“Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei” (MT 7:28-29) (NVI).
O Sermão do Monte termina fazendo uma crítica aos fariseus. Aliás, no Sermão inteiro, direta e indiretamente vemos Cristo tecer muitas críticas aos religiosos daquela época. Jesus não criticava quem não o conhecia e sim, a igreja que se achava detentora da verdade, sendo que, no fim nem ela entendia a verdade.
É interessante como Cristo constantemente é lembrado como um Deus de amor, que morreu por nós. Mas poucas vezes é lembrado como um Deus que não compactuava com o pecado, que derrubava as mesas dos vendilhões do templo ou que fazia pregações ácidas e duras. Jesus é amor, mas também não dava moleza quando o assunto era hipocrisia, pecado e legalismos.
Nestes dois últimos versículos deste sermão, o texto começa dizendo que a multidão se admirou, o termo certo seria que elas estavam atônitas, foras de si:
“Literalmente, são expressões fortes como “fora de si” ou “atônitas”. As amostras dos discursos dos rabinos, na Mishna, na Gemara e no Talmude, usualmente eram secas, insípidas, desconjuntadas, que continham declarações desconexas sobre todos os problemas humanos” (CHAMPLIN, 2014, p. 344).
Resumindo, Jesus Cristo era sábio, não precisava fingir que sabia, Ele tinha autoridade, pois tal poder vinha direto de Deus. Os fariseus eram legalistas não viviam o que falavam e se esqueciam de olhar o próximo com o olhar de misericórdia e esperança. Mais uma vez faço uso da tradução de Eugene Peterson para entendermos estes últimos versículos:
“Quando Jesus concluiu seu discurso, a multidão o aplaudiu. Eles nunca tinham ouvido um ensino assim. Era óbvio que ele vivia o que pregava, em contraste com os líderes religiosos do povo! Foi a melhor aula que eles já tinham ouvido” (2012, p. 1387).
Eu cresci ouvindo a máxima: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Uma bela frase para quem quer cultivar uma vida hipócrita, ou para quem quer exigir do próximo sem se esforçar para falar do que vive. Este era um dos defeitos dos religiosos do tempo de Jesus:
“Em todo o livro, Mateus deixa evidente o propósito de fazer uma diferença, uma distinção entre os ensinos de Jesus Cristo e os ensinos dos religiosos dominantes de seus dias. Somente Jesus Cristo poderia falar, diferentemente deles” (QUEIROZ, 2006, p. 206).
Foram 26 textos contendo os mais variados ensinos, proferidos de forma clara pelo próprio Cristo. Aprendemos quem são as verdadeiras pessoas felizes, sobre a nossa missão de sermos sal e luz, sobre a lei, como ofertar, como orar, jejuar e qual é o nosso verdadeiro tesouro, entre tantos outros ensinos. Mas talvez a principal lição seja: “viva o que você fala”. Não seja hipócrita, nem represente um papel, como um ator querendo representar, buscando ser quem ele não é.
É evidente que não temos o poder e nem a autoridade de Cristo, Ele era Deus, com um poder sem igual e demonstrou isso através de sua palavra e autoridade. Mas podemos tentar viver como Ele viveu, ou seja, como um livro aberto, vivendo o que falamos, sendo conscientes de quem somos e porque somos salvos.
BIBLIOGRAFIA
PETERSON, Eugene H, A Mensagem, Bíblia em linguagem contemporânea, Editora Vida, São Paulo, 2012.
CHAMPLIM, Rn. O Novo Testamento interpretado Versículo a Versículo, Editora Hagnos, SÃO PAULO, 2014.
QUEIROZ, Carlos, Ser é o Bastante, Felicidade à Luz do Sermão do Monte, Editora Encontro, Curitiba, Editora Ultimato, Minas Gerais, 2006.
