CONDENANDO O DIFERENTE

“Um dos aspectos da barbárie europeia foi chamar de bárbaro o outro o diferente, em vez de celebrar essa diferença e de ver nela uma ocasião de enriquecimento do conhecimento e da relação entre humanos” (MORIN, 2005, p. 51).

No contexto cristão no qual eu cresci, era comum vermos o diferente ser demonizado. O pior era que em muitos casos, se o pastor fosse um pouco mais sábio e procurasse ouvir e entender o mínimo que fosse, a sua dúvida já seria sanada, e ele veria o seu erro de julgamento, coisa que raramente acontecia.

Nesta época eu vi a música ser condenada, pelo menos alguns estilos musicais, enquanto outros, que curiosamente estava dentro do gosto pessoal do pastor, seguia sento santo, e com o aval do líder. Isso sem contar com as críticas quanto as roupas, estilos de cabelos e tantas outras coisas que o pastor não gostava, ou não entendia, e acabava condenando.

Na Europa, durante a inquisição, o diferente, as coisas que o “santo clero” não entendia, eram condenadas, o preço era a própria vida. Tais atitudes não só revelavam a barbárie, mas também a falta de inteligência e reflexão das pessoas que acabavam condenando qualquer coisa que não entendiam, revelando que o nosso mundo nunca muda.

As vezes o diferente é apenas diferente, é algo que não entendemos. Não dá para condenar práticas e culturas no qual não temos qualquer tipo de informação.

A missão de sermos cristãos relevantes, envolve não sermos precipitado e seguirmos sendo inteligentes o bastante para dialogar, pesquisar e procurar entender antes de falar.

O precipitado não reflete, ele fala sem saber e segue já condenando, ser dar espaço para a conversa ou a pesquisa, ou pior, segue tendo como base informações equivocadas e sem sentido, bem distante da verdade.

No livro que eu tirei a citação, foi triste constatar como algumas pessoas sofreram por serem diferentes. Alguns dos povos narrados pelo autor, como os judeus, por exemplo, eram vistos com conceitos totalmente errados, pontos de vista construídos através de escritores, personagens caricatos ou notícias equivocadas. Sendo que eles, e muitos outros, sofreram muito por conta disso. O curioso é que o diferente é sempre o outro, nunca é a pessoa que olha.

É preciso ver além do nosso ponto, é preciso olhar, por traz do que achamos, encontrando as verdadeiras explicações, deixando nossas opções ou pontos de vista de lado.

Não podemos condenar o diferente, precisamos separar o que é errado, do que não é compreendido, as vezes determinadas coisas são só desconhecidas, apenas isso…

BIBLIOGRAFIA

MORIN, Edgar, Cultura e barbárie europeias, Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, 2005.

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