontade é entregar nossa vida, sonhos e expectativas e deixar que Ele faça o que bem entende. Isso é ser cristão e determinar não combina com os ensinos Bíblicos. A palavra nos chama a servir e não sermos servidos, a doar e não a ostentar.
2 – A Bíblia não nos incentiva a prosperar
O palavra não dá ênfase na prosperidade, e se neste momento, você lembrou de todos os homens prósperos da Bíblia, não esqueça de uma coisa, não existiam só homens prósperos na Bíblia. Ela também fala de muitos outros servos que não viviam para riquezas e que recusaram dinheiro ao longo de suas jornadas. Como por exemplo: Daniel, Elias, Eliseu, João Batista, os Apóstolos, etc…
Temos que ter cuidado com as narrativas e histórias Bíblicas, pois alguns textos do Velho Testamento não são normas ou padrões a serem seguidos, e sim experiências de pessoas que serviram a Deus. A ênfase da palavra é dedicar a sua vida a Deus, Salmos 37:5 diz:
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará”.
Ou seja, entrega o teu caminho ao Senhor e deixe o resto com Deus. A ênfase do Salmo é entregar a sua vida, e deixar que Ele guie e dirija, e não a parte que ele fará algo, como muitos pregadores enfatizam.
3 – A Bíblia não ensina que quem tem Deus não sofre
É interessante a afirmação de muitos adeptos desta teologia, eles afirmam que quem tem Cristo não sofre, mas com uma conferida rápida na palavra, constataremos o quão equivocado é esta afirmação. Afinal, João Batista foi decapitado (Mateus 14:1-11), Tiago morto a fio de espada (Atos 12:2). Paulo escreveu muitas de suas cartas preso e João escreveu o apocalipse também preso (Apocalipse 1:9). A fé cristã foi marcada por muitos sofrimentos e enquanto hoje, a nossa grande dificuldade é manter a fé, por conta de inúmeras tentações, naquela época, ser cristão era morrer em arenas, torturado e esquartejado. Cristo avisou que passaríamos por dificuldades e não estaríamos imunes as intempéries, contudo, também falou para não ficarmos preocupados, pois Ele tinha vencido o mundo (João 16:33).
Eu poderia enumerar muitas outras coisas que a teologia da prosperidade ensina e que não está na palavra, como vender toalhinhas abençoadas, sal de não sei o que, travesseiro milagroso e por aí vai. Eu não acredito nesta prosperidade, o que eu acredito se resume em uma frase de Epicuro:
“A verdadeira riqueza não consiste em ter grandes posses, mas em ter poucas necessidades”.
Sonhe, trabalhe, faça projetos, mas acima de tudo, faça a vontade de Deus. Quando buscamos a vontade D’ele, realmente prosperamos, mas não uma prosperidade somente financeira e sim uma vida completa e feliz, seja com dinheiro ou sem ele. Sabendo que em qualquer situação, na derrota ou na vitória, na abundância ou na fartura, Deus esta conosco (Filipenses 4:12-13).
Esta é a verdadeira prosperidade, confiar e crer na provisão divina, o resto é distração!
