Há muito tempo um colega me procurou para falar sobre bateria. Mais especificamente, ele queria fazer uma crítica aos músicos de rock, coisa que eu não via problema algum, por mais que eu goste do estilo, respeito qualquer tipo de crítica, desde que seja fundamentada. O problema com a crítica desta pessoa é que ele acreditava que os músicos de rock não sabiam tocar bateria. É claro que eu discordei, sou músico e conheço inúmeros bateristas ótimos, sendo que, eu aproveitei para pontuar que algumas vertentes do metal eram muito difíceis de tocar. O cidadão não concordou e a parte bizarra era que ele nunca havia tocado bateria ou qualquer outro instrumento e eu sou músico há muitos anos, por isso, segui sem entender a sua crítica.
Mentir não é bonito, enganar pessoas em nome de desejos, trapaças ou mesmo para se colocar como melhor do que o outro, não é só desonesto, mas também é a melhor forma de viver uma vida hipócrita e calcada em experiências e vivências que nunca existiram.
O mentiroso é um eterno sofista, a questão é que na maioria das vezes este tipo de pessoa não percebe que a pessoa que ele mais engana, é ele mesmo.
Os sofistas eram aqueles que ganhavam a vida com seus ótimos discursos, convencendo outros e ensinando a arte da persuasão. A verdade, para estes, era relativa, fruto de um convencimento e estabelece a verdade somente quem convence, era assim que eles pensavam.
O ser humano é mestre em mentir para si, em afirmar que entende, sem entender, sem nunca ter vivenciado a situação. Tal qual o fato que eu narrei no começo do texto. Nesta situação, quem perdeu foi ele, quem estava se enganando era ele. Em nome do orgulho, a pessoa optou por não ouvir um músico, e ainda teimar, tendo como ponto de partida, nenhuma base, informação ou verdade. A verdade é fruto da investigação, da pesquisa e do estudo. Ela é a prova daquilo que é, e não de teorias infundadas e sem estruturas.
Existe um grande problema em não ouvir, em achar que sabemos, e teimar, mesmo sem conhecer. E o problema é que esta pessoa nunca vai aprender. Só aprende quem está aberto para isso, quem confessa suas limitações e busca por mudança. Quem acredita que sabe, não aprende, segue a correnteza, sem nunca nadar para sair do lugar.
É preciso humildade para admitirmos nossas limitações e pontuarmos o quanto não sabemos. E respeito ao próximo, para pelo menos ouvir, tentando assim concluir se existe coesão na afirmação da pessoa ou não.
