AGENDA INTERNA

É muito comum seja em sala de aula, em redes sociais ou até em uma roda de conversa, termos muitas opiniões sobre um mesmo assunto. Normal, opinar ou ter pontos de vista é intrínseco ao ser humano, faz parte de sua natureza. O curioso é que mesmo que duas pessoas tenham diante de si o mesmo objeto de pesquisa, com os mesmos resultados de análise, estas duas pessoas certamente, ou muitas das vezes, terão conclusões diferentes.  Isso se dá por conta de vários motivos, contudo, neste texto quero falar apenas de um deles, talvez o principal, que são os nossos comprometimentos internos.

Todo o ser humano acredita em algo, todos nós temos nossos pontos de vistas sendo que são as nossas crenças e comprometimentos que nos levam a interpretar fatos de maneiras diferentes. Scott Oliphint complementa:

“Os fatos são realmente teimosos, mas sua teimosia não se compara à teimosia quase insuportável de nossos comprometimentos básicos. Esses comprometimentos tornam-se a lente através da qual lemos os fatos” (OLIPHINT, 2018. p. 100).

Costumo nomear este fenômeno de agenda interna, ou seja, crenças e conceitos que acabam norteando nossos pontos de vistas e interpretações dos fatos, o grande desafio é justamente conseguirmos deixar de lado estes comprometimentos e olhar para os fatos de forma totalmente neutra  sem que esta agenda interna nos influencie.

O que eu tento fazer como estudioso nestes casos é antes de tudo, procurar enxergar os fatos de todos os ângulos. A filosofia existe justamente para este propósito, fazer com que o homem olhe as situações de maneira ampla antes de emitir uma opinião ou tomar uma decisão. É desafiador ser neutro e em alguns casos, é quase impossível, ainda mais quando o fato envolve emoção, mas é importante tentarmos deixar a emoção de lado a fim de que tenhamos a melhor conclusão sobre o caso.

Outra atitude que eu tomo nestes casos é pesquisar. Por isso eu leio sobre o assunto, pesquiso e fujo de opiniões sem base e fundamento. Quanto mais você conhece, mais você terá uma conclusão mais acurada e coerente. Entenda que durante nossos estudos e pesquisas, temos que tentar ser imparciais, para que assim, possamos tomar a melhor decisão, o melhor caminho a seguir ou a melhor reflexão.

Por último, tento cultivar a humildade, pois eu tenho certeza apenas de uma coisa: nós somos muito limitados para acharmos que sabemos de tudo, que a nossa opinião é infalível, que somos imbatíveis.

Diante dos fatos eu tento cultivar a humildade, procuro ouvir o próximo e tomo cuidado para que a minha agenda interna não faça com que eu vire uma pessoa intragável, dono da verdade, que acredita que apenas a minha opinião é a certa.

É fundamental termos crenças, isso não é um erro, ao contrário, isso é ser humano. Contudo, uma vida relevante é construída a partir do estudo, do ouvir o próximo e de duvidar de si mesmo constantemente. Entenda quem você é, ponha na cabeça que todo o ser humano é limitado, com isso, ser humilde, buscar conhecimento e não ser arrogante é o caminho para sermos relevantes, seguindo a vida aprendendo e crescendo cada vez mais.

BIBLIOGRAFIA

OLIPHINT, K. Scott. Por que você acredita. Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson, 2018.

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