“Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta” (Tiago 2:17) (NVI).
Este texto nos traz uma lição muito esquecida em nossos dias. Constantemente, confundimos vida com Deus, com frequência em culto. Muitos acham que quanto mais se vai à igreja, mais se é santo. Não quero com isso desconstruir o papel da igreja, ao contrário, a existência dela é de suma importância, é Bíblico, quero apenas pontuar a diferença de um frequentador de igreja, com um cristão.
Tenho conhecido ao longo de minha vida muitos frequentadores de igreja. Pessoas que não conseguem nem por um minuto reservar um tempo para sua família e fazer algo que não seja relacionado à igreja. Penso que muitos destes têm confundido vida com Deus, com ir à igreja, ser cristão com viver separado e distante do mundo.
Eu sempre falo que nós cristãos temos uma hierarquia a seguir que é Deus, família, o trabalho e a igreja. E ser cristão, apesar de saber a importância de se ir à igreja, é muito mais do que ir a um templo. E sim, ter uma vida de busca, leitura, oração e amor ao próximo o tempo todo.
Quando Tiago fala que a fé sem obras é morta, ele não esta falando que devemos ser ativistas no reino de Deus. E sim, que a fé gera mudanças, frutos que devem ser visíveis e estar ao alcance dos olhos de todos. Ele está falando também que muitas vezes só orar não adianta. Temos que estender a mão, ajudar, amar e caminhar junto. D. A. Carson acrescenta:
“Podemos crer que Jesus é Senhor, mas, se não lhe obedecemos, essa crença não passa de palavras vazias. Podemos crer que Deus ama os pobres, mas se não nos importarmos com eles, nossa fé é morta” (2012, p. 2040).
Resumindo, ser um cristão que não muda de vida, não ama o próximo e vive uma vida hedonista, não é ser cristão. Fé, atitude e mudança de vida caminham juntos, se isso não acontece, tem algo errado. O versículo 16 resume bem isso:
“Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia
e um de vocês lhe disser: “Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se”, sem porém lhe dar nada, de que adianta isso?” (NVI).
Ser cristãos e não fazer, não se importar, não é ser cristão. Não que as obras nos salvem, mas ela é o resultado de nossa conversão. Se a mudança e as nossas ações e formas de proceder não demonstram a nossa fé, não a temos.
Lutero chamou a epistola de Tiago de “a epistola de palha”, por entender que as obras na vida de um cristão não é importante. Este reformador, veio de um contexto que acreditava que a salvação era pelas obras, indulgências, promessas e coisas do tipo. É por este motivo as suas reservas quanto ao livro. Eu também não creio que está nas obras o meio da salvação e entendo que Tiago não está falando da salvação pelas obras e sim, do impacto que a conversão deve causar na vida de um cristão, e talvez deve ser isso que este importante homem não entendeu.
Se o evangelho não nos traz mudança, temos que duvidar do que estamos seguindo. Se a vida cristã não nos faz olhar para o próximo de forma diferente, estamos percorrendo o caminho errado e parar, avaliar a nossa vida e retomar o caminho se faz necessário.
BIBLIOGRAFIA
CARSON. DA. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Editora Vida Nova, 2012.
