QUIETOS E TAGARELAS

“Se presumirmos que pessoas quietas e falantes têm quase o mesmo número de boas (e más) ideias, então devemos nos preocupar se as pessoas mais falantes e fortes sempre liderarem” (CAIN, 2012, p. 51).

Cresci em uma escola onde os extrovertidos eram sempre vistos como alunos acima da média, e os introvertidos, como modelos de inaptidão. Eu já fui visto como um aluno limitado pelas professoras, mesmo tendo aprendido a tocar bateria sozinho, com 11 anos de idade. Tudo por conta da minha introversão e na época, grande timidez.

Nunca me senti confortável em uma sala cheia, e isso acabava refletindo em minhas notas, unindo isso com o fato que as professoras pegavam no meu pé por conta do meu silêncio, por isso, o resultado foi um aluno frustrado. Só me desenvolvi depois que aprendi a lidar com esta questão. Muitos acreditam que falar bem e ser desenvoltos é sinal de inteligência, mas nem sempre é.

Falar bem ou ser mais quieto, não define a inteligência de uma pessoa, e sim, define apenas algumas qualidades que alguém tem. O extrovertido, por exemplo, domina a arte da comunicação. Este tipo de pessoa naturalmente fala bem, e consegue interagir de forma muito natural. Já o introvertido, tem a facilidade para se concentrar e estudar um assunto dentro de sua confortável solidão. Lembrando que um introvertido não é uma pessoa tímida, propriamente dita, e sim, alguém que prefere o silêncio, grupos com poucas pessoas, e uma interação mais íntima. Normalmente um introvertido se cansa fácil em um local com muita gente. Ao contrário do extrovertido, que já transita bem em um ambiente lotado, já que para ele, interagir é a ordem do dia, falar é o seu melhor passatempo.

É errado definir uma pessoa pelo seu poder de comunicação, é importante avaliar alguém pelo seu conteúdo, e não pelo modo como fala. Nem sempre quem fala bem, tem conteúdo, as vezes ele consegue apenas falar, contudo, de forma bem superficial, quando não é de forma equivocada.

Por anos a sociedade definiu uma pessoa inteligente, como comunicativa, a questão é que esta definição sempre foi injusta e um tanto quanto equivocada, como vimos. O fato de alguém falar bem, não define a inteligência, quem sabe, define apenas algum tipo de inteligência, uma entre tantas. A lista é grande, como por exemplo: a inteligência musical, a lógico-matemática, corporal a intrapessoal e por aí vai.

É evidente que tanto o extrovertido, quanto o introvertido, precisam aprender a equilibrar as suas partes desequilibradas. O extrovertido precisa estudar, buscar uma rotina onde ele possa mergulhar no conhecimento, para assim ter conteúdo. Já o introvertido, precisa aprender a se comunicar, estudar oratória, buscar ferramentas e técnicas que ajudem a alinhar o seu lado falho, mas, sem dúvida, os dois possuem ótimos dons, apenas são de áreas diferentes.

BIBLIOGRAFIA

CAIN, Susan. O poder dos quietos: Como os tímidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar. Rio de Janeiro: Editora Agir, 2012.

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