S O S

Neste período negro, parece que tudo está a ruir. Terremotos no Japão e Equador. Terrorismos em muitos países, problemas econômicos em todo o mundo. Enquanto nas redes sociais, o confronto de ideias, tem tido ares de guerra e competição. Com extremismos e exageros de muitos. Onde ninguém respeita ninguém, enquanto problemas políticos coroam este momento obscuro do nosso país.

Penso que a nossa maior crise é o amor e a solidariedade, falta tanto isso em nossos dias, que quando vista, é noticiada nos canais de todo o mundo como algo impressionante. Afinal isso é estranho, ser bom, repartir com o próximo e respeitar opinião alheia é cena de filme de ficção.

Tenho as minhas reservas em falar de fim do mundo, não vou e nem quero prever a volta de Cristo, mas sabemos, que nos fins dos tempos, o amor de muitos esfriaria, não sei se estamos no fim, mas o amor parece ter acabado. E é justo este fenômeno, que ultimamente tenho questionado. Porque desta nossa falta de amor? Qual o fenômeno que tem desencadeado isso?

Temo que estamos nos esquecendo dos ensinos mais básicos de Cristo, que é o amor, e algo, que também faz parte do amor, que se chama empatia, que segundo o dicionário é:

“A capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela”.

Quem hoje perde tempo tendo empatia? Poucas pessoas é claro, o que ganhamos com isso, não é? Jesus, quando veio aqui na terra teve empatia. E a passagem de João 11:5- 44 mostra isso, em uma de suas mais intrigantes atitudes.

A Bíblia diz nesta passagem que Lázaro, alguém que Jesus gostava muito, estava doente, e quando Jesus soube disso, ficou ainda mais dois dias, onde estavam (João 11:5). Quando, por conta disso, Lázaro acaba morrendo, coisa que Jesus também sabia, afinal, como a palavra nos mostra a sua intenção era ressuscitar seu amigo (João 11:11-15). Chegaram lá quatro dias depois, e quando chegam, o que eles veem ainda é um cenário de luto e tristeza, afinal, ninguém sabia que Cristo iria ressuscitar Lázaro (João 11:17-27). Mas o que mais me intriga é o versículo 35 de João 11, onde diz que Jesus chorou. Este é o menor versículo do Novo Testamento, e guarda um mistério: Porque Jesus chorou, já que ele sabia que seu amigo voltaria?

Existem muitas teorias quanto ao choro de Jesus. A primeira delas é que foi um teatro, para poder causar um efeito na ocasião. Teoria um tanto quanto estranha, e que não condiz com o que conhecemos d’Ele nos evangelhos. A segunda teoria é que ele chorou de alegria, o que não combina com o cenário de luto da ocasião. A terceira teoria é que ele chorou de tristeza, pela incredulidade do povo. Porém a quarta teoria é a que tem muito mais lógica, apesar da verdade da terceira opção: Cristo chorou porque ele não era só Deus, ele era também um homem. Sujeito as intempéries humanas, a tristeza que a perda de um ente querido nos dá e toda a dor, que cerca o ser humano (CHAMPLIN, 2014, PG. 612,612). Resumindo, a meu ver Jesus tinha empatia. E isso fica ainda mais claro, quando analisamos a palavra no grego (δακρύω), que significa derramar lágrimas, choro de luto por perder alguém (LOUW, NIDA, 2013, PG. 273). O que nos deixa uma pergunta, se o próprio Cristo importava-se com o próximo, porque nós, seus imitadores, não estamos também nos importando?

Eu não sei como resolver o problema do mundo, nem sei se é possível fazer os homens voltarem a amar. Mas sei que, quanto mais falta de amor vemos, menos este evangelho de graça, amor e empatia para com o próximo se vê por ai. Quando eu vejo o mundo como está, eu fico triste, pois acho que os primeiros que deveriam estar dando as mãos e fazendo diferença, somos nós.

A história nos conta que, onde tinha homens de Deus, tinha também escolas, orfanatos, missionários sendo enviados a toda a parte do mundo. É só ler as histórias de Jorge Whitefield, Davi Brainerd, John Wesley e muitos outros homens que fizeram diferença em seus países. O avivamento, o crescimento da igreja, era coroado com o estender da mão ao próximo. Mas quando vejo a nossa sociedade hedonista, cristãos buscando apenas a bênção pessoal, fico triste por esta nossa falta de empatia.

Penso que tudo pode mudar, se aprendermos a nos colocar no lugar do próximo, chorarmos com os que choram, e pararmos de sermos cristãos chatos e arrogantes. A mudança não vem quando mandamos o outro pro inferno, e sim quando estendemos a mão. A maravilha da salvação é que ela é individual, e por isso, nossa missão não é quantificar números de pessoas, e sim, propagar o evangelho, ensinar e fazer discípulos, e resto não cabe a nós. Em um mundo de injustiça, deveríamos ser os primeiros a fazer diferença, já que somos imitadores de um Deus que fez diferença, e isso só conseguiremos amando, e tendo empatia.

BIBLIOGRAFIA

Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje; Ed. Soc. Bíblica do Brasil, São Paulo, 2005.

Bíblia Sagrada – Bíblia de Jerusalém; Editora Paulus, São Paulo, 2013.

LOUW, Johannes, NIDA, Eugene, Léxico Grego-português do novo testamento, Sociedade Bíblica do Brasil, São Paulo, 2013.

CHAMPLIM, RN. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo, Editora Hagnos, SÃO PAULO, 2014.

CARSON, D. A, Comentário Bíblico Vida Nova, Editora Vida Nova, São Paulo, 2012.

 

http://www.significados.com.br/empatia/

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