Faz algum tempo que quero escrever e pontuar de maneira mais didática em que eu acredito. Creio que se você já leu meu blog, vai perceber que obviamente eu escrevo tudo segundo minha ótica, a minha teologia, porém as vezes tenho o pressentimento de que por mais que o texto passe o que eu penso, é necessário pontuar de forma mais clara em que acredito. E é esta a finalidade deste tópico no site (teologia). Explicar, dar base Bíblica e teológica do que eu creio.
“O Deus que se revela” é um dos pontos principais da minha teologia. Eu não acredito que o homem tenha capacidade de “achar” a Deus. Seria até cômico imaginar uma criatura finita e pecadora, achar um Deus, infinito e poderoso. Soa como se tropeçássemos em algo e achássemos uma coisa muito valiosa, não foi assim, a Bíblia narra algo totalmente oposto.
O livro de Gênesis, logo nos primeiros capítulos, fala que Deus criou tudo e depois fala que o homem desobedeceu e virou as costas para Deus. Com isso o homem perdeu controle e começou a praticar o mal. Só que no versículo 12:1-2, depois do dilúvio e muitos outros acontecimentos, Deus se revela a Abraão:
Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.
E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.
Não sabemos muito sobre Abraão, só sabemos que através dele Deus se deixa ser conhecido. Hansjörg Bräumer acrescenta:
“Ao mesmo tempo, a história dos patriarcas esclarece o mundo religioso em que viviam os antepassados de Israel. O único Deus, o Deus do céu e da terra, revelou-se a Abraão. Ele chamou Abraão para fora de seu ambiente pagão. Abraão seguiu o chamado de Deus e passou a adorá-lo. O Deus que se revelou a Abraão mais tarde é chamado pelo povo de Israel de “o Deus de Abraão” (BRÄUMER, 2016, p. 194).
Apesar de termos Noé, um homem que também Deus se revelou e lhe deu uma missão (Gn 6:5,12). E que após anunciar a justiça e não ser ouvido (2Pedro 2:5), ser o único salvo, juntamente com sua família. Também termos outros homens que andaram com Deus. Entretanto foi a Abraão que Deus se revelou, dando a ênfase que através dele viria um povo e que era deste povo que o Messias Redentor viria. Norman Geisler acrescenta algo importante falando dos dois tipos de revelação:
“Outro pressuposto fundamental da Teologia evangélica é a revelação. Se Deus não se mostrou, como poderia ser conhecido por nós? Mas Deus escolheu se apresentar-se a nós, e a este ato de descobrir-se a si mesmo chamamos de revelação. De acordo com a Teologia evangélica, Deus revelou-se a si mesmo de duas formas: a revelação geral (na natureza) e a revelação especial (nas Sagradas Escrituras) (GEISLER, 2015, p. 59).
E sobre a revelação geral Romanos 1:20 nos dá uma ótima base:
Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;
Não teremos desculpas, é possível conhecer a Deus através de sua criação, do impressionante e complexo corpo humano, das estrelas e dos animais. Tudo aponta para um Deus, um arquiteto responsável por criar tudo. E a Bíblia é claro, que também enfatiza isso, narra a história de um Deus que se revelou, teve compaixão de nós seres humanos pecadores e desobedientes, mandando seu Filho para morrer por nós, 2 Timóteo 3:16-17 diz:
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
Em fim, Deus escolheu se revelar e salvar nós pecadores. Não o seguimos a Deus por termos achado um Deus interessante e sim, por Ele ter se revelado e escolhido morrer por nós.
Este é um dos pontos principais da minha teologia, eu estudo a Bíblia e busco a um Deus que se revelou, que se mostrou ao homem por tê-lo amado e ter tido misericórdia. Ninguém pode pegar para si este mérito, e ninguém conseguirá, por ser um ser finito, estudar e achar um Deus que é infinito e poderoso. Se Ele não se revelasse, permaneceríamos na ignorância, tateando no escuro, nos consumindo em nosso próprio pecado.
BIBLIOGRAFIA
GEISLER, Norman, Teologia Sistemática, Editora Cpad, Rio de Janeiro, 2015.
BRÄUMER, Hansjörg, Comentário Esperança, Antigo Testamento, Editora Esperança, Curitiba, 2016.
