“O deserto se apresenta de muitas formas e tamanhos, assim como os desertos da Judeia e do Sinai não são de forma alguma uniformes.” […].
“O deserto da jornada espiritual é bem assim. Para alguns, ele é simplesmente uma sensação de que tudo se ressecou. Não há qualquer prazer na oração ou na leitura das Escrituras. Ir á igreja se tornou algo tedioso e fútil. Os sacramentos parecem um ritual sem propósito. Onde antes havia um sentimento da presença de Deus como pai amoroso, cuidando e guiando delicadamente, ou do estímulo sábio do Espírito Santo, agora parece haver um grande vazio. A história de Jesus, antes tão cheia de interesses e entusiasmo, o caderno de recortes de jornal sobre a vida de um novo amigo que se tornou melhor, parecem maçantes, e mesmo a história da cruz e da ressurreição aparentemente perdeu seu poder de lavar o coração. Esta é a experiência comum de muitos, muitos irmãos, em determinado estágio de sua peregrinação” (WRIGHT, 2011, p. 46, 47).
Eu quis ressaltar este capítulo do livro justo porque é inevitável passarmos por momentos desérticos em nossa vida. Quando oramos e temos a impressão de que Deus não está nem aí. Ou quando o desânimo é tão grande, que não temos vontade de fazer nada, nem orar, quanto mais ir na igreja e gastar algum tempo no local.
Neste livro, N. T. Wringht dá algumas boas ações para quando estivermos no deserto, quero ressaltar duas e a primeira é fundamental:
“O caminho da maturidade cristã, no entanto, é reconhecer o caminho do deserto pelo que ele é – outro quilômetro na estrada chamada “fidelidade” – e pisar nele com obediência e paciência” (WRIGHT, 2011, p. 47).
O deserto é inevitável amigo, momentos de sequidão são constantes neste mundo que não se cansa em oferecer-nos propostas para nos afastar de Deus, por isso que obedecer é o básico, para que consigamos nos manter firmes no caminho de nosso Pai. É fácil obedecer quando está tudo bem o difícil é obedecer quando achamos que estamos sozinhos. O deserto parece um lugar sem propósitos mas não é, serve principalmente de escola para que confiemos mais em Deus do que em nossas próprias convicções. Mas o autor oferece mais uma explicação que considero tão boa quanto à primeira:
“Igualmente importante, se não mais, a experiência do deserto pode abrir nossos ouvidos para ouvirmos a dor do mundo. Quando estamos levando a nossa vida, bem contentes com o nosso destino, é fácil ignorar os gritos de ajuda que vêm do resto do mundo: de nossos companheiros cristãos que ainda hoje sofrem grandes e sistemáticas perseguições; de órfãos, refugiados, viúvas e sem-teto de todas as crenças ou de nenhuma…” (WRIGHT, 2011, p. 52).
O deserto é uma escola que nos humaniza mais, é um período onde aprendemos a ser mais obedientes e confiantes em Deus. O deserto faz-nos sair da zona de conforto e percebermos a dor do próximo. Eu quis ressaltar apenas estes dois pontos do livro, mas o capítulo que fala sobre o deserto é grande e vale a pena ser lido.
Eu acho este assunto fascinante e o tenho bem resolvido em minha vida. Aos poucos aprendi a lidar com a sequidão e percebi o quão bom é se encontrar no deserto. Eu sei que nem todos pensam assim e muitos se revoltam e se desviam do caminho quando se encontram nesta situação.
Para estes aconselho buscar, chorar e se derramar em Deus, porém sem esquecer que Deus é Deus e nem sempre, ou quase nunca, Ele age da forma que nós esperamos, por isso que confiar é inevitável para que façamos com que a nossa alma não fique agitada.
BIBLIOGRAFIA
WRIGHT, O Caminho Do Peregrino, A Vida cristã é uma Jornada Espiritual, Editora Palavra, Brasília, 2011.
