A MINHA GRAÇA TE BASTA

Não sirvo a Deus com a intenção de ter algo em troca. Simplesmente fui tocado pelo Espírito Santo e respondi ao seu chamado, simples assim. Considero a salvação pela graça e o sacrifício de Cristo na cruz algo realmente grande, para que eu me considere digno de qualquer coisa a mais.

Mas há quem ache que Deus, por ser poderoso, tem aos seus um presente maior que o sacrifício na cruz. Eu não espero nada mais do que a sua graça, a sua força me sustentando, não acredito que Ele tenha qualquer obrigação em nos presentear e nos servir. Diante disso, eu sempre digo e volto a dizer, o cristianismo não é regido como moeda de troca, não fazemos as coisas a Deus para sermos recompensados. Servimos a Ele porque respondemos a um chamado, fomos tocados pela sua graça e consideramos loucura viver sem fazer a sua vontade. A base do cristianismo nunca foi ter e sim, se arrepender e entregar a nossa vida a Cristo. Cabe a nós entendermos isso e seguirmos fazendo a sua vontade. E quando falo em fazer a vontade de Deus, gosto de citar Paulo e seu espinho na carne lá em 2 Coríntios 12:7-9:

“E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (ACF).

Antes de entendermos esta passagem, é bom salientarmos que a Bíblia não fala que espinho era este. Já ouvi alguns falarem que Paulo era homossexual, coisa que a Bíblia não fala, sendo esta afirmação destituída de qualquer base ou lógica. Outros que era a gagueira, uma doença física ou mesmo algo espiritual e por aí vai. Teorias têm aos montes. Mas a teoria mais aceita pelos estudiosos é que ele tinha um problema de visão. Sendo por este motivo, segundo estudiosos, que Paulo ditava as cartas.

O que sabemos é que, segundo Gálatas 4:13-14, esta doença causava repulsa em quem via. Não devia ser algo agradável, devendo ser este também um dos motivos pelos quais Paulo queria se ver livre dela (CHAMPLIN, 2014, p. 530). Mas como eu disse, não temos certeza, só sabemos que o incomodava muito. Porém, conseguimos tirar muitas lições desta experiência de Paulo.

A primeira é que Deus não é obrigado a nos atender, em tudo Ele sempre faz a sua vontade, isso é bem claro na Bíblia. E como uma continuação lógica deste pensamento, é que, em alguns casos, Deus tem um propósito em não nos atender. No caso de Paulo, era para o manter humilde (v. 7). Mas tem outro fato, no versículo 9, que muitas vezes deixamos passar, quando ele fala:

“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (ACF). 

Não sabemos o que Paulo seria se ele fosse forte, se ele não tivesse este espinho, quem sabe ele não pregaria tanto ou buscaria tanto a Deus. Nós não sabemos, mas Deus sabe (BOOR, 2004, p. 470). E é geralmente isso que esquecemos quando passamos por provações.

Ninguém gosta de sofrer e acredito que muito menos Deus gosta de ver seus filhos sofrerem, porém, Ele sabe o que é bom para nós. Quando entregamos a nossa vida a Ele, temos que ter em mente que não pertencemos mais a nossos próprios desejos. Deixar que Ele nos guie, nos aperfeiçoe e que faça a sua vontade é imprescindível. E ter em mente que tudo o que Ele faz a nós é com um propósito bom, é fundamental para seguirmos seus passos. Quando somos fracos, quem é forte em nós é Deus. Quando seguimos fazendo a vontade d’Ele, não importa o que pareça estar acontecendo, temos que confiar, tendo a certeza de que Ele nunca falhará.

BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIM, Rn. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo. São Paulo: Editora Hagnos, 2014.

BOOR, Werner de. Carta aos Coríntios: Comentário Esperança. Curitiba: Editora Esperança, 2004.

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