Quando eu era mais novo eu tinha um amigo muito divertido, ele era o alto astral em pessoa. Não conseguia ver ninguém triste sem chegar ao seu lado e levantar os ânimos. Quando saíamos, se o amigo ao lado não tivesse dinheiro ele dava um jeito. E se a pessoa precisasse de ajuda, seja ela qual fosse, ele sempre estava bem disposto a colaborar. Na vizinhança ele era conhecido por seu bom humor, era a sua marca pessoal, até que ele conheceu a Jesus. Dizia a nós que a sua vida havia mudado e que agora ele tinha conhecido a verdadeira alegria, estranhamos na hora, mas respeitamos.
O problema era que aquele amigo aos poucos se distanciou, já não tinha mais tempo para os amigos e pasmem, nem para a família. Ele falava que ir a igreja tomava o seu tempo e a prioridade dele era ir à casa do seu Deus. O mais estranho era que aquele homem que outrora era bem humorado e que não se afastava dos seus, não priorizava mais aquelas pessoas e muito menos tinha mais aquele seu jeito bem humorado e brincalhão, que outrora era parte de sua maneira de ser. Aos poucos o grande e feliz amigo passou a parecer outro, vivia com o semblante sério, e buscava estar longe do “mundo”, sem conviver mais com os amigos pecadores, pois não eram boas companhias, era o que ele dizia.
Passou-se muito tempo até que este amigo conhecesse a Bíblia, e aprendesse a ler e estudá-la de modo sério e coerente, este rapaz descobriu que muitos dogmas da igreja não tinham base Bíblica, e que o futebol de fim de semana que ele tanto gostava não era pecado. Ele leu na Bíblia sobre Jesus e como aquele homem convivia com excluídos, prostitutas e gente desonesta, percebendo assim que um bom cristão é luz e sal para estas pessoas. Este homem aprendeu também que aquela linguagem falada na igreja era totalmente desconhecida e que falar a linguagem das pessoas comuns era imprescindível para uma boa evangelização. Ele aprendeu também que o exemplo pessoal fala muito mais do que ficar tagarelando sobre Deus o tempo todo, e orar, ajudar, caminhar junto com as pessoas é uma evangelização muito mais eficaz.
O problema era que ele já tinha se transformado em outro, a religião fez com que os seus amigos se distanciassem dele e vissem ele como um cara chato e pedante, alguém que ninguém queria conviver.
Esta
narrativa não é de uma pessoa apenas, já vi esta história se repetir inúmeras
vezes. Foram muitos os que eu conheci que depois de conhecer a Jesus, se
distanciaram das pessoas.
Não é preciso se separar das pessoas para se viver o evangelho. Ser cristão não é estar em um gueto fechado, ao contrário, é seguir o ide, é estar entre a multidão, é dar o exemplo. E exemplo só é possível dar em meio às pessoas.
