O SERMÃO DO MONTE PT 1: AOS QUE NADA TÊM

“Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus” (MT 5:3) (NVI). 

 

De todos os textos bíblicos, o Sermão do Monte é um dos que mais me fascina. Seus ensinos servem como norte para a nossa vida e é um ótimo ponto de partida para começar a estudar algumas bases bíblicas para a fé. Faz um bom tempo que eu queria estudar, o que terminou virando esta série.

Tais ensinos estão em Mateus (do capítulo 5 a 7), a fim de que entendêssemos como Cristo queria que nós, seus imitadores, vivêssemos. Este é o primeiro versículo do conhecido texto, estudar sobre eles é adquirir um tesouro de valor inestimável. Alexander complementa pontuando que:

“O “sermão” constitui a primeira e a mais longa das cinco seções, em que Mateus reúne o ensinamento do Senhor. Jesus indica a seus seguidores como se deve viver: não simplesmente em conformidade com uma série de normas, mas revolucionando por dentro a própria atitude e a própria mentalidade” (ALEXANDER et al, 1985, p. 477).

O texto é conhecido por este nome pois o primeiro versículo diz que quando Cristo viu a multidão e seus discípulos se aproximarem, ele subiu em um monte. Provavelmente para ficar a uma altura adequada para falar aquela multidão. Vale lembrar que os apóstolos não haviam sido escolhidos ainda, apenas no capítulo dez vamos descobrir quem eram os doze. Com isso, entendemos que estes discípulos eram seguidores de Jesus (NEVES, 2012, p.53).

O terceiro versículo começa falando: “Bem-aventurados” ou “felizes”, os pobres de espírito (ptóchos), que no grego significa:

“[…] relativo a alguém que é humilde com respeito a suas próprias capacidades […], felizes os que são humildes diante de Deus […]. Para indicar claramente que essa pobreza ou necessidade se relaciona de alguma forma com realidades espirituais, uma boa tradução é “Felizes os que reconhecem que precisam de Deus”” (LOUW et al, 2013, p. 666).

Vivemos em uma época onde o orgulho é coisa corriqueira, confessar dependência, pregar que somos dependentes de Deus e que não somos nada sem ele, é um tanto quanto estranho.

Até a igreja cristã tem se rendido a este pensamento, declarando que um crente tem que estar por cima, um cristão é filho do rei, por isso, deve ser rico. Ou como ouvi em um ônibus um tempo atrás: “Ser cristãos é ser próspero”, como se esta frase fosse verdadeira.

Uma boa lida nos evangelhos vamos ver que Cristo nos convida a ajuntar tesouros no céu, ele nos convida a darmos prioridade a Ele e não ao dinheiro. E esta primeira bem-aventurança nos dá um aviso: “Só é feliz quem tem certeza de que não é nada sem Deus”.

Não é um convite a ser um pobre esfarrapado e sim, a ter certeza de quem realmente somos e de quem nós realmente precisamos depender. É um convite a ajustarmos nossas prioridades. John Stott faz uma pontuação interessante sobre este versículo:

“Assim, ser “humilde (pobre) de espírito” é reconhecer nossa pobreza espiritual ou, falando claramente, a nossa falência espiritual diante de Deus, pois somos pecadores, sob a santa ira de Deus, e nada merecemos além do juízo de Deus” (STOTT, 1982, p. 28).

O ponto principal do conceito “ser cristão” é o arrependimento, é entender que somos pecadores e não somos nada sem Cristo. Seguir a Jesus é viver uma vida dependente principalmente dele, este deve ser o norte da vida cristã.

Por mais que você tenha sonhos, empreendimentos e desejos, a principal ação que devemos tomar é seguirmos os passos de Cristo e termos a nossa vida fundamentada nele.

Nesta primeira bem-aventurança temos um importante ensino: “O reino dos céus é de quem realmente depende de Deus e entende a sua condição de pecador”. A vida cristã não dá espaço para quem é orgulhoso e autossuficiente.

BIBLIOGRAFIA

NEVES, Itamir. Comentário Bíblico de Mateus: Através da Bíblia. São Paulo: RTM Publicações, 2012.

ALEXADER, David.; ALEXANDER, Pat. O mundo da Bíblia. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.

LOUW, Johannes.; NIDA, Eugene. Léxico Grego-português do Novo Testamento. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.

STOTT, John. Contracultura Cristã: A Mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: Editora ABU, 1982.

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