CONTRACULTURA CRISTÃ

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos 12:2)

Gosto muito de ler sobre Cristo nos evangelhos, não só por conta de suas atitudes, nem só pelos seus ensinos, mas também pelo seu posicionamento que ia totalmente na contramão da sociedade da época. Com isso, quando eu vejo cristãos delimitando o pensamento de Jesus, eu não entendo, por saber que o seu relato é claro, seu posicionamento apartidário foi explícito na Bíblia, basta ler sem muito cuidado, para perceber. Com isso, colocar Jesus como um comunista, socialista ou um homem que acreditava em méritos, é meio que atestar que você não leu sobre ele, por isso, não se anime muito em usar Cristo para validar seus pensamentos, pois ele não valida.

No âmbito religioso, Cristo foi claro, seu discurso foi veemente, ele não deixou qualquer espaço para dúvidas ao combater o legalismo da época. Jesus bateu de frente com a falsidade e a religiosidade hipócrita e meritória e mostrou como o homem por si só muitas vezes se engana e mergulha em uma religiosidade de aparência.

Não se esqueça de que o exemplo bíblico serve também para nós, quando nos consideramos santos, tão santos que não nos misturamos com algumas pessoas e acabamos por circular apenas em nossos guetos, ficando alheios ao ide, e viramos as coisas para a missão de proclamar o evangelho. É fácil cair no legalismo, é fácil achar que se está por cima, sem ver o quão perdido estamos.

A parte mais interessante, que a Bíblia inclusive deixa explícita, escancarada para todos verem é: “como Jesus se dedicava em cuidar dos excluídos do seu tempo”. Todos os que a religião virava as costas, Jesus dava a mão, sejam as prostitutas, os doentes, os mendigos ou pobres, Cristo acolhia a todos com uma humildade que só ele tinha, mesmo sendo Deus e tendo “motivos” para ser arrogante. Vale lembrar que não foram só os pobres que ele acudiu, os cobradores de impostos, que eram ricos, e até alguns religiosos, ele também recebeu, conversou e não deixou de dar atenção. No fim, quem não seguiu Jesus, assim o fez por ter feito uma escolha, não foi por falta de oportunidade.

Outra parte interessante era que por mais que ele curava, ele não obrigava ninguém a segui-lo, sua vida não era pautada pela barganha. Ela fazia, dava atenção e ajudava, o resto era com a pessoa. O Jovem rico não quis segui-lo, para ele o dinheiro era mais importante, mas Cristo não deixou de lhe dar atenção. Os dez leprosos foram curados, mesmo que apenas um tivesse voltado e se arrependido dos seus pecados. A vida cristã não deve ser regida como moeda de troca, mas com a graça de Deus tendo o ponto de partida uma única verdade: “só ele é o caminho”.

Mas Cristo não foi só subversivo com a igreja, com a política ele também foi, afinal a sua atitude revelou que a sociedade precisava de um novo reino, um reino que não era deste mundo, um reino mais perfeito e justo. Jesus sabia que do homem só poderia vir coisas falhas, limitadas e egoístas, é por isso que ele não demorou em apontar um caminho, em estabelecer um novo modo de proceder, em apontar para atitudes que não são moldadas segundo o padrão deste mundo. Paulo falou para não nos amoldarmos ao padrão do mundo, com certeza ele é um ótimo exemplo, mas Jesus personificou de forma muito mais clara e correta este ensino, afinal ele é o padrão.

No fim, o modo como vivemos, como enxergamos tudo, nos define, sendo que alguns preferem se definir como capitalistas, comunistas, socialistas ou sei lá mais qual padrão, enquanto outros seguem o evangelho de forma muito mais prática e consonante com o ensino de Jesus.

Eu não gosto de colocar Cristo em uma categoria, pois ele viveu acima de tudo, mostrou que o evangelho é muito mais do que formulas predeterminadas. Ser cristão é muito mais do que uma frase, é uma forma de viver que deve estar introjetado em nossa vida.  Brennan Manning pontua que:

“A espiritualidade não é um compartimento ou uma esfera da vida. Antes, é um modo de viver – o processo da vida a partir da perspectiva da fé” (MANNING, 2007, p. 54)

Cuidado com o padrão deste mundo abra o olho para as sutilezas que invadem o seu coração pouco a pouco e entenda que é preciso “ser” para fugir dos pontos de vistas humanos. Pois no fim, pode ser que você ache que está seguindo a Cristo, mas está seguindo apenas a si e seus pontos de vista.

Olhe para a cruz e entenda que o padrão que temos que seguir é outro, o molde é segundo a Bíblia e não segundo o que temos como ponto de vista. Não pince versículos bíblicos, aprenda a estudar e crescer com os ensinamentos que partem da palavra e não apenas do que você acredita.

BIBLIOGRAFIA

MANNING, Brennan, O impostor que vive em mim, Editora Mundo Cristão, São Paulo, 2007

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