Em tempos de eleição é sempre a mesma coisa, políticos aparecem, promessas vêm à tona e a velha ladainha é entoada. O que me angustia é que não há nada de novo debaixo do céu, qualquer pesquisada mequetrefe é o bastante para vermos que o tom da política nunca mudou, pois os velhos golpes ainda surtem efeitos, e o povo continua sendo feito de idiota como sempre.
Eu nunca sei se me envergonho ou se sinto raiva, pois os mesmos continuam chegando ao poder, a falta de profundidade continua sendo os erros desta nossa sociedade, sendo que em pleno século XXI as fake news prosseguem fazendo muitos de trouxa.
A política é uma de nossas grandes conquistas, ter a oportunidade de participar do processo de escolher os nossos governantes é uma oportunidade sem igual, um privilégio que temos e que devemos valorizar. Entretanto, sem reflexão, acabaremos por eleger os poucos que usam da emoção para conquistar o poder.
Penso que o desafio é conseguir distinguir o político que quer fazer um trabalho sério (eu tenho esperança que ainda exista algum), daqueles oportunistas, que acreditam que a política é o melhor caminho para o seu bem estar. Acredito que o segredo é tentar enxergar quem pensa no coletivo, dos que pensam apenas em si. De quem olha para todos e não para uma classe de pessoas apenas. Nilton Bonder, no livro: Alma & Política, pontua justamente esta questão:
“O perigo da política e do poder é que se transformem num forte instrumento para que o ser humano pense de forma estreita, ou seja, para que se restrinja em seu pensamento” (BONDER, 2018, p. 76)
O segredo é procurar o político que olha para fora, que tenta dar voz a muitos e propor soluções no qual a maioria seja beneficiada e para isso, fórmulas simplistas, parcialidade e apelos populistas devem ser abandonados:
“O que ocorre com a má política é que sua parcialidade a transforma num empecilho para que o fim seja alcançado” (BONDER, 2018, p. 76)
Por um lado eu concordo que cada um deve escolher seu modelo político, por outro eu creio que está em falta neste nosso cenário à humildade, um diálogo inteligente e a troca de informações, e não insultos. O grande medo é que a solução para resolver estes embates parece distante, pois a população tem teimado em não dialogar.
Tenho ficado preocupado com o fato dos políticos corruptos estarem sendo ovacionados, como se os mesmos não tivessem culpa de serem pilantras. Eu também fico receoso quando ouço pessoas falarem que vão votar no político ladrão, por conta de que ele rouba, mas faz, este tipo de papo é muito antigo, mas tem passado de geração para geração como se fosse algo inteligente.
No final das contas o nosso problema é de valores, de ética e coerência, e de cultivar um pensamento ampliado. A estreiteza da nossa forma de dialogar tem feito com que o nosso país siga para a bancarrota, pois enquanto brigamos por políticos, os mesmos saqueiam a nossa nação sem dó.
Temos que aprender a ver as propostas políticas em primeiro lugar, a analisar a índole de quem quer um cargo público e a não aceitar políticos corruptos ou que se calam ante a corrupção, o que eu considero uma atitude ainda pior.
A mudança nunca virá se nós não nos posicionarmos, o Brasil continuará o mesmo se não aprendermos a sermos cidadãos e a tratar a política como um movimento sério e não da forma como temos tratado nestes anos todos.
Não vote em um herói, muito menos em quem rouba, mas faz, mas procure em seu candidato a coerência e a seriedade. Verifique o seu passado político, veja o quanto ele faz, e analise também sua vida particular, como ele viveu e como tem vivido. O nosso jeito de ser diz muito do que nós somos, aprenda também que o que dizemos e como agimos reflete muito quem somos e como vamos agir após eleitos, por isso abra o olho e preste atenção nestes detalhes.
BIBLIOGRAFIA
BONDER, Nilton, Alma & Política, Um regime para seu partidarismo, editora Rocco, Rio de Janeiro,2018
