CAOS PENTECOSTAL

Passei a minha infância em uma igreja pentecostal, eu vi muita coisa estranha acontecendo, ouvi ensinos dos mais bizarros e afirmações que a Bíblia não faz. Por isso, ao escrever este texto eu falo um pouco de mim, do que eu passei e das coisas que tive que aprender a superar. Não quero denegrir a imagem do pentecostal, conheço inúmeras igrejas e homens sérios, que realmente ensinam o que a palavra diz, o objetivo do texto é expor alguns exageros de alguns pastores que fazem afirmações sem base Bíblica alguma.

Confissão positiva: Isso foi uma das coisas que eu mais ouvi dentro da igreja pentecostal: “A nossa palavra tem poder”. Por isso, para se alcançar algo temos que declarar coisas boas. Se tudo fosse tão fácil assim o mundo já estaria mudado, não acha? Declarar que já estamos curados, que conseguiremos um carro novo, e que desfrutaremos do melhor desta terra não é algo que a Bíblia afirma, não desta forma, lembre-se:

“A alegação de que algum novo ensinamento vem de Deus é absolutamente essencial para o sucesso da agenda de qualquer herege” (MACARTHUR, 2015, p. 56).

Nem sempre pedimos o que é certo, por isso que muitas vezes não recebemos o que pedimos como bem afirma Tiago 4:3. Não se esqueça de que não é a nossa palavra que tem poder e sim o nome de Jesus, nós não temos poder algum. Isso sem contar que o nosso pedido é sempre condicionado a vontade de Deus (1 João 5:14-15). Outra coisa, ser cristão não é “ter”, nem ser rico e sim seguir a Deus tendo a plena consciência de que sem Ele não somos nada. Crer em Deus, colocar aos seus pés nossos problemas e sonhos é uma atitude certa, sem esquecer que tudo vai depender da vontade d’Ele. Ele não é um gênio da lâmpada que nos dá tudo o que pedimos, Ele é um pai que cuida de nós e nos dá o que é melhor, e nem sempre o que nós queremos é o melhor.

Histeria coletiva: Alguns cultos pentecostais são verdadeiras badernas, falações, gente caindo e rodopiando, práticas que não encontramos na Bíblia. Ao contrário, a Bíblia fala que o culto deve ser ordeiro, leia com calma 1 Coríntios 14:26-40, está tudo lá bem explicado. Isso sem contar que o falar em línguas não dever ser com todos ao mesmo tempo e deve haver intérprete caso contrário, todos devem ficar calados, entre tantos outros conselhos que o texto dá (1 Coríntios 14:26-27):

“Como o Novo Testamento deixa claro, ser um cristão “cheio do Espírito” não tem nada a ver com proferir coisas sem sentido, cair no tapete em um transe hipnótico, ou ter qualquer outro encontro místico de suposto poder estático. Pelo contrário, tem tudo a ver com submeter nossos corações e nossas mentes à palavra de Cristo, andar no Espírito e não na carne e, diariamente, crescer em amor e afeição pelo senhor Jesus e no serviço de todo o seu corpo, a igreja” (MACARTHUR, 2015, p. 235).

O centro do culto é Deus, não nossas vontades, desejos e sentimentos. É Deus que deve ser adorado e não o homem. Quando fazemos um culto voltado a nós e nossas vontades, com certeza veremos todo o tipo de bizarrices acontecendo, atitude que demonstra que o culto não está sendo feito com a intenção certa.

Segunda unção: Em muitas igrejas o batismo no Espírito Santo é algo que acontece depois da conversão, e tem como evidência o falar em línguas. Outro ensino complicado, primeiro porque o falar em línguas é um dom e nem todos têm, por ser um dom. Sobre o pentecostes, descrito lá em Atos 2, aquilo não foi uma segunda unção, o dom de línguas foi uma manifestação milagrosa que tinha como propósito a pregação da palavra, pois todos ouviam a mensagem em sua própria língua conforme o texto de Atos 2, ele é bem claro, leia ele inteiro. O pentecostes foi um milagre da pregação, e não uma unção especial.  Dividir a igreja em crentes batizados com o Espírito Santo e crentes não batizados é um erro. Quando aceitamos a Cristo somos batizados, nossa vida é transformada, temos nova vida. O falar em línguas é apenas um dom e um dos menores, e não uma evidência de sermos batizados com o Espírito Santo, como muitas igrejas erroneamente ensinam. A mudança de vida sim é uma evidência, conforme Gálatas 5:22 otimamente nos diz.

Tudo é o demônio: Esta é uma prática comum entre pentecostais, por a culpa dos nossos problemas no demônio. Se eu vou mal financeiramente é culpa do demônio devorador, e não da minha má administração. Se eu estou mal de saúde é culpa do demônio, e não da minha negligência em me cuidar. Se meu casamento está mal, é culpa do capeta e não minha da falta de diálogo com meu conjugue. É fácil culpar o capeta em tudo, é fácil terceirizar a culpa, pois assim nos isentamos de olhar para os nossos erros e mudar. Não estou afirmando que o mal não tenha culpa alguma, algumas vezes ele até tem sim, mas na maioria das vezes estamos com problemas por conta de nossa própria cabeça dura.

Somos o povo da Bíblia, por isso que se não está na Bíblia, não devemos aceitar. Por a prova todo o ensino é básico para que construamos uma fé fundamentada em Cristo e não em falácias.

“Desde o principio, a batalha entre o bem e o mal tem sido uma batalha pela verdade. A serpente, no jardim do Éden, começou a sua tentação questionando a veracidade de instrução anterior de Deus” (MACARTHUR, 2015, p. 244).

Não mudou muito desde o episódio descrito no Gênesis, continuamos com a missão de estudar e entender a palavra, para que assim não caiamos em enganos do inimigo. O problema é que muitas vezes não vemos como instrumentos do diabo estes pastores que ensinam coisas que não estão na Bíblia, e é esta uma das afirmações que o próprio Lutero faz:

“Seja o que for que não tiver sua origem na escrituras é certamente do próprio diabo” (MACARTHUR, 2015, p. 244).

Por isso estude, questione e leia, não só a Bíblia, mas livros e artigos de autores relevantes que estudam a Bíblia já algum tempo.  E atenção, se a comunidade cristã no qual você é membro não permite questionar e estudar desconfie.  Uma igreja séria dialoga, permite questionamentos e o estudo, se este não é o seu caso repense a sua permanência nesta comunidade.

BIBLIOGRAFIA

MACARTHUR, John, Fogo Estranho, Um olhar questionador sobre a operação de Espírito Santo no mundo de hoje, Editora Thomas Nelson, Rio de Janeiro, 2015.

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