O próprio conceito de espiritualidade se mistura com a ideia de “servir”. “Qualquer noção de transcendência – ou seja, de que não nos encerramos apenas em nossa individualidade ou existência, é território da espiritualidade” […].
“Servir representa uma intimidade com a vida, uma forma de refinamento. Quando servimos no sentido espiritual, servimos a todos. Em linguagem das tradições, quem serve a Deus, serve a todos. Quando servimos a falsos deuses, não servimos a todos” (BONDER, 2011, p.99).
Costumeiramente falamos: Eu sirvo a Deus, porém com o passar do dia, mal pensamos no próximo, quanto mais ajudar. A pergunta que às vezes eu faço é: Como servir a Deus sem servir ao próximo? É impossível não é?
Quando servimos a falsos deuses, ou a deuses a nossa imagem e semelhança, não servimos ao próximo, aliás, mal olhamos para o próximo. Afinal, ou olhamos para Deus, ou para nós mesmos. Logo, concluímos que se falamos que servimos a Deus mas não servimos o próximo, temos alguns problemas. O autor continua dando ótimos exemplos e histórias rabínicas sobre a importante arte de servir a Deus e ao próximo, e como este servir ao próximo é uma extensão de nosso servir a Deus sendo que de lambuja ainda dá um dos segredos para ser um bom servo:
“O segredo de quem serve é estar na contramão do ego. Enquanto o ego faz de sua função maior ser amado, servir faz uso do ato de amar” (BONDER, 2011, p.101).
Enquanto um busca ser o outro ama, é um verdadeiro desafio se você é orgulhoso. É impossível servir se somos altivos, orgulhosos e temos reputação a zelar. Tirando o fato de que alguns servem em nome de mostrar que são santos ou bondosos, se você não se desvencilhar do orgulho, dificilmente servirá. Mas Nilton Bonder continua, e fecha o livro com chave de ouro:
“Uma das evidências mais significativas de inteligência espiritual está na ênfase dada ao poder de “amar”, conseguindo fazer decrescer a importância de “ser amado”. Quanto mais se serve, em vez de ser servido, maior a inteligência envolvida.
O modelo máximo desta inteligência, o criador, é descrito da seguinte maneira pelo rabino de Karlin: “Possa eu amar alguém que seja maravilhoso, da mesma forma que o criador ama um perverso” (BONDER, 2011, p.102).
É um desafio amar, servir e ajudar o próximo, mas algo importante de buscarmos, já que imitamos um Deus que serviu.
O que podemos aprender com este livro? Que devemos amar o próximo como Deus nos amou, se o seguimos, deve ser por completo, não acha?
BIBLIOGRAFIA
BONDER, Nilton, Fronteiras Da Inteligência, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2011.
