Muitos já devem ter percebido que a minha crítica é ácida quanto à teologia da prosperidade. A Bíblia nos mostra que ser rico, buscar ouro e prestígio não é uma das pautas do evangelho. Ao contrário, uma lida rápida em algumas passagens do velho testamento você vai ver Deus abençoando o seu povo e estes muitas vezes “agradecendo” a Ele virando as costas. Leia a história de Davi e suas mancadas por conta do dinheiro e poder, ou Salomão e suas extravagâncias e muitos outros personagens.
Por conta deste raciocínio você me pergunta: Devemos então viver na pobreza? Eu prontamente lhe respondo: de maneira alguma, o que eu penso que devemos buscar está lá em Provérbios 30:7-9:
“Duas coisas peço que me dês antes que eu morra:
Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário.
Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor? ’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus.
Este importante texto nos traz uma lição que às vezes esquecemos que é a moderação. Costumo falar que dinheiro e poder corrompem e ao estudarmos os ensinos de Cristo vamos perceber o quanto a busca por moderação está no centro de sua mensagem e é justo isso que provérbios enfatiza
Conheço muitos que por causa de sua prosperidade viraram as costas para Deus. A vida nos dá o exemplo de tantos que quando ficaram famosos seguiram seus próprios umbigos e não olharam mais para o Pai Eterno. Eu gosto muito da definição que o dicionário online Dicio nos dá para a palavra moderação:
“Atitude de continuar na medida exata. Comportamento ou característica de quem evita excessos; comedimento. Que demonstra prudência”.
Ser cristão é ser equilibrado, é ter as coisas, mas não ser escravo delas. O cristão já tem um senhor e tudo o que substitui o nosso senhor deve ser descartado. Rob Bell dá um exemplo interessante sobre o perigo do dinheiro ser o nosso senhor:
Uma mansão e um carro de luxo são bens. Não há nada de errado com bens; o problema é o que eles representam para nós quando os usamos e de que forma os desfrutarmos. Bens e posses são substantivos que só significam alguma coisa ao lado de verbos.
Eis por que a riqueza é tão perigosa: se não tivermos cuidado, podemos facilmente ficar com uma garagem repleta de substantivos (BELL, 2012, p. 44).
É sempre bom conquistar as coisas, realizar sonhos, progredir desde que você coloque estas coisas em seu devido lugar. Bens são bons, mas não significam nada se não os usarmos com sabedoria ou colocarmos ele no lugar de Deus.
O segredo é ser sempre grato a Deus, entender a oportunidade que Ele nos dá quando nos presenteia e usar este presente de forma sábia.
BIBLIOGRAFIA
BELL, Rob, O amor vence, Um livro sobre o céu, o inferno e o destino de todas as pessoas que já passaram pela terra, Editora Sextante, Rio de Janeiro, 2012.
