A DIFÍCIL ARTE DE OLHAR O PRÓXIMO

Aprendi a olhar os outros, como quem olha para si, para os seus defeitos, dificuldades e qualidades. Eu não sou perfeito, ao contrário, o que mais me sobra são os defeitos e é bem por este motivo que eu tento ver os outros como vejo a mim. Um misto de maldade e bondade, qualidades e falhas.

É interessante quando algumas vezes olharmos para trás e vemos quem éramos e o que somos hoje.  Quando eu me lembro de algumas das minhas histórias, erros e equívocos e como eu lidava com estes acontecimentos, eu rio muito, isso quando não me envergonho. Por isso, acho difícil não olhar para os outros e ver um pouquinho de mim, principalmente em casos de inconsequências e teimosias, eu fui assim, é impossível não me sentir empático.

As vezes acredito que o cara chato, insistente e tagarela pode ser apenas um carente, ou uma pobre alma tentando ser entendida em meio as suas dificuldades, tal qual eu fui.

E o workaholic, talvez seja apenas um cara vazio, que busca em seu trabalho a fuga de uma vida sem sentido. Ou pior, que acredita que o sentido da sua vida é trabalhar. Quem sabe, aquele cara teimoso, que não dá espaço algum de diálogo seja apenas alguém que apanhou muito e não soube lidar com as dificuldades.

Entender o próximo e suas maneiras é dar uma chance para si por tabela, tendo em mente que nem sempre somos os descolados que imaginamos ser, nem os mais motivados e estabilizados, e nem sempre perceberemos se estamos trilhando o caminho certo.

O tempo passa não se esqueça disso, hoje você pode ser jovem, mas amanhã não mais será. Hoje você pode estar bem, mas amanhã pode estar lidando com algo inesperado. É a lei da vida, sendo que as vezes depois da meia noite, quase sempre a carruagem vira abóbora e o nosso encanto se vai. O tempo é assim, um conto de fadas mal contado, sendo que é ante o cansaço da vida que vem a solidão e a percepção de que o tempo segue e quase tudo muda.

A arte de olhar o próximo é complicada, pois não existe receita, é na tentativa e erro, mais erro do que boas tentativas, sendo que no afã de acertar muitas vezes erramos. Olhar o próximo como único é quase impossível, pois vemos os
outros a partir de nós e nossas experiências, e aí é que está o problema.

Ninguém sabe o quanto o sapato aperta, só calçando para ter certeza. Tem dias que o outro vai devagar por conta do caminho, que para nós é um tanto quanto fácil e tem momentos que somos criticados por algo tão comum no ponto de vista da pessoa, que somos ridicularizados por sermos fracos. O problema dos outros é sempre fácil de resolver, o problema nosso que é o desafio.

Por isso digo que ao olhar o próximo, tente entender a partir dele, de suas quedas e dificuldades, trate a dor dos outros como você queria que a sua fosse tratada, afinal, cada um luta a sua luta, e por isso, cada um sabe o quando a estrada é difícil.

Não menospreze ninguém na caminhada, cada um tem seu ritmo, tem suas pedras e a sua estrada.

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