BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

O tema batismo com o Espírito Santo é um tanto quanto controverso, divide as opiniões de cristãos pentecostais e reformados ou de igrejas mais clássicas. Afinal, o que é ser batizado com o Espírito Santo? Falar em línguas é uma evidência de ser batizado com o Espírito Santo? O batismo ocorre antes ou depois da conversão? São estas questões que vamos ver neste texto.

Primeiro vamos ver como o cristão pentecostal entende esta questão. Um pentecostal entende o batismo com o Espírito Santo como algo posterior a conversão e que traz grandes bênçãos aos cristãos. As ideias básicas, segundo alguns teólogos, vieram de Charles Fox Parham, sendo difundidas consolidadas por Joseph William Seymour (MACGRATH, 2005, p. 162). Diante disso, a divisão de cristão comum e cristão batizado no Espírito Santo é visível em toda a igreja pentecostal. Sua principal base bíblica vem de Atos 2,  e Atos 10:48-48, e do fato dos apóstolos receberem o batismo prometido por Cristo após a sua conversão, depois que Jesus subiu aos céus (Atos 1:4-5). Este é o principal argumento de um pentecostal para o fato do batismo vir depois da conversão, e o batismo com evidência em línguas vem de Marcos 16:17 que diz:

“Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas…”.

Quem crê, segundo eles, fala em línguas entre outros dons. E é claro que Atos 2 seria o cumprimento do que Jesus havia dito. Vale lembrar que alguns pentecostais afirmam que a evidência de uma pessoa ser batizada com o Espírito Santo não é o dom de línguas e sim a mudança de vida, o que eu acho muito coerente, afinal, quando o Espírito Santo entra em nossa vida, a mudança, os frutos, devem ser visíveis (Gálatas 5:22), mas como eu disse, são apenas alguns, não a maioria.

Já o cristão reformado ou de igrejas clássicas, entende que o batismo no Espírito Santo vem na hora da conversão:

“Batismo no Espírito Santo”, portanto, deve-se referir à atividade do Espírito Santo no início da vida cristã quando Ele nos dá nova vida espiritual (na regeneração), além de nos purificar e conceder um claro rompimento com o poder do pecado e o amor por Ele (o estágio inicial da santificação) (GRUDEM, 2010, p. 639).

Quando nos convertemos somos batizados, isso não se dá após a conversão e sim no momento da conversão, o versículo base é 1 Coríntios 12:13:

“Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito”.

O texto é claro e enfatiza que é o batismo que nos faz corpo de Cristo, diante desta verdade a experiência não pode ser após a conversão. 

Aí você me pergunta, então o que seria o dia de pentecostes descrito lá em Atos 2? Grudem explica:

“O dia de pentecostes foi o ponto de transição entre a obra e ministério do Espírito Santo na antiga aliança a obra ministério do Espírito Santo na nova aliança” (GRUDEM, 2010, p. 640).

É claro que o Espírito Santo é visível também no Velho Testamento, mas com muito menos atuação. Uma vez feita esta transição, nunca mais ocorreu ou é preciso ocorrer. As inúmeras manifestações do Espírito Santo que ocorreram nos tempos dos apóstolos foram alguns momentos únicos na história da igreja e nunca mais ocorreu (Atos 2:1-13; 8:14-17; 10:44-48; 11). Além de marcar o início da igreja cristã e ter servido de uma capacitação para os apóstolos. Tal qual Cristo, que Durante o seu batismo também foi capacitado pelo Espírito Santo quando este desceu em forma de pomba (Lucas 3:21-22). Vale lembrar que o principal milagre ocorrido Durante a descida do Espírito Santo em Atos 2 foi que várias pessoas ouviram a mensagem em seu próprio idioma, mais de três mil pessoas foram convertidas nos mostrando que o evangelho é para todos.

Cristo subiu e o Espírito Santo desceu e mora conosco em nosso coração. Todos os que são cristãos são batizados no Espírito Santo. Lembrando que o dom de falar em línguas estranhas não é uma evidência do batismo, pois Paulo fala que é um dom, nem todos têm este dom. (1 Coríntios 12:30), e fala também que em uma igreja  apenas três deve falar e com alguém para interpretar (1 Coríntios 14:27)  se não houver intérpretes que se calem (1 Coríntios 14:28).

Mas aí você de novo me pergunta: como explicar a manifestação do Espírito Santo nas igrejas pentecostais? Alguns vão afirmar que é emoção, outros que é uma manifestação mais plena do Espírito Santo no meio da igreja, concedendo dons, milagres e maravilhas. Eu acho possível qualquer uma das duas opções, porém não posso afirmar que é emoção, muito menos afirmo que é o Espírito Santo, deixo para você que vive neste contexto julgar. Já vi muita coisa acontecer para afirmar que isso não existe, apesar de muitas vezes ter visto muito mais emocionalismo que o mover de Deus.

Somos regenerados pelo Espírito Santo no momento de nossa conversão, não existe o cristão comum e o batizado. Existe o cristão e ponto final. Agora, o Espírito Santo pode até se manifestar de forma especial em algumas igrejas, tal qual acontece em algumas igrejas pentecostais, mas na maioria das vezes, ou em uma boa parte delas é emoção. Coisa que eu já vi muito acontecer na igreja, porém não me arrisco dizer que esta manifestação não existe, por conhecer quem já vivenciou isso e por já ter visto alguma coisa, como já afirmei.

Não acho que eu esteja certo em apontar o dedo para alguém e afirmar que a sua experiência é fruto de sua imaginação, só quem já passou por isso pode confirmar, quem nunca passou acaba tendo que confiar em quem descreve suas experiências. Afinal, a Bíblia não afirma que a capacitação do Espírito Santo nunca mais iria acontecer, como aconteceu naquela época, deixando uma brecha pequena para concluirmos que eles podem ter razão, apesar de eu ter um pé atrás e achar possível concluir que o que aconteceu no tempo dos apóstolos foram só para eles.

BIBLIOGRAFIA

GRUDEM, Wayne, Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, Editora Vida Nova, São Paulo, 2010.

MCGRATH, Alister, Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica, Uma introdução a Teologia Cristã, Shedd Publicação, São Paulo, 2014.

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