“Por mais paradoxal que pareça, achamos que a vida tem sentido só depois de ver que ela não tem propósito, e conhecemos o “mistério do universo” só depois de nos convencermos que não sabemos absolutamente nada sobre ele” (WATTS, 2017, p. 40).
Existe um perigo muito maior que ficar preso em um ciclo de alienação, por pura falta de conhecimento, e é acreditar que sabemos e ficarmos mergulhados em conceitos equivocados. O caminho da coerência é sempre mais difícil, ele não é tão iluminado e quase sempre é de difícil acesso.
O homem é mestre em se enganar, e este é uma das suas grandes sinas, achar que sabe quem é, quando definitivamente, em uma altura da vida, ele vai descobrir que não sabe, isso quando descobre.
Por conta de pontos de vistas, crenças e valores pessoais, muitos discutem, humilham e ofendem os outros, crendo ser a voz da verdade, o arauto da sabedoria e do conhecimento, o inerrante e mais divino homem que já pisou na terra.
É preciso entender que no final, todos nós somos ignorantes em um ou outro assunto. E caso, nobre leitor, você possua o sentimento de que sabes de tudo, sinto muito em informar-lhe, mas provavelmente você tem esta sensação por não saber de nada. Quem sabe alguma coisa amigo, entende ou tem alguma ideia de sua ignorância, por saber que o conhecimento é inesgotável. Já quem acha que sabe, está apenas na superfície, caminhando no raso, mas se imaginando no fundo, de posse de todo o conhecimento e de toda a verdade.
É preciso entender nossa ignorância, é importante duvidar e muitas vezes rever nossos pontos de vista para que assim possamos crescer. Só aprende quem quer, quem se abre e entende que é possível estarmos errados.
É totalmente normal e até constante não vermos o todo, ou enxergarmos apenas as coisas que queremos ver. O próprio fato de termos uma área de estudo, trabalho ou gostos pessoais, nos faz ignorantes de inúmeras coisas que não nos interessa, mas que pode ser também muito importante saber.
A grande sabedoria é confessar a nossa ignorância e entender que podemos estar errados, é preciso pelo menos colocar isso como possibilidade. E precisamos entender que menosprezar os outros, por acreditarmos saber mais, é pura arrogância, é um puro e profundo sentimento de superioridade, uma superioridade maldita e totalmente falsa, que nos destrói.
É libertador largar o controle e confessar que não sabemos de tudo, é possível ter uma sensação de total alívio quando você se coloca como aprendiz e professor. Entendendo que podemos ensinar sim, afinal, temos os nossos conhecimentos, mas também é possível aprender, sempre e a qualquer hora e com qualquer pessoa.
Quando admitimos as complexidades da vida ou entendemos que existem inúmeras coisas complexas para se saber, e principalmente, que nem tudo conseguimos saber, seguimos mais humildes, entendendo nosso lugar na terra e percebendo que o grande saber é entender que não sabemos. É a partir deste ponto que passamos a aprender.
BIBLIOGRAFIA
WATTS, Alan, A sabedoria da insegurança: como sobreviver na era da ansiedade, Editora Alaúde, São Paulo, 2017.
