TODO MUNDO MENTE

No seriado Dr. House a frase que ele mais fala é: “Todo mundo mente”. E para complicar mais ele quase sempre está certo. Durante as histórias ele acaba provando que muitos escondem segredos ou acontecimentos que atrapalham o diagnóstico da doença.

Não me considero tão pessimista assim, não sei se todo mundo mente, mas sei que muitos ou a maioria esconde algo. Vestem uma máscara para disfarçar quem realmente são e alguns conseguem.

Acho interessante nos evangelhos, quando Cristo fala que alguém dos doze iria traí-lo, ninguém olhou para Judas (Mateus 26:21-22). O traidor Judas era um homem acima de qualquer suspeita. Parecia se preocupar com os outros e ser uma boa pessoa mas no fim traiu Jesus.

A verdade é que em algum momento todos nós mentimos ou vamos mentir, às vezes é difícil deixar de vestir a máscara de santo, principalmente quando o outro é quem cai, faz algo errado, inadmissível para um cristão. É irresistível deixar de pagar de crente, santo intocável, ou deixar de agradecer a Deus que aquilo não aconteceu conosco.

 Todo mundo mente quando afirma que não está sujeito aos mesmos pecados, se não mentimos para os outros, mentimos pelo menos para nós, esquecemo-nos de onde viemos e o quanto somos falhos.

Todo mundo mente quando acusa o próximo se colocando como intocável, acima de qualquer pecado. Paulo em 1 Coríntios 10:12, depois de falar do povo de Israel  e suas constantes desobediências, enfatizando que o que aconteceu com eles nos serve de exemplo, fala:

Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!

Afinal, se o povo de Israel que viu as maravilhas de Deus caiu, quem dirá nós.

Por isso que devemos ser humildes, cultivando sempre a compreensão, ajudando o próximo sem legalismos. Todos nós temos dificuldades, todo o cristão tem as suas falhas e pecados no qual luta e com a graça de Deus tenta vencer todos os dias. Gosto da citação de Helmut Thielicke, no livro de Philip Yancey:

“O odor sulfuroso do inferno não é nada comparado com o cheiro ruim emitido pela graça divina putrefata” (YANCEY, 2012, p. 29).

Quando somos tocados pela graça e reconhecemos nossa condição, sabemos quem somos sem Deus e retribuir isso ao próximo é básico. Mais uma vez enfatizo como sempre faço em outros textos, eu não estou justificando cristãos que vivem na libertinagem e sim, falando de pessoas que tropeçam em suas caminhadas. Estes precisam de ajuda e não acusação.

Quando vejo alguém falar mal de um irmão que caiu, sua atitude diz mais sobre ele que sobre a pessoa. Pois nas entrelinhas de sua atitude percebemos que ele não conhece a graça de Cristo e está cego.

                    

BIBLIOGRAFIA

YANCEY, Philip, Maravilhosa Graça, Editora Vida, São Paulo, 2012.

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