CAVALO DE TRÓIA

Acredito que a maioria das pessoas conhecem a história do cavalo de Tróia, publicado originalmente na Odisseia de Homero. O livro conta que os gregos, a fim de derrotar os troianos que tinham uma fortaleza intransponível, deram de presente um cavalo oco de madeira, onde dentro, o inimigo conseguiu se esconder para render os guardas e facilitar a entrada do exército grego.

Hoje em dia este fenômeno vem se repetindo, quando em meio ao povo de Deus temos visto pessoas não renascidas, usando o nome de Deus para divulgar pontos de vistas e moveres espirituais dos mais diversos.  Estes prometem dinheiro, riquezas, e uma vida de vencedores, como se ser cristão fosse isso. Em resultado disso, temos visto várias atitudes vergonhosas que a igreja e a bancada evangélica, que de evangélica não tem nada, anda fazendo. Pregando extremismos, preconceitos e ensinos que a Bíblia não prega. Ou defendendo conceitos de pró-aborto, pena de morte e por aí vai.

A Bíblia diz que é pelos frutos que conhecemos quem é falso profeta ou não, pois quem é mau, não produz fruto bom (Mateus 7:16). São pelas atitudes e formas de agir que vemos se uma pessoa é renascida ou ainda falta ser tocada pelo Espírito Santo. E uma coisa é certa, se o evangelho não produz mudanças em uma pessoa, esta pessoa certamente não é convertida. Não estou querendo julgar ninguém, nem estou afirmando que o cristão não tem seus erros e dificuldades e sim que, uma pessoa renascida tem uma nova vida, já que renasceu.  Pois o evangelho é arrependimento e não uma festa, é uma eterna busca diária, e não um sentir arrepios. É uma eterna busca pela vontade de Deus, e não uma busca por satisfazer nossos caprichos e preocupações. Deus não nos chama para sermos ricos e bem sucedidos, Deus nos chama para uma nova vida n’Ele.

Rubem Amorese em seu livro Icabode pontua bem esta crise intelectual e de caráter que vemos no meio cristão:

“A crise intelectual traz como alma gêmea a crise de caráter. Caráter significa negação de si mesmo; significa dizer não a si mesmo. Mas isso não se dá no vazio. Não se trata de masoquismo nem autoflagelação gratuita. Caráter implica princípios, valores e axiomas não discutíveis, não negociáveis”.

Não é interessante que quanto menos lemos a Bíblia, menos caráter e mais movidos a conceitos próprios nós vivemos? Se tudo é sentir, desejar ou conquistar, como viveremos o evangelho? Aliás, o que é evangelho?

Penso que o inimigo tem entrado dentro da igreja, penso que o cavalo de Tróia tem se instalado em púlpitos quando achamos que o evangelho tem que se adequar aos nossos desejos e sonhos. Rubem Amorese, no mesmo livro, pontua mais uma coisa interessante:

“Nunca tivemos tanta fome, associada a tanta obesidade no mundo. Por quê? Porque fibra, princípios, disciplina, domínio próprio (colunas do caráter) já não são valores nossos. Posso ser um doce de pessoa, mas não pise no meu pé, que viro bicho. Não sei conter a mim mesmo”.

E esta verdade vemos por toda a parte. O mundo tem morrido por falta de ajuda, e nós cristãos não nos sensibilizamos mais com isso, cristãos sendo caçados em algumas partes do mundo, nações inteiras precisando ouvir a palavra, e nós pensamos só em nosso próximo aumento salarial. Cadê os frutos, onde está o resultado de ter uma vida cristã? Onde esta o amor de Deus? Onde esta a mudança de caráter que Cristo nos traz?

João 8:31 diz que se permanecermos na palavra, seremos verdadeiramente seus discípulos. Quando somos libertos, tocados e renascidos, o fruto é visível, e constante. E é através destes testemunhos que a palavra deve ser pregada (Atos 1:8) e ser uma testemunha é ser uma pessoa que vive e fala do que viu e tem experimentado. É aquela pessoa que através de seus frutos e a sua mudança de vida tem feito diferença por onde passa e não alguém que fala de algo que nunca vivenciou.

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