“Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai…” (Referência: Lucas 15:11-32).
Nunca é fácil voltar, ainda mais quando você sai de casa com muitos planos e estes acabam dando errado. Ninguém gosta de entrar em uma empreitada e se ferrar, mas este filho tinha uma vantagem, ele tinha um lugar para voltar, pois a realidade é que nem todos têm.
Por mais que possamos nos indignar com as atitudes deste filho, que como vimos nos textos anteriores foi tão insolente e mal educado com seu pai, eu fico feliz com uma coisa neste texto, este filho se arrependeu. Viu o quão errado estava e decidiu voltar. Ele estava tão destituído de sua arrogância, que estava disposto voltar para casa como um trabalhador e não mais como um filho, tamanho arrependimento que estava sentindo (Lucas15: 19).
A parte profunda da passagem é o versículo 20, que diz que quando ele estava longe, o Pai havia o avistado. Não tem amor maior do que o deste pai. Eu fico pensando o quão preocupado aquele pai estava, o quanto devia ter se desgastado pensando em seu filho, tentando saber se ele estava bem ou não. Quantas noites de sono este pai deve ter perdido em nome de um filho desobediente, por isso este não demorou em recebê-lo.
A esta altura, quem ouvia Jesus contar esta parábola já estava impressionado. Não só porque o filho mais novo havia feito aquele pedido ofensivo, nem porque aquele filho queria ir embora para uma terra distante e virar as costas para a sua família, mas porque aquele pai também tinha cometido um erro grande de ser muito bondoso para com ele, repartindo a herança e fazendo a vontade daquele filho insolente. Sendo que depois, aquele pai recebeu o filho mais novo com honras. Matou um novilho gordo, que geralmente era guardado para ocasiões especiais e o recebeu como um filho, colocando um calçado e dando um anel, que era sinal de status, coisa que um pai naquela época nunca faria se um filho tivesse feito o que o pródigo fez.
O versículo 20 diz que aquele pai correu em direção ao filho, sendo que naquela época, nobres não corriam, só garotinhos que corriam, mas aquele pai correu, pois seu amor era muito grande. Outra coisa, para um bom judeu ou para os fariseus, a atitude esperada daquele pai era um castigo muito severo para aquele filho, mas aquele pai não fez isso. Este pai tinha atitudes muito diferentes, ele não seguia os padrões do mundo e nem as leis conhecidas, ele amava demais para condenar aquele filho:
“As ações do pai demonstravam que ele era realmente amoroso, não um tirano, e estava disposto a passar pelas humilhações públicas em vez de desonrar seu filho (MACARTHUR, 2009, p. 70)”.
E é aqui que não consigo deixar de fazer um link com Deus, que deu o seu próprio filho por amor a nós. E Jesus, que foi um exemplo de filho, se doando, morrendo e cuidando de nós seres humanos insolentes e pecadores.
Deus é este pai que se doa, ama e quer ver seus filhos bem, Deus é o nosso pai, que decidiu dar o seu filho para morrer em nosso lugar, basta nos arrependermos e olharmos para ele.
A parábola do filho pródigo traça paralelos importantíssimos, mostra um filho desobediente, como nós, que não demora em preferir ficar longe de Deus para viver a sua vida da forma que bem quiser. E mostra também que longe de Deus, não somos nada e é quando entendemos esta verdade, percebendo quão podres somos longe de Deus, para assim, voltamos aos seus cuidados.
O filho se arrependeu e voltou, descobriu a duras penas como é ruim viver longe do pai e o Pai, recebeu aquele filho, festejou e se alegrou por um filho que estava perdido e tinha sido achado. Contudo, a história não termina aqui, ela acaba nos mostrando que nem todos estavam felizes com a volta do pródigo, e é isso que veremos no próximo texto.
BIBLIOGRAFIA
MACARTHUR, John. A parábola do filho pródigo: Uma análise completa da história mais importante que Jesus contou. Rio de Janeiro: Editora Thomas Nelson, 2016.
