Em diversas ocasiões citei a relativização dos conceitos que começa a reinar na sociedade. Parece que única norma é que não há norma e assim a sociedade começa a ruir sobre aquilo que ela mesma constrói. Esse discurso é tão sedutor que alcança até mesmo os cristãos. Há um clamor para que a igreja tome novos rumos e para que atenda aos anseios da sociedade. Mas nesse momento chegamos a um grande paradoxo. Qual é o papel da igreja, ter o discurso pelo qual a sociedade anseia, ou aquele dado por Deus?
É claro que igreja pode e talvez até deva rever as formas pela qual vem atuando, adequando-se à sociedade, mas nunca deve negociar os princípios divinos. Mas algo que vem chamando minha atenção, é que muitos cristãos fazem de suas convicções o modelo de vida a ser seguido, mesmo que elas firam os princípios que encontramos na Bíblia. Parece que pelo simples fato de não querer admitir uma “visão” errada, ou talvez por comodismo, muitos defendem arduamente princípios que vão totalmente contra os preceitos bíblicos.
Vejo muitos cristãos, que movidos pelo clamor social, negociam seus princípios. Em nome de movimentos sócio-políticos, levantam bandeiras de ideais claramente contra aquilo que Cristo pregou. É comum encontrarmos cristãos que defendem acirradamente questões como aborto, liberação das drogas, legalização da prostituição, dentre outras idéias, que simplesmente não cabem no modelo de vida deixado por Cristo. E isso não são regras das igrejas, e sim princípios bíblicos. Acho muito simples: caso a pessoa não consiga concordar com os princípios dados por Deus, terá que optar em qual dos modelos deseja viver. Como dizem por aí, “simples assim”.
Há também aqueles que optam por seguir determinadas teologias, e fazem delas uma verdade maior que a própria Bíblia. Há teologias para todos os gostos, e algumas não encontram o mínimo respaldo bíblico. Mas mesmo assim muitos insistem, distorcem a Palavra e tentam adequá-la à sua teologia, mesmo que ambas sejam incompatíveis. Nessas horas qualquer argumento, por mais estúpido que seja, é usado para sustentar sua insensatez. Teologias como a da prosperidade, da confissão positiva, do universalismo, entre outras, simplesmente negam e ignoram muitos textos encontrados na Bíblia. É muito perigoso quando edificamos nossa fé sobre pensamentos desenvolvidos por homens. Por isso, não me considero wesleyano, calvinista, arminiano, luterano, ou seja, lá o que for. Sou discípulo de Cristo e não de teologias humanas. É Cristo que transforma nossas vidas e não a teologia. Ela é uma ferramenta importante para o estudo da palavra; mas quando ela passa a ser o foco da nossa busca, é porque os valores se inverteram.
Por mais bem intencionado que muitos sejam, caem na armadilha das convicções pessoais. Em Romanos 12, 2 lemos: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”. Nosso chamado é buscar Deus, conhecer sua vontade e transformar nossa vida pela renovação da mente. E isso só é possível se nosso carro chefe for Cristo. Podemos e até devemos estudar, usar a teologia para chegar a um entendimento mais amplo da Palavra. É altamente positivo envolvermos com as questões sociais, pois não podemos vivenciar nossa fé vivendo em uma ilha. Mas, á partir do momento em que questões sociais, teológicas ou algum outro movimento forem a locomotiva que puxa o trem da nossa fé, estaremos viajando sobre os trilhos errados. Quem carrega o nome de Cristo, deve fazer dele, e não das convicções pessoais, a locomotiva de sua vida, afinal é ele que deve ser a maior de todas as convicções de quem se declara cristão.
