Não foram poucas as vezes que amigos acharam estranho o fato de eu ler e gostar de ciência, ao fazer tal afirmação, fui chamado de “diferente” e contraditório, coisa que eu não entendi muito na ocasião. O que me restou foi mostrar a história da ciência, para que eles vissem o quão sem fundamento eram suas afirmações. Sendo que o propósito deste texto é justo este, mostrar como a ciência começou e continuou sendo feita por muitos cristãos até o dia de hoje.
É um tanto quanto comum no Brasil pessoas acreditarem que cristãos são avessos a ciência. O que é incomum é estas mesmas pessoas não conhecerem a história e não saberem o quanto a igreja esteve envolvida no estudo e pesquisa da natureza a fim de buscar explicações:
“Durante a maior parte de história do ocidente, a ciência foi um empreendimento filosófico e/ou teológico, e seu objetivo era contribuir para nosso entendimento deste mundo” (OLIPHINT, 2018. p. 159).
Fé, estudo e ciência nunca estiveram desconectados, afirmar que o cristão é avesso ao estudo e ao avanço científico é de uma inocência brutal, uma desinformação alarmante.
A título de curiosidade, em tempos antigos, quando era falado em ciência era incluso entre estes os filósofos pré-socráticos, Platão e Aristóteles. Afinal, naquela época a filosofia e a ciência andavam de mãos dadas. Foi apenas algum tempo depois que a filosofia se desligou da ciência e acabou se tornando o que conhecemos hoje. Entre os principais cientistas e pensadores se é que poderíamos chamar estes assim, poderíamos destacar Domenico de Gundisalvo, que dividiu a ciência em humanas e divinas. Hugo de São Vitor que dividiu as inúmeras formas de ciência em teóricas, práticas e mecânicas, ou até o padre Roger Bacon, que acreditava que a Bíblia era o fundamento do conhecimento humano (CHAMPLIN, 2014, p. 644).
Entre todos os cristãos citados e muitos outros que nem ao menos mencionamos, talvez Francis Bacon (1561 – 1691) seja um dos mais importantes. Ele é pai do método científico, sendo que a sua abordagem era a parte da religião, contudo, mesmo não sendo ligado, ele afirmava que as suas afirmações tinham um ponto de partida cristão ao explicar a natureza (OLIPHINT, 2018. p. 159). Outro autor cristão importante foi Robert Boyle (1625 – 1691), um dos pais da química moderna, que afirmava:
“A “ciência” não poderia progredir enquanto fosse praticada com pressupostos ateus. Segundo ele, “o universo não pode ser o ‘resultado do acaso e uma confluência tumultuada de átomos’”” (OLIPHINT, 2018. p. 160).
Enfim, poderíamos citar inúmeros outros cristão que foram cientistas sérios como:
“Louis Pasteur (bacteriologista), Issac Newton (cálculo e dinâmica), Johannes Kepler (mecânica celestial) […] Georges Currier (anatomia comparada), J. Fleming (eletrônica), Maxwell (eletrodinâmica)” (NICODEMUS, 2018, p. 132).
A lista é enorme, não colocarei todos os nomes aqui, mas acredite, Deus e a ciência, nunca estiveram separados, ter fé não nos impede de pensar e questionar. O ganhador do prêmio Nobel de física chamado Heisenberg tem uma frase que pontua muito bem esta questão:
“O primeiro gole do copo das ciências naturais fará de você um ateu. Mas, no fundo do copo, Deus o aguarda” (NICODEMUS, 2018, p. 132).
Quem já leu um pouquinho sobre ciências sabe o quão complicado são inúmeros fenômenos naturais, mas não é contraditório crer que no fim, um arquiteto criou tudo conforme sua sabedoria. Pois a ciência não explica e nunca explicará tudo, por isso, Deus acaba sendo a explicação mais lógica. Adauto Lourenço, que tem mestrado em física pela Clemson University (EUA), além de ser bacharel em teologia, escreve algo interessante no último capítulo do seu livro Gênesis 1 & 2:
“Como foi visto, a interpretação literal dos capítulos iniciais de Gênesis não apresenta nenhuma dificuldade científica. Obviamente, ela não é compatível com a proposta evolutiva. Mas a proposta evolutiva é apenas uma proposta, colocada em forma de teoria e longe de ser um fato inabalável da Ciência” (LOURENÇO, 2015, p. 209).
A verdade é que eu não creio que o nada produz alguma coisa, eu nunca vi o nada ganhar vida, pensar e arquitetar, é por isso que eu creio em um Deus que pensou e arquitetou toda a criação. Agora como isso se deu, temos inúmeras teorias, não só a teoria da evolução. Por isso pesquise antes de falar bobagens, pois no Brasil só ensinam a teoria da evolução, mas existem inúmeras teorias científicas que explicam o surgimento do universo. Sendo que entre todas as teorias está o design inteligente, que resumindo, defende a ideia de que causas inteligentes formaram o universo:
“Por meio dos estudos científicos, baseados nas leis da natureza e nos processos naturais, pode-se demonstrar que tanto o universo quanto a vida teriam sido criados. Pois, pelos processos naturais e pelas leis da natureza conhecidos, tanto o universo quanto a vida jamais teriam vindo à existência espontaneamente”
“Isso é um fato científico que pode ser demonstrado em qualquer laboratório por qualquer cientista, sendo ele de posicionamento evolucionista ou criacionista” (LOURENÇO, 2015, p. 209).
Enfim, eu sempre digo para quem acredita na evolução, que é preciso ter muito mais fé para acreditar nesta teoria, do que acreditar que Deus arquitetou tudo. Sendo que eu acho confuso e contraditório alguém afirmar que os cristãos são burros, por acreditarem que Deus formou tudo, visto que o nada não forma nada ainda mais quando falamos do complexo universo, o corpo humano ou as células.
Deus e a ciência sempre caminharam juntos, fé nunca foi desligada do pensar, pois quem crê pensa, duvida e dialoga. Acreditar que a igreja é alheia ao estudo e a investigação é não conhecer a história, é não ver o passado e toda a evolução que a ciência teve de lá pra cá, e não enxergar também o presente e tudo o que cientistas cristãos têm feito até agora.
BIBLIOGRAFIA
NICODEMUS, Augustus, Cristianismo simplificado, editora Mundo Cristão, São Paulo, 2018.
OLIPHINT, K. Scott, Por que você acredita, editora Thomas Nelson, Rio de Janeiro 2018.
CHAMPLIM, RN. Enciclopédia bíblica de teologia e filosofia. 10° ED. SÃO PAULO, HAGNOS. 2011.
LOURENÇO, Adauto, Gênesis 1 & 2, A mão de Deus na criação, Fiel Editora, São Paulo, 2015.
