Dia 31 de outubro comemoramos o dia da reforma protestante, marco histórico de quando Lutero pregou as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg. Mas, apesar da bravura deste pensador, houve outros corajosos que pavimentaram o caminho que Lutero percorreu tempos depois. Dois deles foram Wycliffe e Huss, que denunciaram sacerdotes ladrões e revelaram os malefícios que a igreja estava fazendo até aquele momento. Usavam os conceitos da predestinação, para por fim na corrupção e deixar como padrão absoluto as escrituras (GEORGE, 2010, p. 38-39).
Entre os vários problemas que a igreja da época tinha estavam: A corrupção em todos os setores da igreja Católica Romana. Clérigos que compravam e vendiam cargos, muitos possuíam sinecuras, que eram cargos assalariados onde muitos recebiam sem prestar serviço religioso. A justiça era comprada e vendida nas cortes eclesiásticas. Os fiéis eram abandonados sem ter ajuda dos bispos. O costume de colecionar relíquias como pedaços de cruz, ossos de santos, venda de indulgências, entre muitas outras coisas (CAIRNS, 2008, p. 254-255).
A Bíblia na época não era o padrão absoluto, pois a palavra do Papa valia tanto quanto, mesmo indo de encontro com as escrituras. E enquanto naquele período pensadores tentavam reformar o movimento cristão. Nos dias atuais a coisa não está tão diferente assim.
Há quem diga que a Bíblia é a mãe de todas as heresias e isso fica claro quando vemos pastores distorcendo o evangelho, pregando como se a sua palavra fosse a verdade absoluta. Se antes o acesso a Bíblia era limitado, por conta do analfabetismo, o controle da igreja ou o alto preço do livro. Hoje, a Bíblia não é estudada por pura preguiça e falta de vontade, enquanto mestres despreparados ensinam besteiras que nem de perto a Bíblia proclama.
Conheci um cristão que não estudava a Bíblia e falava que confiava no que o pastor dizia. Afinal, segundo ele, o indivíduo que se diz ser pastor deve saber o que está dizendo.
Precisamos imediatamente de uma nova reforma, mas acredito que antes, temos que reformar a nossa preguiça. Não adianta nos unirmos para construir um movimento baseado na palavra e no ensino, se continuarmos sem estudar e entender a palavra e assim, permanecer nas mãos de alguns “estudiosos”, como era a realidade antigamente. 2Timóteo 2:15 diz:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.
Sem dúvida alguma, a reforma deve acontecer primeiro em nossas vidas para mudarmos a nossa maneira de ser cristão, fazendo com que a igreja leia mais, estude mais e saiba em quem acredita. Se entendermos a importância do estudo e valorizarmos os pastores e professores que conhecem e ensinam de maneira séria e coesa, a igreja vai mudar.
Que possamos seguir sabendo manejar a palavra sem nos envergonhar, aptos a fazer a obra que Deus nos manda, com zelo, sabedoria e conhecimento, sem esquecer que o nosso norte é a Bíblia, tal qual diz a tese de número 62ª de Lutero:
“O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus”.
BIBLIOGRAFIA
CAIRNS, E. Earle. O cristianismo Através dos Séculos: Uma História da Igreja Cristã. São Paulo: Editora Vida Nova, 2008.
GEORGE, Timothy. Teologia dos Reformadores. São Paulo: Editora Vida Nova, 2010.
MCDERMOTT, Gerald R. Grandes Teólogos: Uma Síntese do Pensamento Teológico em 21 Séculos de Igreja. São Paulo: Editora Vida Nova, 2013.
