O SERMÃO DO MONTE PT 4: JUSTIÇA

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos” (MT 5:6) (NVI). 

 

Justiça é uma palavra muito usada hoje em dia, por conta das roubalheiras e das contradições que temos visto na política. Mas a corrupção ainda faz parte da cultura brasileira e infelizmente é sinônimo de gente experta.

O grande problema é que no Brasil estamos carentes de exemplos. Não vemos muito aquelas pessoas que querem viver e fazer o certo pelo certo, sem a intenção de ganhar algo e são destes que o texto fala.

Eu só tenho um impasse quanto a este versículo, a explicação desta bem-aventurança não é unânime entre teólogos. Pois alguns vão falar que esta justiça que o versículo fala é Deus, outros que é justiça mesmo, algo prático. E a palavra em grego não nos oferece muita explicação.

Justiça (dikaiosuné) no grego significa: Ato de fazer o que Deus quer ou exige, fazer o que é certo, exigências da religião, e existe a possibilidade de ser também dar esmolas. (LOW et al, 2013, 662), o que nos deixa na dúvida. O texto está falando de algo prático, ou espiritual?

Penso que deve ser os dois, não acha? Pois quando você busca a Deus, o senhor da justiça, o único justo, o único que nos justifica e é perfeito, estes frutos devem ser visíveis em todos os que o seguem, não acha?

Se a nossa vida com Deus ou a nossa busca, não traz mudanças externas, nós não mudamos de verdade. Com isso, quando buscamos a justiça ou as coisas espirituais, não só o nosso interior muda, mas o exterior também e exigir justiça, ajudar o próximo e ser mais solícito é o mínimo que temos que ter em nossa vida. Carlos Queiroz faz uma observação importante sobre esta fome e sede:

“Jesus usa uma imagem bastante forte para ilustrar a gana do discípulo pela justiça: fome e sede. O espírito do discípulo alimenta-se da justiça com a mesma gana que o corpo tem por água e pão. O desejo de justiça, na vida do discípulo, funciona como um apetite, existe com naturalidade, vem das entranhas. A falta de apetite pela justiça pode ser um sinal de enfermidade espiritual” (QUEIROZ, 2006, p. 81).

Quando dentro de nós não arde o coração por um mundo melhor, por ajudar ao próximo, por ver a justiça acontecer, temos problemas. Mas a grande questão é que: A verdadeira justiça vem somente de Deus!

Ser justo é também ser um buscador do Deus da justiça. Quem tem esta fome, só poderá ser saciado de verdade por Deus, porém, quando falamos de algo prático eu logo lembro para parábola do Devedor Implacável lá em Mateus (18: 23-35).

O texto diz que um senhor, depois de ouvir a súplica do seu servo, perdoou uma dívida milionária, equivalente a mais de trezentas toneladas de ouro. Aquele devedor, certamente aliviado, depois de receber tal perdão, não teve a capacidade de perdoar uma dívida minúscula de um de seus companheiros de servidão.

Nós somos salvos pela graça, mediante um favor imerecido e o mínimo que devemos ser, diante desta dádiva maravilhosa que recebemos de Deus, é sermos compassivos, generosos e amorosos.

Afinal, só Ele é justo, mas quando temos fome d’Ele, o nosso exterior e a nossa vida refletem este relacionamento.

Eu sei que não somos perfeitos, que temos a nossas falhas, mas quem busca a Deus e tem uma vida com Ele, tem marcas visíveis, frutos de um relacionamento verdadeiro com Deus que sem dúvidas se estende ao próximo.

Uma arvore de maçã não dá pera, assim também um discípulo do Deus de justiça, não é injusto e é só este verdadeiro discípulo que será satisfeito.

BIBLIOGRAFIA

LOUW, Johannes.; NIDA, Eugene. Léxico Grego-português do Novo Testamento. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2013.

QUEIROZ, Carlos. Ser é o Bastante: Felicidade à Luz do Sermão do Monte. Curitiba: Editora Encontro; Minas Gerais: Editora Ultimato, 2006.

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