POR QUE NÃO SIGO A LEI?

No texto de hoje quero trabalhar um pouco a questão da lei. Alguns não entendem a lei e tem até quem pratica como se a Bíblia assim aconselhasse, diante disso quero responder algumas questões. Por que não sigo a lei? Por que Deus estabeleceu a lei?

A lei do Antigo Testamento era uma aliança entre Deus e o povo que ele escolheu:

“Nos tempos do Antigo Testamento, alianças eram. Com frequência, outorgadas por um suserano com todos os poderes (o chefe supremo) a um vassalo (servo) mais fraco e dependente” (FEE, STUART, 2016, p. 198).

E foi nos moldes conhecidos da época que Israel seguia a Deus e Ele os protegia e abençoava, além dos sacrifícios apontar para o Messias, que iria redimir de uma vez por todas os pecadores.

Por que não mais seguimos a lei? Simples, por que não seguimos o Antigo Testamento (antiga aliança) e sim o Novo Testamento (nova aliança).  E esta nossa nova aliança manda não mais seguirmos a lei:

“Ou seja, a menos que uma lei do Antigo Testamento seja de alguma forma reformulada ou reforçada no Novo Testamento, já não é diretamente obrigatória para o povo de Deus (cf. Rm 6:14,15)” (FEE, STUART, 2016, p. 199).

Constantemente eu enfatizo aos amigos ou nos textos do blog que devemos olhar para o Velho Testamento sempre com o Novo Testamento a tiracolo. Não extraímos ensinos do velho que não tenha no novo, com  isso vamos ver o que o Novo testamento diz sobre a lei. Gálatas 2:19-20 diz:

“Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus.

Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.

Adolf Pohl otimamente completa:

“Paulo diz que morreu para a lei, a fim de viver para Deus. Atrás do fim do domínio da lei surge, como sentido da questão, imediatamente uma troca de senhorio. Cristo troca de lugar com a lei” (POHL, 1999, p. 90).

Não estamos mais debaixo da lei e sim, debaixo do senhorio do Cristo. Seguimos Cristo e não a lei. Romanos 10:4 diz:

 “Porque o fim da lei é Cristo, para a justificação de todo o que crê”.

Telos é a palavra grega para fim, e pode ser traduzido como objetivo ou alvo. Ou seja o alvo da lei é Cristo, a lei aponta para o Cristo (CARSON, FRANCE, MOTYER, WENHAM, 2012, p. 1724). Nos mostra nossas incapacidades, nos mostra o quanto precisamos da graça, a lei aponta para Cristo e o seu sacrifício por nós e também pontua o que é pecado. Eu gosto da tradução de Eugene H. Peterson (2012, p. 1603), para este versículo:

“A revelação anterior tinha a intenção de nos deixar preparados para o Messias, apenas isso”.

Acredito ser uma tradução totalmente autoexplicativa, a lei apontava para o Messias, sua expiação e para a nossa incapacidade de cumprir a lei, dependendo de forma plena da graça. Romanos 7:7-8 diz:

“Que diremos então? A Lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da Lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a Lei não dissesse: “Não cobiçarás”. Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a Lei, o pecado está morto”.

Romanos 5:20-21 também diz:

“A Lei foi introduzida para que a transgressão fosse ressaltada. Mas onde aumentou o pecado transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor”.

A lei é o nosso norte, nos mostra quem somos e aponta para Jesus. Mas aí você me fala que Cristo não veio destruir a lei, mas cumpri-la, citando Mateus 5:17. Além de afirmar, como já ouvi de muitos, que Cristo era judeu, praticava a lei, por isso eu também devo praticar. Afinal, o que significa este cumprir e praticar? Simples, Cristo veio cumprir a lei, pois era o único capaz de fazer:

“Jesus não disse que nós ainda estamos sob a lei, uma vez que de modo nenhum passará uma só letra ou um só traço da lei, até que tudo se cumpra. A resposta é: não; ele não disse isso. O que ele disse (ver Lc 16.16,17) era que a lei não pode ser mudada. Jesus veio para estabelecer uma nova aliança (ver Lc 22,20; cf Hb 8-10), e assim fazer com que o propósito da antiga fosse “cumprido”, e o tempo da antiga aliança chegasse ao fim” (FEE, STUART, 2016, p. 201).

Somos filhos da nova aliança, seguimos o único que cumpriu por inteiro a lei. A lei revela quem nós somos e do quanto precisamos de Jesus. A lei pontua o que é o pecado e aponta para a graça de Deus.

Resumindo: E lei era uma aliança entre Deus e Israel, ela também apontava para Cristo e o seu sacrifício. Não mais seguimos a lei, seguimos a Cristo, conforme otimamente pontua a nova aliança (Novo testamento), e a lei serve para mostrar a nossa incapacidade e o quanto precisamos de Jesus, além de pontuar o que é pecado.

É por este motivo que eu não sigo a lei, pois o propósito dela findou-se com a vinda do Messias. Agora seguimos a Cristo, em vez da lei e somos alcançados não pela prática da lei, mas pela graça, pelo favor que Deus nos fez.

BIBLIOGRAFIA

F, Gordon D. STUART, Douglas, Entendes o que lês? Editora Vida Nova, São Paulo, 2016.

POHL, Adolf, Carta aos Gálatas Comentário Esperança, Editora Esprança, Curitiba, 1999.

CARSON. DA. FRANCE , RT, MOTYER, J. A, WENHAM, G. J, Comentário Bíblico Vida Nova, Editora Vida Nova, São Paulo, 2012.

PETERSON, Eugene, Bíblia a Mensagem, Editora Vida, São Paulo, 2013.

 

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