PROFETAS DA PERDIÇÃO

 Em um dos meus últimos textos, não lembro bem qual deles, fiz uma colocação: a essência do homem é a mesma em todos os lugares e em todas as épocas. Essa é uma opinião particular, mas estou cada vez mais convencido disso. Essa idéia novamente “saltou aos olhos”, quando li 2ªPedro 2. É simplesmente impressionante como esse capítulo descreve o momento que a igreja protestante está passando, pelo menos no Brasil. Vamos nos ater somente aos quatro primeiro versículos, que já nos dão um panorama da mensagem.

No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda. Pois Deus não poupou os anjos que pecaram mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo.

 Quando lemos esses poucos versículos, parece que olhamos para a igreja evangélica atual. Mas como o próprio texto afirma, isso não é novidade, pois já aconteciam coisas semelhantes naquela época. Achamos um absurdo quando aparecem pessoas, tais como o Inri Cristo, que afirmam ser o Messias, mas existem mais pessoas dessas. Na época de Cristo, e um pouco antes, também apareciam inúmeras pessoas que arrebanhavam seguidores, pois achavam tratar-se do Salvador. Ou seja, falsos profetas não são novidades. Nas igrejas não vemos pessoas que dize ser o Cristo, mas diariamente vemos “pastores”, “apóstolos”, “bispos” e sei lá mais o que, que pregam o caminho da perdição; eles são verdadeiros profetas da perdição. O Novo Testamento tem muitos textos que nos alertam para heresias. Na carta de Paulo aos Colossenses vemos que muitas das heresias dos falsos profetas são convincentes e parecem fazer sentido. É exatamente o que vemos atualmente.

Esses falsos ensinos são dos mais diversos tipos. Há o legalismo, o evangelho judaizado, a prosperidade, o triunfalismo, as mais diversas manifestações do suposto Espírito Santo e também há o universalismo e outras modinhas. Se por um lado o cristão deve saber conviver com visões teológicas diferentes da dele, por outro deve rejeitar heresias. Temos que conhecer o evangelho de forma tal, que sejamos capazes de diferenciar posicionamentos teológicos divergentes dos nossos, das heresias. Com estas não podemos compactuar. Algumas vezes temos a tendência de relevar muitos posicionamentos, argumentando que são apenas pensamentos e interpretações que divergem um pouco das nossas, mas temos que cuidar pois as heresias são destrutivas e não levam á salvação. Vivemos numa era do “politicamente correto”, da aceitação de tudo em função de sermos bem vistos, Cristo nunca relativizou seu discurso para agradar os ouvidos de ninguém. É claro que devemos dar o direito às pessoas de viverem da forma que queiram e crer naquilo que desejam, mas não podemos concordar com muitos ensinos que se vê nas igrejas.

Citei algumas heresias, mas várias delas são pouco vistas. Mas há duas, as teologias do triunfalismo e da prosperidade que varrem nosso país fazendo estragos irreparáveis à Igreja. Por mais que eu tente, não consigo entender uma pregação baseada nas palavras de Cristo, que ensina que nossa espiritualidade é “medida” pelas posses que temos. Não acho que os discípulos de Jesus devam fazer votos de pobreza, mas a busca por riqueza e ostentação são atitudes que vão contra as bases do cristianismo. Considerando isso, simplesmente não consigo conciliar o cristianismo com pastores e líderes que acumulam fortunas que somam centenas de milhões de reais.Que evangelho é esse? Por um acaso lemos isso na Bíblia? Até há exemplos de pessoas abençoadas financeiramente por Deus, como por exemplo Salomão, Jó, entre outros, mas temos que analisar pelo menos dois aspectos. São exemplos da Antiga Aliança, onde a revelação de Deus ainda não era completa, e principalmente que essas pessoas não buscavam a riqueza. Eram fiéis a Deus, e este os abençoou com riquezas. Mas com certeza, na Bíblia, encontraremos mais exemplos de pessoas pobres e fiéis a Deus do que ricas. Mas como citei, a idéia do trinfalismo e da prosperidade é interessante aos ouvidos dos homens, e para aqueles que conhecem Deus superficialmente esse discurso enganador faz sentido. Pode parecer um papinho legal, mas vejamos o que o texto afirma sobre os enganadores e os que os seguem: “Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade. Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram”. Ou seja, são caminhos vergonhosos, onde os “fiéis” são explorados. Não podemos deixar de considerar que os caminhos são vergonhosos tanto para os que os desenham, quanto aos que o seguem. Tenho certeza que Deus revela a verdade à todo aquele que o busca com sinceridade.

 Mas será essas teologias são apenas uma forma diferente de interpretar um ou outro texto? Não! As conseqüências são dramáticas tanto para os envolvidos quanto para aqueles cristãos que não tem nada a ver com isso. Lemos que através dessa realidade, o caminho da verdade será difamado. Pergunto: como os evangélicos são vistos hoje em dia na sociedade? Quando alguém se identifica como pastor, qual a reação da maioria das pessoas? Os verdadeiros pastores são difamados, e sendo considerados enganadores, curandeiros e dinheiristas. Será que o que está acontecendo é uma simples coincidência com o que Pedro escreveu a quase dois mil anos? A própria Igreja de Cristo é difamada e muitos não querem saber de Deus pelos exemplos negativos dados pelos profetas da perdição. Isso pode gerar um sentimento de indignação, e até de injustiça em nosso coração, mas os olhos de Deus não estão fechados. O final dos versículos citados e o restante do capítulo de 2ª Pedro relata a ação de Deus diante dos hereges.  O juízo de Deus é pesado para aqueles que enganam em nome de Deus. Mas o juízo cabe a Deus e não a nós. Não temos autoridade para julgar as pessoas. Podemos e até devemos avaliar e julgar atitudes, alertar, mas o juízo cabe a Deus, que é perfeito.

     A minha e a tua responsabilidade é colocar tudo o que ouvimos à prova diante da Palavra, julgar as mensagens através do evangelho de Cristo e viver a verdadeira Palavra. O grande perigo de seguirmos ensinos contaminados é o que comentei em outro texto. Seremos coniventes, além de estar repetindo um discurso mentiroso, e dessa forma, mesmo que inconscientemente, também nos tornaremos profetas da perdição. Persevere na sã doutrina e seja uma luz da verdadeira esperança na vida dos que te cercam.

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