AROMA DE CRISTO

“Para estes somos cheiro de morte; para aqueles fragrância de vida. Mas, quem está capacitado para tanto?” (Referência: 2 Coríntios 2:14-17).

 Eu gosto muito de cozinhar e acredito que a característica de uma boa comida não é só um bom sabor, mas também um bom aroma, aliás, tudo começa pelo aroma, não é?

Nesta passagem, Paulo também fala de aromas, mais especificamente do aroma de Cristo, só que ele fala uma coisa curiosa sobre este aroma. Que para alguns o aroma leva a morte, para outros leva a vida. Se você ficou confuso e não entendeu, deixa eu lhe explicar o contexto histórico do texto, que você entenderá.

Paulo começa dando graças a Deus que em Cristo ele foi conduzido em triunfo (v. 14), sabemos o quanto Paulo sofreu, por isso, entendemos que a sua mensagem não é triunfalista, mas de superação, de vitória em meio a dificuldades. Logo depois ele fala do aroma de Cristo, Champlin otimamente explica o que é:

“Estas palavras dão prosseguimento à figura simbólica dos conquistadores romanos, em suas marchas triunfais, quando traziam consigo os seus cativos, cuja humilhação grandemente aumentava a glória dos conquistadores. Algumas vezes essa exibição era cruel, no caso de inimigos especialmente difíceis. […] As rotas seguidas por essas paradas eram geralmente assinaladas por piras de incenso, que deixavam escapar nuvens de fumaça fragrante ao longo do caminho a ser percorrido. Nessas oportunidades os templos tinham suas portas escancaradas, grinaldas de flores decoravam todo o nicho, e o incenso subia de todos os altares. Essas coisas “proclamavam” o triunfo, de modo a tornar-se conhecido de todos” (CHAMPLIN, 2014, p. 391).

Para quem estava comemorando a vitória, aquele cheiro de incenso era bom, tinha sabor de vitória. Mas para quem era prisioneiro e estava sendo humilhado diante da nação vitoriosa o cheiro de incenso, apesar de ser bom, tinha odor de morte, de sofrimento.

Quem segue a Cristo sente o aroma da graça, da restauração, quem não segue, sente o aroma de morte. Eu gosto como Eugene H. Peterson parafraseia a passagem de 2 Coríntios 2:14-16:

“No Messias, em Cristo, Deus nos leva de lugar em lugar num desfile de vitória perpétua. Por meio de nós, ele traz o conhecimento de Cristo. Aonde quer que vamos, o povo aspira o excelente perfume desse conhecimento. Por causa de Cristo, exalamos uma doce fragrância que sobe até Deus e é reconhecida pelos que trilham o caminho da salvação – um aroma com agradável cheiro de vida. Mas aqueles que estão no caminho da destruição nos tratam mais como se exalássemos o cheiro desagradável de um cadáver” (2012, p. 1641).

Não é a toa que muitas vezes incomodamos, não é a toa que ouvimos falar de muitos cristãos que sofrem e são mortos por amor a Cristo. Pois estes tem cheiro de morte, de condenação, para muitos que se opõe ao evangelho, mas para quem segue a Cristo, tem cheiro de vida. Esta é a sensação que um cristão verdadeiro, que não modifica a palavra, como bem evidencia o versículo 17, causa nas pessoas, ou seja, incômodo. Paulo não modificava o evangelho nem tirava a parte ofensiva, ele pregava a verdade, sem maquiagens.

Se o evangelho não incomodar, temo que este não seja o evangelho. Se a palavra não causar sensação de querer mudar, de vomitar a sua velha vida e seguir para uma nova vida, estamos no caminho errado.

BIBLIOGRAFIA

CHAMPLIM, R. N. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo. São Paulo: Editora Hagnos, 2014.

PETERSON, Eugene H. A Mensagem: Bíblia em linguagem contemporânea. São Paulo: Editora Vida, 2012.

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