O PECADO DO DESPREZO

“Os pobres são evitados até por seus vizinhos, mas os amigos dos ricos são muitos”. Quem despreza o próximo comete pecado, mas como é feliz quem trata com bondade os necessitados!” (Provérbios 14:20,21).

No período em que eu trabalhei na rua vendendo artesanato, éramos vistos como párias por alguns. Como preguiçosos sem ocupação, frase que eu ouvi de muitos. Graças a Deus que eu nunca liguei para o que pensam de mim.

O lamento nisso tudo é que por trás das pessoas que desprezamos existem histórias, vivências e experiências que colocamos de lado junto com a pessoa. O que não entendemos é que nem todos estão na rua por que querem. Alguns foram levados pelas circunstâncias onde aos poucos, de sua maneira, tentaram sair de seus infortúnios, outros optam por estar nas ruas devido a diversos motivos.

Desprezar o próximo é pecado, como bem pontua a passagem Bíblica. E diante desta verdade faço uma reflexão quanto ao nosso papel de cristãos, em como estamos tratando o próximo, aquele que precisa de ajuda e ignoramos. O quanto estamos praticando o pecado do desprezo.

Um dia fui com um amigo em um evangelismo de rua e entre as pessoas que assistiam estava um mendigo. No fim do evangelismo, aquele mendigo veio falar conosco, contou suas dificuldades, sua batalha contra o álcool e sobre o que tinha levado ele a viver naquela situação. Lá pelas tantas o evangelista fala para o mendigo: “Vou comprar algo para você comer”, porém o mendigo responde prontamente: “Eu não quero comida, quero só ser ouvido, ser abraçado sentir que existo”.

Muitos neste mundão vivem como se não existissem, são negligenciados sem ao menos serem ouvidos. Ao lermos os evangelhos vamos ver que foi aos negligenciados pela religião da época que Cristo dava mais atenção. Atitude que muitas vezes nós, que o imitamos, não fazemos.

Quem despreza o pobre, ou aquele que não tem condições de dar retorno algum, mostra realmente que cristão é: “Um cristão interesseiro”. Aquele que busca apenas holofotes ou estar entre os grandes, este já mostrou a que veio.

Na rua aprendi que cada um tem a sua história, conheci nos becos esquecidos da vida pessoas com sonhos, frustrações e dificuldades e descobri que não é só o frio ou a fome que castigam estas vidas, mas o fato de serem esquecidas e invisíveis na sociedade. É fácil uma pessoa que tem tudo julgar uma que não tem, sem conhecer a sua história ou seus fantasmas, o difícil é ajudar.

Olhar os necessitados e esquecidos é mais do que fazer um assistencialismo. É retribuir ao próximo o amor incondicional com que Deus nos amou. Ou entender realmente quem somos. E se não fosse pela graça de Deus, já estaríamos no esgoto.

É entender que se pela graça fomos salvos, é com o olhar da graça que temos que perceber o próximo.

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