DEPRESSÃO

13 Ranson Why é uma série que conta os 13 motivos que levou uma menina depressiva a se suicidar. E sobre depressão, é interessante ver como cada um reage ao assunto de uma maneira.

Uns acham que a depressão é frescura, coisa de quem não tem o que fazer. Outros consideram problemas espirituais, coisas de quem não tem Deus ou não ora muito. Tem até quem fala que o depressivo é um ser possesso por um espírito maligno.

Há quem diga que os jovens de hoje não tem tanta resiliência, pois antigamente todo mundo sofria bullying, mas ninguém se matava. Todos eram zoados e ninguém ficava mal. A pergunta que eu faço é: Será?

Tenho aprendido a cada dia que eu não posso enxergar o mundo apenas da minha maneira. Que cada um tem suas dificuldades, nem tudo o que não me atinge, necessariamente também não atinge o meu próximo. Nem todos sabem lidar com seus fantasmas, nem todos tem a resiliência de olhar o problema e tentar superá-lo e por isso, alguns acham que tirar a vida, é solucionar o seu problema por inteiro.

A grande verdade é que cada um tem a sua fuga, a sua maneira de fugir do problema. Alguns são o trabalho, igreja, bebida, comida ou suicídio. Porém apenas um é visto como o fraco da história.

Algumas dores doem na alma, alguns sentimentos são muito mais que tristeza, é uma forma de ver o mundo, é uma eterna solidão mesmo em meio a muitos. E para um depressivo, momentos felizes não satisfazem, as alegrias vividas não tocam a alma, a desesperança é a única companheira de caminhada.

Cada ser humano é um mundo, com os seus medos, desejos e decepções. Cada pessoa é um universo, porém alguns são um pouco mais vazios, sozinhos e sem esperanças.

Eu me lembro muito bem destes sentimentos, dos momentos de dor e da solidão extrema, mesmo entre meus amigos. Eu me lembro da tristeza constante e dou graças a Deus por ter tido amigos, que durante a minha batalha, compraram um pouquinho da briga. Porém nem todos tiveram o que eu tive, nem todos conseguem fazer amigos, nem todos tem a felicidade de ter em sua vida parceiros, verdadeiros irmãos que nos ajudam. É claro, eu procurei ajuda, eu quis ser ajudado, caso contrário, não teria muito o que fazer.

Eu tenho a minha fuga, tal qual os muitos que citei: Eu escrevo e estudo. E hoje, depois de ter superado todos estes problemas, eu não deixo de olhar para quem sente o mesmo e ter empatia. Penso que o que nos falta muitas vezes é empatia. É ter a capacidade de nos colocar no lugar do outro e tentar compreender. Confesso que o seriado me deixou reflexivo, me fez voltar ao passado e relembrar algumas situações.

É interessante você prestar atenção em dois protagonistas do seriado. O primeiro é a menina, Hannah: Uma menina problemática, amante dos exageros, que tinha uma péssima visão de si. Seus pais passavam por um período bem complicado e ela, uma menina com muitos talentos e bonita, não tinha resiliência alguma e muito menos uma amiga para apoiá-la.

O segundo é o Clay: Um menino extremamente tímido e inseguro, com uma autoimagem péssima, mas que tinha um amigo que estava sempre em sua cola, e pais que prestavam muita atenção nele, sempre tentando ajudá-lo.

É claro que cada um é responsável por suas decisões, é claro também que culpar os outros por problemas que são nossos não é a saída. Mas nestas horas, ter quem nos ajude faz toda a diferença.

Eu lamento por quem passa por isso. Pela pessoa que tem que tomar remédio e ter acompanhamento. Eu lamento também por você que não compreende estas coisas, que taxa o depressivo de desocupado e acha que a sua forma de pensar é a única certa. Espero que nem você, muito menos algum familiar seu  passe por algo assim algum dia. Mas uma coisa é verdade, pimenta nos olhos dos outros é refresco. Muitas vezes só compreendemos algumas coisas quando passamos pelas mesmas situações.

Não peço para você aprender a entender a depressão e sim, apenas respeitar os limites de cada um. Nem todos são iguais, nem todos tem a mesma força e nem a mesma forma de agir diante dos problemas. E respeitar é um bom começo para quem passa por estas mesmas situações.

Deixe um comentário