MISSÃO URBANA II: A MISSÃO NA BÍBLIA

Missionário não são apenas aqueles viajantes, mas também nós, em nosso trabalho, no bairro e entre nossos amigos. Segundo o dicionário, missionário é:

“Aquele que se dedica à pregação de sua fé; pregador. Aquele que se dedica a propagar uma ideia” (Dicio).

A missão urbana, tal qual a missão, começa lá em Abraão, em um chamado de Deus. Não se esqueça de que é Deus quem nos encontra, é ele que nos chama, e não nós que o achamos. Abraão teve uma missão, o próprio Deus se revelou e disse que dele sairia uma grande nação, e saiu. Foi através desta nação que Deus se revelou, mostrou quem ele era e fez a sua vontade.

A parte interessante deste chamado é que Abraão não foi apenas o primeiro dos patriarcas de Israel (Gênesis 12:2), mas também alguém que se importou muito com as pessoas de Sodoma.

Após Deus revelar a ele que destruiria Sodoma (Gênesis 18:23), Abraão dialogou com Deus e até barganhou, atentando para a possibilidade de Deus estar matando pessoas direitas na cidade (Gênesis18:23). É claro que eu desconfio que Abraão ao falar das pessoas direitas, estava falando de Ló, seu sobrinho, mas de qualquer maneira ele se importou com estas pessoas, pensou haver uma possibilidade delas existirem e clamou por elas, onde no fim, Deus ouviu a sua oração e salvou a Ló (Gênesis19:29).

Já no Novo Testamento temos o Cristo que morreu para nos salvar, um descendente do mesmo povo que Deus formou, cumprindo assim a profecia. Vale lembrar que Cristo teve como prioridade os excluídos, sem esquecer que naquele contexto, os excluídos não eram só os pobres, mas também os cobradores de impostos, além da prostitutas e os doentes, a lista é grande, abordarei apenas os principais.

As viúvas no período Greco-romano eram obrigadas a casar em dois anos, sendo que a sua herança era toda administrada pelo novo marido. Entre os judeus, a mulher também era diminuída, não recebia educação formal, não tinha voz e era quase que uma propriedade do pai e depois do marido.

A parte boa foi que o cristianismo acolheu estas mulheres, deu voz, cuidou e valorizou. Nas cartas Paulinas vemos muitas sendo parceiras de Paulo no ministério, evidenciando e importância que o cristianismo deu a elas.

As crianças, para um judeu, ocupavam a parte inferior da hierarquia social. Elas eram dependentes e até completarem a idade de observar a lei (12 anos), elas não eram valorizadas. Mas Jesus valorizou-as e deu-as uma posição social de suma importância e até mandou que fossemos iguais a elas (Mateus 18:3).

Os cobradores de impostos eram em sua maioria judeus que trabalhavam para Roma. Eles eram vistos como traidores, além de serem em sua maioria desonestos, cobrando valores mais altos, para assim ficarem com uma parte da arrecadação. Jesus acolheu-os e mudou suas vidas por completo. Pois o evangelho veio para restaurar e não para dividir.

Os leprosos viviam em locais separados das pessoas, eles eram os párias da sociedade e tinham que gritar “impuro” toda a vez que viam uma pessoa sã. Um leproso era visto como um amaldiçoado por um judeu e tinha que viver excluído, por isso que quando Cristo curava um leproso ele não só restituía a sua própria saúde, mas dava uma oportunidade de retorno a sociedade, aos familiares e aos amigos.

O preconceito é o grande problema do ser humano, isso aconteceu com os judeus da época de Jesus. Eles se esqueceram do propósito de Deus e viraram assim um povo que se julgava especial, escolhido e superior. E isso ficou evidente em toda a história do povo de Israel e até na época de Jesus, onde os rabinos não tinham amor pelo próximo, pelo doente e pelo excluído e não se importavam em levar à palavra as pessoas.

Contudo hoje não é muito diferente, a igreja não demora em excluir e dividir. A igreja quer impor e não pregar, forçar e não influenciar. É aquela velha questão, você impõe seu ponto de vista ou influencia? Impondo, você nunca vai chegar a lugar algum e corre o risco de abrir um pressuposto para o outro também impor. Já influenciando não, pois não é usado a força e sim, o exemplo, reflexão e o diálogo.

Se olharmos também para dentro da igreja infelizmente veremos esta mesma realidade. Em algumas igrejas a música, liturgia e todo o resto devem ser feito de uma forma que agrade principalmente os mais velhos, aos líderes da igreja ou aos abastados e não a Deus.

A convivência é um desafio, entender o próximo, sua cultura e maneira de ver as coisas, mais ainda. O problema é que não tem outra forma de nos entendermos, é só com muita humildade, paciência e diálogo que tudo será possível, coisa que ao meu ver os cristãos estão longe de fazer.

A missão começa na Bíblia, o ide também vem de lá e é em nome deste ide que a Missão Urbana existe. Ela serve para nos dar este norte que precisamos além de abrir os nossos olhos para a realidade a nossa volta.

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