“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro” (MT 6:24) (NVI).
Eu constantemente ouvia de alguns amigos que a minha igreja pregava o evangelho da pobreza. Eles volta e meia afirmavam que eu acreditava em uma vida de miséria. Eu nunca acreditei que ser cristão é ser pobre, porém, eu acredito que para tudo há um limite, não precisamos de tanto assim para viver e nem tão pouco para não passar necessidade. O que faz lembrar-me de um texto de Provérbios que considero um importante guia, quando o assunto é este:
“Mantém longe de mim a falsidade e a mentira; Não me dês nem pobreza nem riqueza; dá-me apenas o alimento necessário. Se não, tendo demais, eu te negaria e te deixaria, e diria: ‘Quem é o Senhor?’ Se eu ficasse pobre, poderia vir a roubar, desonrando assim o nome do meu Deus” (Provérbios 30:8-9) (NVI).
Poderíamos resumir este texto em uma só palavra: “equilíbrio”. É disto que o texto fala. E quando falamos em equilíbrio, não discorremos apenas da vida financeira é em tudo. Segundo o dicionário, equilíbrio significa: “Controle emocional; onde a condição mental é estável; autocontrole”. Ou seja, é saber muito bem o que se quer, ter limites, ser comedido e não se deixar levar por emoções, afinal são elas que nos pegam.
Mas o texto começa falando que é impossível servir a dois senhores. Lembrando que servir em grego significa servir como escravo. Em muitas Bíblias a palavra foi mudada, deixando o significado pobre. Mas o que o texto quis nos passar é: É impossível ser escravo de dois senhores. Seria até uma falta de lógica não é? Pois, por mais que naquele tempo um escravo poderia trabalhar para dois senhores, só um era o dono (CHAMPLIN, 2013, p. 330).
Mamom aqui é a transcrição da palavra aramaica e significa riqueza (STOTT, 1982, p. 164). Mas também denominava um deus pagão.
Nem todos concordam que a riqueza é um mal, nem todos aceitariam este versículo, onde provavelmente passariam de largo, ou achariam alguma outra forma de explicá-lo, porém não tem como fugir, o texto é claro. Ou você serve a Deus, ou o dinheiro, ou você se dedica ao Deus eterno, todo poderoso, ou dedica a sua vida a algo que o homem criou e é finito, as duas coisas não tem como:
“Em seu livro Seu Dinheiro em Épocas de mudanças, o escritor Larry Burkett assinala que se encontram na Bíblia mais de 700 versículos mencionando dinheiro e bens, e que dois terços das parábolas de Jesus estão relacionadas com dinheiro e bem. Jesus sabia como os corações dos homens poderiam dividir-se entre Ele e o dinheiro, e deixou claro que precisamos escolher a quem servir, além de agir de modo responsável com o que temos” (MCDOWELL, 2001, p. 173).
Equilíbrio, é este o segredo da vida cristã. É saber do que precisamos, é entender que o poder e a riqueza corrompem, por isso, manter sempre um pé atrás é importante. Millôr Fernandes tem uma frase que resume bem isso:
“O importante é ter sem que o ter te tenha”.
Pois as vezes o que existe para nos ajudar nos engole e nos afasta de Deus. O dinheiro que pode nos trazer um conforto, torna-nos escravos, o que vem para ajudar acaba atrapalhando.
Temos apenas uma prioridade que é Deus, apenas um senhor eterno que é o nosso Pai, e não podemos dividir nossa vida com coisas que não tem valor algum. Só existe um senhor e quando nos afastamos d’Ele por riquezas, estamos servindo um reflexo de nós mesmos, e abandonando o único que é real e poderoso.
BIBLIOGRAFIA
CHAMPLIM, Rn. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo, Editora Hagnos, SÃO PAULO, 2014.
STOTT, John, Contracultura Cristã, A Mensagem do Sermão do Monte, Editora ABU, São Paulo, 1982.
MCDOWELL, Josh, Aprendendo a Amar, Sexo Não é o Bastante, Editora Candeia, São Paulo, 2001.
