O SERMÃO DO MONTE PT 11: A VERDADEIRA JUSTIÇA

 “Pois eu lhes digo que se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus” (MT5: 5: 20 ao 48) (NVI). 

Esta passagem é uma espécie de introdução que marca a forma como Jesus interpretava a lei. A forma que Cristo interpretava vários pontos da lei era bem diferente da forma que os intérpretes da época explicavam. É por isso que, antes, vamos entender quem eles eram e como interpretavam a lei.

Os escribas eram sábios e autoridades na interpretação da lei. E os fariseus também eram sábios na interpretação, porém, vinham do povo comum, não eram aristocratas como os saduceus. Eram vistos também como uma espécie de reformadores que no fim acabam incluindo uma porção de atitudes legalistas na interpretação da lei (CHAMPLIN, 2013, p. 462-689). John Wesley resume de forma coesa quem eles eram:

“Os escribas, mencionados com tanta frequência no Novo Testamento, eram alguns dos opositores mais constantes e veementes aos ensinos de Jesus. Não eram secretários ou homens empregados apenas para escrever. […] Eles eram homens instruídos nas leis de Deus, não nas leis humanas […]. Os fariseus formavam um grupo muito antigo entre os judeus. […] Eles só se distinguiam dos outros pela vida mais rigorosa. Exibiam um comportamento mais religioso. Eram zelosos na lei nos detalhes”. (2015, p. 135).

Muitos escribas também eram da seita dos fariseus, que eram vistos pelo povo como zelosos e mais santos, enquanto os escribas eram vistos como mais sábios (2015, p. 135-136). Eles só tinham um problema, eram legalistas e isso está registrado Mateus 23: 13 em diante, nos famosos sete ais de Jesus:

“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo” (NVI). 

Estes religiosos tinham em suas mãos o conhecimento e guardavam para si. No fim, em vez de proclamar o evangelho, fundaram um grupo fechado, deixando o próximo de fora, deixando de praticar o amor e a compaixão. A igreja ao longo dos anos, acabou fazendo isso. Cobravam indultos e se colocavam como únicas donas da verdade, nada tão diferente dos fariseus.

Mas o texto diz que devemos ter a justiça maior que a justiça dos fariseus. O texto não está afirmando que devemos praticar a lei, guardar cada traço da lei e sim, que devemos observar todos os pontos sutis da lei e tomar cuidado com tudo o que nos leva fazer aquele ato pecaminoso:

“Por exemplo, cumprir o mandamento “não matarás” já é suficiente para qualquer cidadão se sentir tranquilo. Entretanto, na ótica de Jesus, o ato de odiar, irar-se contra o outro, considerá-lo tolo desprezível, já é em si um crime contra a vida (QUEIROZ, 2006, p. 119).

Esta passagem toda, que vai do 20 ao 48, é um incentivo para tratarmos o mal na raiz, o assassinato começa com uma pontinha de ódio ou raiva. O adultério começa com um simples olhar e por aí vai. Não nos esqueçamos da importância de nos relacionarmos, ser igreja é conviver e para se conviver, existem regras, diante disso, a nossa justiça deve ser superior a dos fariseus. Deve ser mais do que apenas não matar, ou não cobiçar a mulher do próximo e sim, devemos tomar cuidado com tudo o que nos leva a isso. A justiça dos fariseus era exterior, a nossa deve ser interior. Começa por controlarmos o caos dentro de nós e deixarmos que Cristo limpe a sujeira dentro do nosso coração.

Bem que ser cristão poderia ser apenas não fazer mal as pessoas. Bem que servir a Deus poderia ser apenas não olhar para a mulher do próximo, amar e decorar alguns versículos Bíblicos. Mas infelizmente não é, ser cristão é mais profundo que isso, é lutar contra a prática do pecado, é clamar todos os dias pela misericórdia de Deus.

BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIM, Rn. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo, Editora Hagnos, SÃO PAULO, 2014.

WESLEY, John, O Sermão do Monte, Editora Vida, São Paulo, 2015.

QUEIROZ, Carlos, Ser é o Bastante, Felicidade à Luz do Sermão do Monte, Editora Encontro, Curitiba, Editora Ultimato, Minas Gerais.

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