TODOS NÓS MORREMOS JOVENS

     Quem me conhece sabe o quanto gosto de música. Sou eclético, mas o que está na veia é o bom e velho rock´n roll. Na década de 80 foi lançado um filme do qual gostei muito. Tornou-se um clássico e perdi a conta das vezes que o assisti. Para quem gosta de rock, aí vai uma dica: Rock Star. Estrelado por Mark Wahlberg e Jennifer Aniston, tem uma trilha sonora maravilhosa com grandes nomes da musica internacional. O filme trata do sonho de um jovem que quer ser um astro do rock, objetivo esse alcançado. Depois do sucesso estrondoso ele percebe que isso não trouxe o que buscava. As músicas foram compostas exclusivamente para o filme e uma delas chamou minha atenção. O título da música é “We all die young” (nós todos morremos jovens) e nos pode levar a uma reflexão.  

 

TODOS NÓS MORREMOS JOVENS

 

Arrisco a minha alma, testo minha vida

Pelo meu pão

Passo meu tempo perdido no espaço

Estou morto?

Deixe o rio correr Através das minhas mãos calejadas

E leve-me de mim mesmo

Os olhos do condenado

Isso me deixa enjoado

E arranca minha carne dos ossos

Como nós fazemos com que nossos sonhos se tornem pedra

E nós todos morremos jovens

Diga-me eu sei

Eu vivi com tanto medo

E ainda nós choramos sozinhos

Com palavras que nós deixamos de falar

Isso me deixa enojado

E arranca minha carne dos ossos

Como nós fazemos com que nossos sonhos se tornem pedra

E nós todos morremos jovens

Nós todos morremos jovens;

      A letra expressa certa decepção com a vida, onde alguém luta testando a vida e arriscando a própria alma para conseguir ganhar seu pão, seu sustento.  As mãos já estão calejadas de tanto lutar, mas a vida escorre entre os dedos como a água de um rio. Parece que a frustração é tão grande que ele pede para ser levado de si mesmo e nem ao menos sabe se está vivo. A agonia é tão grande que tem a sensação que a carne é arrancada dos ossos. Até mesmo os sonhos morrem, pois a forma que a vida é vivida os tornou inertes como se fossem de pedra; são frios e sem vida. Essa parece ser a vida desse alguém e é dessa forma que ele vê as outras pessoas. Todos nós morremos jovens, talvez por morremos antes de realmente viver.

     O que parece ser apenas a letra de mais uma de tantas músicas, talvez reflita a vida como ela está sendo vivida pelo homem. Investimos nossos esforços para conquistar o pão de cada dia. Mas temos outras necessidades além do pão. Somos convencidos que necessitamos de inúmeras coisas para sobreviver. Muitos bens supérfluos tornam-se essenciais para alcançar a felicidade e quando os conquistamos a sensação de vazio permanece e continuamos correndo, procurando ser feliz. Alcançamos nossos sonhos, mas a felicidade escorre entre os dedos como quando tentamos segurar um rio em nossas mãos. É bom alcançar sonhos e objetivos, mas não é isso que no realiza como pessoa. As conquistas são necessárias, porém não devemos gastar a vida e arriscar a alma nisso sob o risco de morrermos jovens; morrer sem ter realmente vivido.

     As coisas valem cada vez mais e as pessoas cada vez menos. Poucos investem seus esforços em relacionamentos, sejam eles de que natureza for. Perseveramos muito mais com coisas do que com pessoas. Elas são trocadas ou descartadas nos primeiros instantes quando se percebe que não trarão o retorno desejado. As próprias relações humanas são egoístas e interesseiras. E o pior de tudo é que o homem vive essa vida de frustração, sem ao menos dar conta que esteja no caminho errado.

     Mas qual a razão que leva a grande maioria das pessoas a trilharem esse caminho? Provavelmente haja várias razões; uma delas é que seus olhos desviaram-se daquilo que é a essência da vida. O homem sente-se infeliz, mas parece que não consegue encontrar seu caminho. Segundo a Bíblia, seus olhos estão cobertos com escamas que não lhe permitem ver a realidade. Particularmente acredito nisso, pois a queda do homem trouxe muito mais do que a morte. O homem perdeu grande parte da glória de Deus o que também refletiu na imagem e semelhança do seu criador que também foi arranhada. A partir do momento em que o pecado entrou no mundo, vivemos, vemos o universo e a vida com os olhos e a mente contaminada pelo pecado. O homem tornou-se caído e encontra-se em uma condição para a qual não foi criado. Por nossa imperfeição somos incapacitados de ver o Reino de Deus como ele realmente é. Vemos apenas sombras que nos dão idéia de como seja a verdade ao nosso redor.

      Mas, em seu amor, Deus resolveu nosso problema.  Em João 9:5, vemos uma revelação de Cristo, que nos traz a possibilidade de uma outra vida. Ele diz: “Enquanto estou no mundo, sou luz do mundo”. Isso não é novidade e praticamente todos já sabem isso. Mas será que percebemos a profundidade das palavras ditas por Jesus? Estando em um ambiente escuro, não conseguimos ver nada. Não sabemos o que tem ao nosso redor, ou seja, não conseguimos ver a realidade do ambiente onde estamos. Também não sabemos para onde andar e se andarmos, corremos o risco de esbarrar em algo ou até mesmo em tropeçar e cair.  Mas se conseguirmos ascender uma lâmpada tudo muda. Passamos a ver o que está ao nosso redor e temos a percepção mais clara da realidade do ambiente. Quando enxergamos com clareza vemos os obstáculos que nos cercam e encontramos o caminho que nos leva até a porta da saída. A luz revela a verdade que está em nossa volta. Isso também acontece em nossa vida, quando buscamos uma vida de intimidade com Deus. Vivendo sob sua vontade, ele retira as escamas que nos cegam, ilumina nossa vida e passamos a entender o que é a vida a partir do ponto de vista de Deus. Olhamos a realidade não mais através dos olhos imperfeitos, mas sim com os olhos perfeitos de Deus. Nossos princípios mudam e passamos a ver e viver a vida de oura forma e com outras prioridades. Isso não significa que tudo que fazíamos anteriormente seja errado, mas ocorre um ajuste na escala de valores e a vida passa a fazer sentido e nos sentimos mais realizados, pois trata-se da verdade e não de um modo de vida mentiroso.

     Uma vida longe de Deus é como a letra da música citada. Busca-se a felicidade através da sensação do bem estar e do prazer. O prazer de ter aquilo que se quer e de fazer algo que satisfaça os instintos e vontades. Mas parece que é como correr atrás do vento, pois a cada bem conquistado ou prazer experimentado, surgem novas necessidades. É uma busca sem fim, pois a felicidade está sendo buscada no caminho errado; o caminho da frustração. Mas quando se busca a felicidade naquele que é a luz do mundo, aí encontramos a verdade e ela nos liberta da escuridão. Nem todos os problemas são resolvidos, nem todos os bens conquistados, mas o principal de todos com certeza teremos. A satisfação de ter encontrado a felicidade. E assim morremos jovens não porque não vivemos, mas sim porque descobriremos que não fomos criados para morrer e sim para viver.

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