O SERMÃO DO MONTE PT 23: A REGRA DE OURO

Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (MT 7:12) (NVI). 

Conta-se que o Rabino Hillel por volta de 20 a. C. foi desafiado, juntamente com seu maior rival o Rabino Shammai a explicar toda a lei em um espaço de tempo em que o desafiante conseguisse ficar equilibrado em uma só perna. Seu maior rival desistiu, porém, o Rabi Hillel explicou com apenas uma frase, que por sinal é muito parecida com a frase de Jesus (STOTT, 1982, p. 200). E a frase é: 

“O que você achar odioso, não o faça a ninguém. Esta é toda a lei; o restante não passa de comentário” (STOTT, 1982, p. 200).

Eu acho realmente muito poderoso encontrar interpretações da Bíblia parecidas com algumas interpretações de Cristo. Muitos dirão que isso invalidará o ensino de Cristo, dando a entender que Ele estava imitando outras pessoas. Eu não penso assim, acredito que, quando vemos o reflexo de bons ensinos proferidos por outros antes de Cristo, chegamos apenas a uma conclusão: “que estes entenderam o evangelho”. O interessante é que Jesus inverteu a frase, de negativa para positiva, não é mais não faça e sim faça. Diante da premissa, Jesus nos desafia a ir e tratar bem o próximo, a ser um bom amigo, um bom irmão, nos desafia a ir e fazer. Isso nos traz soluções para inúmeros problemas de convivência, já que nem todos possuem respeito ao espaço alheio. Ouvem músicas altas no ônibus, ou jogam lixo na rua, sem entender que a poluição é um problema que atinge a todos e por aí vai. Eu gosto como Eugene Peterson traduz esta passagem:

“Aqui está um guia simples e objetivo de conduta: pergunta a você mesmo o que quer que os outros façam a você, e, então, faça o mesmo a eles. Na verdade, nisso se resumem a Lei e os Profetas” (2012, p. 1386).

Um tempo atrás, em uma antiga igreja que eu frequentava, ao chegar mais cedo para o culto de domingo, esbarrei com um grupo de pessoas falando mal de um colega, que era um tanto quanto inconstante em sua vida com Deus. Volta e meia aquele colega aprontava alguma e o pastor, com toda a paciência estendia a mão e o ajudava, por anos foi assim. E aquele grupo de pessoas não entendia porque o pastor não tinha largado mão daquele discípulo. No meio daquelas indagações eu me meti, pois eu havia sido um cara parecido com aquele membro “problemático”. Este mesmo pastor me deu inúmeras chances onde no fim, acabei mudando e dou graças a Deus pela paciência daquele homem. Hoje este membro é um missionário atuante, com um trabalho muito bem feito com pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

Trate o próximo como gostaria de ser tratado, tenha a paciência que gostaria que tivessem contigo e demore muito em julgar. Pimenta nos olhos dos outros é refresco, como diz o ditado, mas quando é em nossos olhos a coisa muda, não é assim? É fácil falar do vizinho drogado, do colega problemático, do amigo depressivo, mas quando é conosco ou com nossos familiares, são outros quinhentos.

Cada um sabe onde o seu calo dói, e é por isso que devemos ser solícitos com as dificuldades alheias. Seja o que você espera do outro, compreenda como gostaria de ser compreendido, faça como gostaria que fizessem contigo. Esta é toda a lei de Deus, uma ótima lei de convivência e uma prática fundamental para quem também tem inúmeros defeitos, sendo eles, apenas diferentes dos defeitos do próximo.

BIBLIOGRAFIA

PETERSON, Eugene H, A Mensagem, Bíblia em linguagem contemporânea, Editora Vida, São Paulo, 2012.

STOTT, John, Contracultura Cristã, A Mensagem do Sermão do Monte, Editora ABU, São Paulo, 1982.

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