Conforme a física nos explica, resiliência é a capacidade de um material suportar tensões, pressões e adversidades, termo este usado pela física, porém pouco visto hoje em dia (CURY, 2016, p.147). Estamos na era do pavio curto, onde poucos aceitam críticas sem se ofender ou ficar nervoso.
Eu fui um homem pouco resiliente quando novo, qualquer coisa me ofendia, uma crítica me arrancava um pedaço e deixava-me mal por completo. Com o tempo, desenvolvi uma insegurança muito grande onde as mínimas pressões da vida me derrubavam, eu me descontrolava com pouca coisa. Com isso, comecei a perceber o quão importante era aprender a lidar com as situações desagradáveis que ao longo da vida apareciam. Por conta de diversas oportunidades perdidas, a busca por mudança foi necessária a fim de inverter este quadro que se encontrava um tanto quanto caótico.
Admiro pessoas que não sentem necessidade de se justificar, fico pasmado quando vejo estes não ligarem para responderem seus críticos, se limitando ao silêncio. Augusto Cury, em seu livro: Ansiedade 2, faz pontuações interessantes sobre quem não tem resiliência:
“Uma mente resiliente é vital para o gerenciamento da ansiedade e do estresse. Sem resiliência, generais se tornam frágeis soldados, reis se tornam meninos no território da emoção, profissionais sucumbem a crises, casais apaixonados transformam seus romances no vale das discussões, jovens fazem da emoção terra de ninguém” (CURY, 2016, p.148).
Eu não sou psicólogo, muito menos tenho a bagagem que um profissional tal qual o Augusto Cury tem, porém posso passar as atitudes que tomei para adquirir um pouco mais de resiliência e mudar um pouco a minha vida.
A primeira atitude foi: pontuar de forma clara meus defeitos, o que precisava mudar em minha vida, para que uma crítica não me magoasse. Muitas vezes nos ofendemos justamente pelos defeitos que temos. E ao não assumirmos, perdemos um boa oportunidade de mudança. Só muda quem tem consciência de suas falhas, caso contrário, é possível ficarmos escravos de nossos próprios defeitos e fracassos. Mudar é preciso sempre, ninguém é perfeito, por isso, se conhecer para buscar esta evolução é necessário para que possamos avançar mais do que retroceder.
A segunda atitude foi: cultivar amigos que fossem sinceros, pois é sempre bom entendermos como o próximo nos vê. Nem sempre o que pensamos de nós é como nós somos e ouvir uma opinião é uma ótima oportunidade para nos avaliarmos e entendermos como fazemos a nossa leitura. Só que atenção, cuidado com quem você ouve, cuidado com a opinião do próximo, as vezes quem achamos ser amigo não é, ou, como muitas vezes aconteceu comigo. Alguns amigos, por inveja deram opiniões equivocadas a meu respeito, por isso, tomar cuidado com quem ouvimos é importante para não nos enganarmos. Eu geralmente ouço mais de uma pessoa e busco pontos em comum entre eles. Se todos pensam parecidos é provável que eu seja daquele jeito. Cuidado também pelo fato de que nem todos tem capacidade de fazer bons julgamentos, esta prática não é um fim, mas um meio de tentar descobrir, sujeito a falhas de opinião.
Terceira atitude foi: parar de me justificar. Este é o mal do homem, porém nem tudo tem justificativa e às vezes o silêncio é uma melhor resposta ante um falso julgamento. Aprendi ao longo da vida que nem todos querem nos ouvir. Nem todos querem nos entender, diante disso o silêncio é uma resposta adequada para que não sigamos nos magoando ainda mais, além de encerrar o assunto de forma mais rápida e sem muitos incômodos. É claro, muitas vezes eu me justifico, penso que às vezes é necessário, mas eu evito e dependendo da pessoa, eu evito mais ainda, tem gente que não vale o incômodo.
Mas a atitude principal é ter a consciência de que ninguém é perfeito. Todos tem alguma falha e entender isso não é só ser benevolente com o próximo, mas também consigo:
“Quem desenvolve resiliência adoça a vida, mesmo que ela tenha sido amarga; torna-se generoso, mesmo que tenha sido excluído; contempla o belo, ainda que não tenha tido motivos para ser feliz; julga menos e se entrega mais (CURY, 2016, p.169).
Hoje, com mais de três anos escrevendo para o blog, a resiliência tem feito parte da minha vida. Pois afinal, são muitos os que elogiam, mas também muitos os que criticam e para cada um deles tento dar uma resposta adequada, seja com o silêncio ou com palavras. Nilton Bonder tem uma conclusão genial sobre o assunto:
“A imponência do cedro, com sua rigidez e suas muitas raízes, se mostra frágil quando se faz necessária a maleabilidade. Dobrar-se à vida é muitas vezes uma estratégia mais adequada do que confrontá-la” (BONDER, 2007, 86).
Neste mundo caótico, aprender a lidar com nossas emoções é fundamental para vivermos em paz, e ser resiliente é peça chave para um bom viver. Se eu pudesse definir uma pessoa de sucesso eu diria que é alguém satisfeito com o que tem e em paz! Que ao meu ver são os dois dos principais resultados que a resiliência nos traz.
BIBLIOGRAFIA
CURY, Augusto. Ansiedade 2: Autocontrole Como Controlar o Estresse e Manter o Equilíbrio. São Paulo: Editora Benvirá, 2016.
BONDER, Nilton. O Sagrado. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2007.
