NOVO TESTAMENTO: TESSALONICENSES

Antes de começar a falar sobre uma das primeiras Epístolas Paulinas, quero dar um pano de fundo geral do que seria uma epístola e qual seria a diferença entre epístola e carta.

Epístola no grego significa carta, despacho ou algum tipo de documento escrito. É importante fazer uma distinção entre carta e epístola, entendendo que a epístola é um pouco mais literária, com um conteúdo mais importante e formal. Mesmo que a raiz da palavra no grego seja epistello que também pode significar enviar, ou enviar uma carta. Entendemos que uma epístola tem uma natureza mais formal, com tratados, ordens, tratados filosóficos e coisas do tipo, e a carta não, pois ela fala mais do cotidiano, da vida diária (CHAMPLIN, 2013, p.406). Champlin acrescenta:

“Uma epístola é uma obra de arte; uma carta é um pedaço da vida diária. A primeira é como uma pintura feita com arte. A segunda assemelha-se a uma fotografia feita apressadamente, sem qualquer cuidado” (CHAMPLIN, 2013, p. 406). 

Entretanto, não me limitarei a defender ferrenhamente algum lado desta questão, visto que, o objeto do nosso estudo é o  texto sagrado, a Bíblia. Penso que a característica e o que a palavra já é em seu cerne, já valida à importância da epístola (ou carta).

Vale lembrar que quase ninguém sabia ler e escrever nos dias de Paulo, sendo que os que sabiam ler muitas vezes não sabiam escrever. Escrever era função apenas de alguns, feita por homens especializados. É importante lembrar também que o papel era muito caro, por isso, nem todos escreviam, sendo que a maioria (ou todas) as cartas paulinas foram ditadas, Romanos 16:22 é uma boa prova disso.

As cartas aos Tessalonicenses são consideradas por muitos estudiosos como as primeiras a serem escritas, apesar do pouco tempo que o apóstolo esteve entre eles, segundo o texto de Atos 17, por conta de distúrbios que forçaram os missionários a saírem do local. Sendo que Paulo tentou voltar algumas vezes, mas foi impedido, como deixa claro o texto de 1 Tessalonicenses 2:17-18 (RICHARDS, 2013, p. 1102).

 Sobre a cidade de Tessalônica, sabemos que foi fundada pelo rei macedônio Cassandro e era uma cidade portuária e comercial bem desenvolvida, por estar localizada em um lugar estratégico junto ao mar e por ser rota da estrada imperial romana chamada Via Egnatia. No local também havia uma comunidade judaica muito influente, que dispunha até de uma sinagoga para seus cultos. É desta comunidade judaica que vem Aristarco, um dos colaboradores de Paulo (Atos 19:29; 20:4; 27:2) (BÜRKI, 2007, p. 19).

A carta pode ser considerada uma espécie de carta manutenção, escrita pouco tempo depois dos membros daquela comunidade cristã ouvirem o evangelho. Trata-se portanto de uma igreja nova, que dava os seus primeiros passos e que não poderia estar sendo instruída por conta do episódio que forçou Paulo a ir embora (CARSON, FRANCE, MOTYER, WENHAM, 2012, p. 1920).

A segunda carta tem o mesmo contexto da primeira no qual já vimos. Ela foi escrita por volta de quatro meses depois, com o intuito de esclarecer muitas dúvidas a respeito do futuro que causava confusão naquela igreja. (RICHARDS, 2013, p. 1110). Um dos pontos principais da carta é justo este, novamente Paulo trabalha a questão da vinda do senhor, pois eles acreditavam que o dia tinha chegado, pois o dia para eles era uma extensão de tempo que terminaria com a vinda do senhor. E a perseguição que a igreja sofria, era um dos últimos estágios deste dia. A resposta que Paulo dá é que Cristo não poderia voltar sem antes acontecer muitos outros eventos.

Estas epístolas são muito importantes, pois demonstra de forma bem clara como é fundamental termos líderes que conhecem o evangelho, que estão prontos a ensinar e tirar as dúvidas da igreja. A epístola mostra também como teorias equivocadas dividem e atrapalham o cristão e o quanto a presença de um líder sábio e instruído é fundamental para que a igreja não caia em ensinos equivocados.

BIBLIOGRAFIA

 CHAMPLIM, RN. Enciclopédia Bíblica de Teologia e Filosofia, Editora Hagnos, São Paulo, 2013.

CARSON. DA. FRANCE , RT, MOTYER, J. A, WENHAM, G. J, Comentário Bíblico Vida Nova, Editora Vida Nova, São Paulo, 2012.

RICHARDS, Lawrence, Comentário Bíblico do Professor, Um Guia Didático Completo Para Ajudar no Ensino das Escrituras Sagradas do Gênesis ao Apocalipse, Editora Vida Acadêmica, São Paulo, 2013.

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