“E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua…” (Referência: Lucas 15:11-32).
No texto passado falamos de um filho que teve a audácia de pedir para o seu pai, que estava vivo, a sua parte da herança, tentei deixar claro o quão foi ofensivo sua atitude. Não podemos esquecer que muitos estavam ouvindo Cristo contar a parábola e com certeza, nesta altura da narrativa, aqueles ouvintes já estavam indignados. Muitas outras coisas que o filho fez eram ofensivas para os ouvintes de Jesus, optei por me concentrar nos fatos mais importantes, por não termos espaço suficiente no texto.
O texto Bíblico diz que aquele filho foi embora da casa do seu pai (Lucas 15:12). Veja bem, uma família, para um judeu, é algo muito importante, sendo que a sua terra não deveria sair da linhagem familiar, pois para eles era um bem valioso. Inclusive, existia uma lei chamada Jubileu, que está em Levítico 25:23-24, que previa, no ano do jubileu, que a terra que tivesse sido vendida, fosse devolvida. A lógica desta lei era que o legado da família deveria continuar sempre na família. Este também era um dos motivos que o filho mais velho recebia o dobro da porção da herança quando o pai morria, e o mais novo apenas um terço.
Por existir uma lei chamada: Lei de progenitura, que garantia o direito ao mais velho de receber uma porção dobrada, enquanto o mais novo ficava com um terço de tudo. O filho mais velho recebia mais e poderia manter uma base financeira que continuaria deixando a família forte, além de virar o chefe da família, sendo ele um apoio e uma base de estabilidade para todos os irmãos. A Bíblia relata poucas exceções onde o mais novo ganhava este direito, no geral o filho mais velho era quem recebia (MACARTHUR, 2009, p. 62-63).
Mas aquele filho mais novo não ligava para isso tudo, queria mais era sair, ir embora e cuidar de sua vida em um lugar distante, longe de sua cultura e de sua família. Vale lembrar que eu estou relatando os costumes do povo daquela época, não estou afirmando que você não deve se planejar e ir estudar ou morar em outro país, nem estou afirmando que isso é certo ou errado. A intenção do texto é você entender a parábola e perceber como a narrativa tinha muitos fatores que eram ofensivos para o povo daquela época.
Imagine que você fosse um garoto do interior, que estivesse chegando em uma cidade com o bolso cheio de dinheiro ou fosse um turista que tivesse ido passar um tempo em uma cidade desconhecida. Nós sabemos como na cidade existem muitos espertalhões, gente interesseira e sabemos também que aquele filho queria seguir a sua vida vivendo da forma que bem quisesse. O cenário da continuação da narrativa é basicamente esse e por conta destes fatos o filho não se deu muito bem.
Quando temos dinheiro arranjamos muitos amigos, somos cercados de gente e dos mais diversos interesseiros. Adicione a esse fato uma pessoa que tem seguido apenas os seus impulsos e não tem tido em momento algum pensamentos racionais e reflexivos. A soma destes dois fatores é na maioria das vezes fatal, como foi para o filho pródigo.
A Bíblia diz que ele acabou vivendo dissolutamente, desperdiçando tudo o que ele tinha (Lucas 15:12). São poucos os adolescentes ou jovens que pensam no futuro, geralmente quando pensam é porque já passaram por poucas e boas ou porque ouvem a instrução dos seus familiares. Este rapaz, munido com o dinheiro do papai, optou por torrar a grana, sem pensar como viveria quando esta acabasse, sendo que, após isso o texto diz que uma fome tremenda veio à cidade (Lucas15:14).
Sem dinheiro, sem comida e com certeza sem amigos, o seu fim foi cuidar de porcos, que para um judeu, era coisa imunda, praticamente uma ofensa se “um amigo” lhe desse um emprego destes (Lucas15: 15). Resumindo, por conta de sua irresponsabilidade, aquele rapaz acabou trabalhando em coisas que a sua própria cultura reprovava. Sendo este trabalho, a meu ver, uma continuação lógica do que ele já fazia que era viver uma vida de promiscuidade, exageros e desperdícios.
O filho estava no fundo do poço quando se lembrou do seu pai e recordou como todos os trabalhadores tinham o que comer, ele também deveria ter lembrado-se de sua própria vida, de como vivia e de como o seu pai cuidava dele. Neste momento ele se arrependeu, confessou que tinha pecado contra seu pai e contra Deus e resolveu voltar (Lucas 15: 17,18).
Muitos, talvez por não refletirem, aprendem só sentindo na pele, quem vive na emoção, só aprende com a emoção, apanhando, sentindo no corpo a dor que é viver sem os cuidados do pai.
O filho pródigo é também um pouco de nós, assim como Adão e o povo judeu em todo o Velho Testamento, pois eles tinham tudo, mas optaram por virar as costas para o Pai e viver como bem entendiam.
Nós quando vivemos longe de Deus, certamente caminhamos para o caos, o homem sem Deus caminha para a destruição, não tenha dúvidas. A saída para o filho pródigo era voltar e é esta a saída para todos nós também, o homem sem Deus não é nada, é como o filho pródigo que tomado por uma cegueira, seguiu para a destruição. Mas a história não acaba aqui, no próximo texto, vamos ver o reencontro de um filho desobediente com um pai paciente e amoroso.
BIBLIOGRAFIA
MACARTHUR, John. A parábola do filho pródigo: Uma análise completa da história mais importante que Jesus contou. Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson, 2016.

Muito forte essa mensagem 🙏🏻
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