SAINDO DA MESMICE

Certa vez uma criança arrebatou o melhor de mim. Eu viajava e  me encontrava diante de uma encruzilhada.  Vi então um menino e lhe perguntei qual seria o caminho para a cidade? Ele respondeu: Este é o caminho curto e longo e este, o longo e curto. Tomei o curto e longo e logo deparei com obstáculos intransponíveis de jardins e pomares.  Ao retornar, reclamei: Meu filho, você não me disse que era o caminho curto? O menino então respondeu: Porém lhe disse que era longo!

Na trilha da sobrevivência,  a mesmice  muitas vezes é o caminho curto,  o mais simples, e que tem custos mais elevados (longos). (BONDER, 1998, página 57).

Uma vez me falaram, enquanto eu planejava começar a faculdade, que entrar na faculdade era fácil, o difícil era sair. Só entendi esta frase de uma maneira plena quando comecei os estudos.

Não foi fácil, era muita leitura, muitos trabalhos escritos e muita canseira, já que eu acordava as 4 horas da manhã para trabalhar e ia dormir por volta da  meia noite. Era pouco sono e muito estudo, mas sou grato a todos os professores por estes desafios. Não crescemos sem desafios, não evoluímos sem suar a camisa ou sem muita canseira e faltas de sono. O caminho da relevância é este, o processo de busca do conhecimento é longo e cansativo, ganha quem aprende a vencer os obstáculos da preguiça. Mesmice segundo o dicionário é:

“Ausência de mudanças; monotonia, marasmo” (dicio).

É interessante ver como os judeus são comprometidos com o estudo. Um menino judeu na época de Jesus, começava a estudar a Torá (os seis primeiros livros da Bíblia) aos 6 anos idade em um ciclo de estudos chamado Beit Sefer, onde até os 10 anos de idade eles  já deveriam ter decorado estes cinco livros. Após estes ciclos de estudos, os alunos voltavam para casa para aprender o ofício da família e os melhores dentre eles continuavam em um segundo estágio chamado Beit Talmud, estudando sob a orientação de um rabino que lhes conduziam aos estudos da lei e suas escolas de interpretação. Estes meninos, após estas séries de estudos, formavam a elite intelectual de Israel (KIVITZ, 2012, p. 7).

A tradição e o ensino sempre foi algo levado a sério por um judeu. E quando falamos de sua cultura que perdura há séculos, falamos de ensinos levados de geração a geração, tamanho o comprometimento e o costume de ensinar. Prática esta que dá resultados visíveis até hoje como bem pontua Claudino Piletti e Nelson Piletti:  

“Os judeus somam hoje 0,2% da população mundial e 20% dos vencedores do Premio Nobel e quase um terço dos matriculados na Universidade de Harvard. Atribui-se essa performance à importância que eles dão ao bom desempenho nos estudos” (PILETTI, PILETTI, 2011, p.27).

A maioria dos brasileiros não se cansam de afirmar que ler é chato e que estudar não é legal. Quando ouço isso eu nem sei como responder. Eu sei que muitas destas afirmações vem por termos um sistema de estudo que não ajuda e um incentivo que a maioria das famílias não dão, mas não justifica.

Eu tive a sorte de crescer em um lar que lia, desde novo aprendi sobre a importância da leitura e o quanto significante é a vida de quem lê. O Brasil não vai mudar enquanto os brasileiros não aprenderem a serem críticos, ao invés de manipulados. Ele nunca vai crescer se ele não aprender a ler sobre ambas posições entes de tomar um posicionamento. E isso ao meu ver é um dos frutos visíveis da falta de leitura e informação. Nunca mais vou esquecer da definição de insanidade segundo Albert Einstein:

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” (significados).

Por isso temos que aprender a arregaçar a manga e sair do mesmo, caso contrário, nunca teremos resultados diferentes. Somos movidos a tomar sempre o caminho mais curto, a lei do menor esforço é sempre usada, porém este é um dos obstáculos importantes a se vencer para sermos relevantes nesta vida. Pois para sair da mesmice é fundamental percorrermos estradas mais longas, porém com ganhos muito mais elevados, é este o ideal que devemos buscar caso contrário continuaremos na mesma.

BIBLIOGRAFIA

BONDER, Nilton, Alma Imoral, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 1998.

PILETTI, Claudino, Piletti, Nelson, História da Educação, De Confúcio a Paulo Freire, Editora Contexto, São Paulo, 2011.

KIVITZ, Ed René, Talmidim, O Passo A Passo Der Jesus, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2014.

https://www.dicio.com.br/mesmice

https://www.significados.com.br/insanidade

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