DESINTELIGÊNCIA

Tenho uma máxima em minha vida que tento seguir sempre que possível:

“Eu não discuto com ignorantes”.

Nem todos estão abertos a ouvir, a maioria quer ganhar a discussão e não raciocinar ou discutir ideias. Muitos vivem em profunda alienação e transformam o conversar em um verdadeiro campo de batalha. E quando falo de ignorantes ou alienados, não me refiro a pessoas sem estudo e sim dos que tem a cabeça fechada, só enxergam a vida com seus pontos de vista sem ter a capacidade de analisar e respeitar quem vê a vida com outros olhos. O próprio dicionário já dá uma ótima definição, pois segundo ele ignorante:

“É uma pessoa que ignora a opinião alheia, que pensa que só ela está certa, e que só a opinião dela é válida. Também é por parte orgulhosa por não aceitar estar errada e não conseguir admitir que o outro esteja certo. Quando tem um certo tipo de poder, torna-se muitas vezes arrogante” (dicionário informal).

Nilton Bonder no livro: A Cabala da Inveja, também fala destes ignorantes e de como devemos agir com eles:

“É de grande importância em nosso “enxergar” compreendermos que existem critérios de responsabilidade nas interações agressivas e rancorosas. Um destes critérios é definido por um conceito rabínico conhecido por tinók she-nishbar – “um bebê que não sabe andar”. Segundo ele, somos tão responsáveis por uma criança que apenas engatinha pelo mundo como por aqueles que se encontram nesta categoria. Desta forma, se estamos envolvidos numa interação de briga, devemos sempre delimitar papéis de maneira a definir quem é o timók she-nishbar – o menor. Se o adversário está mergulhado numa rixa, sem capacidade de “enxergar”, aquele que vê torna-se instantaneamente responsável pelo destino da controvérsia” (BONDER, 2010, p. 125, 126).

Nem todos enxergam todos os pontos em uma discussão, as vezes o outro lado não está raciocinando direito  quanto ao assunto discutido e se calar não é perder a discussão e sim, não mais se incomodar com alguém que não quer lhe ouvir.

Eu costumava ver um programa de TV (não lembro mais o nome) que acompanhava policiais durante seus serviços. E quando eles eram chamados para apartar uma briga de vizinhos, ou qualquer briga na rua, o nome dado àquela situação era “desinteligência”. Um nome genial para uma situação tão complicada.

 Conheci muitos que passavam o dia inteiro discutindo na internet, se orgulhando por considerarem um ministério que Deus os tinha dado. Eu gosto do ditado popular que diz:

“O pior cego é aquele que não quer ver”.

Pois muitos discutem só para estar certos, passam por cima da verdade em nome de pontos de vista. Fecham portas para a boa conversa e usam da falta de respeito para afrontar. Muitas vezes não queremos ver o nosso erro, fechamos os olhos para a verdade em nome de ganhar uma conversa.

Nunca mais esqueci de um conselho que recebi muitos anos atrás:

“Guilherme, tome cuidado para que você não ganhe a conversa, e perca a pessoa”.

Ganhar a conversa não é tudo, evangelizar não é empurrar um ideal a todo e a qualquer custo, mas falar da palavra da verdade para quem quer ouvir. Nós não convencemos, só pregamos, quem convence é o Espírito Santo e eu vou mais longe!

Quando tentamos fazer com que o outro engula uma opinião a força, não mais estamos comprometidos com a verdade e sim com nosso ponto de vista. E diante disso, muitas vezes me dou o direito do silêncio, para não alimentar uma discussão que não vale a pena. Nem sempre quem cala consente. As vezes quem cala só tem a certeza de que aquela conversa não vai levar a lugar algum e em nome da paz, se isenta em expressar sua opinião. Lembre-se do ensinamento: “Quem enxerga tem mais responsabilidades do que quem não enxerga”. É um desafio, mas é também uma verdade que temos que praticar a todo o custo.

O forte não é quem confronta, ou quem bate de frente. O forte é quem sabe onde pisa e entende quando deve ficar calado.

BIBLIOGRAFIA

BONDER, Nilton, A Cabala Da Inveja, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2010.

http://www.dicionarioinformal.com.br/ignorante/

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